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por Jane Martins Vilela

 

Tempestades


“Acalmai-vos! Acautelai-vos!”  “Quem é esse, que até os ventos e o mar obedecem?” – Mateus, 8:23-27                                               


Simbólica a tempestade que assolou a embarcação dos apóstolos, naquela noite em que Jesus placidamente dormia. Estavam aflitos. Temiam perecer. Jesus, no entanto, estava com eles; não se encontravam sozinhos no meio das intempéries.

Bem nos alertou Jesus de que deveríamos assentar nossa casa sobre a rocha, não sobre a areia, que sem base sólida poderia deixar a casa ruir. Base sólida. Fé intensa.

Somos chamados à esperança e à fé.

Estamos sabendo, por notícias de amigos espíritas que viajam pelo Brasil afora, procurando os grandes médiuns da atualidade, que os caravaneiros, em sua maioria, referem-se a ataques intensos que estão sofrendo os trabalhadores do bem. Ataques em toda a parte, com energias desequilibradas enviadas pelos nossos irmãos das trevas, interessados em criar desânimo no meio dos aprendizes do Evangelho e nos trabalhadores do Senhor.

Muitos se veem com dificuldades enormes para vencer o mal que os assola. Pobres e infelizes irmãos, aqueles que ainda estagiam nas trevas da ignorância, negando a energia divina do Amor, que é a essência de Deus que existe em si, e digladiando com Jesus, o Senhor da Terra!

Quem somos nós, no entanto, para condenar? Através de inumeráveis reencarnações, plasmou-se o conhecimento em nós, a presença do amor que nos busca, que nos chama, nesta bandeira de luz de Kardec: “Fora da Caridade não Há Salvação!”!

Grande é a responsabilidade do espírita. Viver conforme as orientações do Cristo, nesta hora de animosidades em diversos lugares, requer grande força moral.

Jesus é a luz planetária e tem chamado a humanidade para o seu bendito amor. Felizes são as ovelhas que escutam sua voz e o seguem, independentemente do credo religioso que abraçam.

A hora é de tempestades, sim, mas o que serão as tempestades exteriores se o interior estiver seguro e em paz?

Não é em vão que a espiritualidade superior conclama o espírita para o amor, primeiro ensinamento, e para a instrução, segundo ensinamento. Conhecimento é libertador e amor é sustentação nas horas de dor.

São muitos os pedidos de socorro e de preces, solicitados pelos trabalhadores do bem. Alguém querido na família em perigo, sob ataque intenso, já que o verdadeiro trabalhador do bem não se deixa vencer. Atacam os seus. E os trabalhadores sinceros esperam confiantes de que tudo passe. Tudo há de passar. O mal não perdura, embora faça grande estrago enquanto está agindo, quase derrubando com os ventos a embarcação do caminho.

Jesus, no entanto, vela sereno. É o timoneiro da embarcação e aqueles que o seguem devem tentar manter a fé viva.

Isso passa, o mal há de passar, foi o conselho de Maria a Chico Xavier em hora de grande sofrimento. Tudo passa, o mal passa, repetimos para nós mesmos.

Do Livro da Esperança, psicografado por Chico Xavier, do espírito de Emmanuel, vemos a página intitulada “Na Hora da Tristeza”, que é o que anda acontecendo com muitos irmãos aflitos do caminho.

Seguem as palavras de Emmanuel:


“Entraste na hora do desalento como se te avizinhasses de um pesadelo.

Indefinível suplício moral te impele ao abatimento; mágoas antigas surgem à tona.

Sentes-te à feição do viajor, para cuja sede se esgotaram as derradeiras fontes do caminho.

Experimentas o coração no peito, qual pássaro fatigado a sacudir em vão as grades do cárcere.

Ainda assim, não permitas que a ansiedade te lance à tristeza inútil.

Se a incompreensão alheia te azedou o pensamento, recorda os companheiros enfermos ou mutilados, quando não conhecem a própria situação, qual seria de desejar e prossegue servindo, a esperar pelo tempo que lhes dará reajuste.

Se amigos te abandonaram em árduas tarefas, à caça de considerações que lhes incensem a personalidade, medita nas crianças afoitas, empenhadas a jogos e distrações, nos momentos do estudo, e prossegue servindo, a esperar pelo tempo, que a todos renovará na escola da experiência.

Se deixaste entes queridos ante as cinzas do túmulo, convence-te de que todos eles continuam redivivos, no plano espiritual, dependendo quase sempre da tua conformação, para que se refaçam, e prossegue servindo, a esperar pelo tempo, que te propiciará, mais além, o intraduzível consolo do reencontro.

Se o fardo das próprias aflições te parece excessivamente pesado, reflete nos irmãos desfalecentes da retaguarda, para quem uma simples frase reconfortante de tua boca é comparável a facho estelar, nas trevas em que jornadeiam, e prossegue servindo, a esperar pelo tempo, que, no instante oportuno, a cada problema descortinará solução.

Lembra-te de que podes ser, ainda hoje, o raciocínio para os que se dementaram na invigilância, o apoio dos que tropeçam na sombra, o socorro aos peregrinos da estrada que a penúria recolhe nas pedreiras do sofrimento, o amparo dos que choram em desespero e a voz que se levante para a defesa dos injustiçados e desvalidos.

Não te detenhas para relacionar dissabores...

Segue adiante, e se lágrimas te encharcam a ponto de sentires a noite dentro dos olhos, entrega as próprias mãos nas mãos de Jesus e prossegue servindo, na certeza de que a vida faz ressurgir o pão da terra lavrada e de que o sol de Deus amanhã, nos trará novo dia.”


Tenhamos confiança e fé, meus irmãos!

Tudo passa!

As dores hão de passar!

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita