Acidentados da alma
Nos quadros de aflição da Terra, comovemo-nos, a cada
passo, diante dos acidentados do corpo, a requisitarem
hospitalização imediata.
A fim de atendê-los, fundam-se instituições diversas,
através das quais corações nobremente formados se
dispõem a auxiliar. Entretanto, é forçoso reconhecer que
aos nossos núcleos de ação espiritual acorrem, dia a
dia, verdadeiras multidões de acidentados da alma no
trânsito da vida.
Amavam e foram preteridos, observando-se espancados nos
sentimentos mais íntimos. Dedicavam-se a empresas
nobilitantes que explodiram em falência e, de momento
para outro, se identificam sob os estilhaços da própria
obra em destruição.
Criaram empreendimentos de trabalho digno que foram
massacrados por desafetos gratuitos. Consagravam-se a
tesouros afetivos nos quais se viram repentinamente
lesados nos mais altos valores da confiança.
Entraram em realizações de brilhante fachada e
descobriram-se, no íntimo delas, qual se fossem
encarcerados em armadilhas de sofrimento. Estabeleceram
tarefas construtivas que lhes escaparam das mãos.
Cultivaram planos de felicidade que a morte de um ente
querido pulverizou em montes de cinzas sob chuvas de
pranto.
Perante os nossos irmãos acidentados do espírito,
compadece-te e auxilia sempre. Faze uma pausa na marcha
acelerada das próprias cogitações, e oferece a eles o
donativo da atenção.
Aspiravam a reerguer-se para a vida, e tentaram abrir
uma janela em si próprios para se comunicar com o dia
novo. Sonhavam paz e renovação.
Buscam ansiosamente mãos amigas que lhes descerrem a
estrada da tranquilidade e da reconstrução pela qual se
trocam com todas as forças da própria alma.
Ante os companheiros aflitos pelo retorno à própria
segurança, aprendamos a ouvi-los e a auxiliá-los. Para
isso, não é preciso manejares o martelo da crítica, nem
é necessário inflames o fogo da discussão.
Os nossos amigos acidentados da alma se reconhecem
desorientados na sombra da prova e, por isso mesmo, te
pedem unicamente para que lhes acendas no caminho leve
réstia de luz.
Do livro Caminhos de volta,
obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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