Não dá
pra comprar um
lugarzinho no céu
Algumas religiões
exploram vergonhosamente
a boa-fé e ingenuidade
de seus seguidores,
prometendo-lhes
maravilhas do lado de
lá. Seus líderes são tão
sagazes que que chegam a
garantir uma espécie de
tratamento VIP aos
crentes. Alguns chegam
ao desplante de vender a
ideia de que o
profitente se encontrará
com determinado
personagem bíblico ou
dormirá um sono profundo
até o dia da ressureição,
no final dos tempos,
como se Deus
patrocinasse a
ociosidade permanente
dos seus filhos. Em
outras circunstâncias, o
próprio indivíduo vai
construindo uma
percepção sobre a hora
do seu retorno à pátria
espiritual sem qualquer
lastro no bom senso e na
lógica. Ou seja, não
consegue atinar que a
desencarnação significa,
essencialmente, mudança
de domicílio.
Portanto, é certo que
vamos volver à vida
maior – como sempre o
fizemos em nossa
trajetória milenar –
obedecendo a mecanismos
transcendentes
perfeitos. Nesse
sentido, cumpre lembrar
que as leis divinas
abrangem a todos nós –
sem exceção. Desse modo,
importa saber em que
condições efetivas
retornaremos. E é nesse
particular que
deveríamos nos
concentrar e muito mais
refletir. O que nos
aguarda além-túmulo logo
após o nosso último
suspiro? Faz sentido
aguardar prêmios e
concessões às quais não
fazemos jus? Seria
sensato aspirarmos por
privilégios imerecidos?
A maneira como nos
conduzimos ao longo da
vida nos credencia a
obter tais coisas?
É preciso pensar com
constância em tais
assuntos, pois a vida é
curta, bem como repleta
de pontos positivos e
negativos
correspondentes às
nossas ações. Sendo essa
a realidade, também é
preciso admitir que não
raro erramos muito mais
do que acertamos em
nossas escolhas e
decisões. Desse modo, é
mais adequado
aguardamos, como bem
alertou Jesus, que a
nossa recompensa
espiritual seja baseada
na premissa de que “... a
cada um segundo as suas
obras”
(Mateus, 16:27).
Posto isto, o
delinquente, o
usurpador, o ditador, o
leviano, o omisso,
enfim, não devem
esperar, em hipótese
alguma, alegrias
imediatas. Na verdade,
muito terão de joeirar
para merecer isso.
A propósito,
recentemente reli – já
perdi as contas de
quantas vezes, reconheço
– a extraordinária obra Paulo
e Estêvão, do
Espírito Emmanuel e
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier. Paulo foi um
personagem notável na
história do cristianismo
pela sua dedicação e
comprometimento com uma
causa maior: a
divulgação do Evangelho.
Em suas famosas
epístolas encontramos
profundo conteúdo à
reflexão e mudanças
humanas na esfera
comportamental, tais
como: “Suportando-vos
uns aos outros, e
perdoando-vos uns aos
outros, se alguém tiver
queixa contra outro;
assim como Cristo vos
perdoou, assim fazei vós
também. E, sobre tudo
isto, revesti-vos de
amor, que é o vínculo da
perfeição” (Colossenses
3: 13-14).
Paulo toca em aspectos
vitais a uma existência
vitoriosa do ponto de
vista espiritual, mas
vai ainda mais além ao
considerar que “E
tudo quanto fizerdes,
fazei-o de todo o
coração, como ao Senhor,
e não aos homens,
Sabendo que recebereis
do Senhor o galardão da
herança, porque a
Cristo, o Senhor, servis”
(Colossenses 3: 23-24).
Pois bem, Paulo teve a
dignidade de romper com
o farisaísmo ao perceber
os enganos aos quais se
ligara em decorrência da
sua fé ainda radical e
intransigente.
A sua transformação às
portas de Damasco foi um
dos momentos mais
fascinantes da história
espiritual da
humanidade, sobretudo
pelo que ele veio a
representar a partir
dali. Posto isto,
entrega-se com absoluto
fervor na tarefa de
elucidar os povos sobre
as bem-aventuranças da
mensagem do Cristo. Em
resumo, teve a coragem
moral de reconhecer os
seus erros e
autoiluminar-se sob as
bênçãos de Jesus. Nesse
penoso processo, sofreu
apodos, açoites,
apedrejamentos,
humilhações e violências
sem conta, mas
compreendeu que podia
conquistar “um
lugarzinho no céu”, como
acontece a todo
trabalhador realmente
devotado. Vítima da
tirania do imperador
romano Nero, entregou a
sua alma a Jesus
recebendo uma justa
recompensa pelo seu
martírio muito bem
relatada na referida
obra.
O exemplo de Paulo
simboliza quanto
necessitamos nos
empenhar para merecer o
céu das alegrias e da
felicidade. No demais,
não nos iludamos quanto
ao duro esforço que nos
compete realizar.
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