Nada acontece
por acaso
Para a Doutrina
Espírita, nada
acontece por
acaso e um
fundamento
governa a
existência: todo
efeito tem causa
geradora, ou
seja, atrás de
um acontecimento
há uma causa ou
razão de ser.
Em O Livro
dos Espíritos,
na questão 8,
Allan Kardec
pergunta: “Que
se deve pensar
da opinião dos
que atribuem a
formação
primária a uma
combinação
fortuita da
matéria, ou, por
outra, ao acaso?
A resposta dos
Espíritos é: “Outro
absurdo! Que
homem de
bom-senso pode
considerar o
acaso um ser
inteligente? E,
demais, que é o
acaso? Nada.”
Kardec comenta: “A
harmonia
existente no
mecanismo do
Universo
patenteia
combinações e
desígnios
determinados e,
por isso mesmo,
revela um poder
inteligente.
Atribuir a
formação
primária ao
acaso é
insensatez, pois
que o acaso é
cego e não pode
produzir os
efeitos que a
inteligência
produz. Um acaso
inteligente já
não seria
acaso.”
Na questão 37,
Kardec
pergunta: “O
Universo foi
criado, ou
existe de toda a
eternidade, como
Deus?”
A resposta: “É
fora de dúvida
que ele não pode
ter-se feito a
si mesmo. Se
existisse, como
Deus, de toda a
eternidade, não
seria obra de
Deus.”
Kardec comenta: “Diz-nos
a razão não ser
possível que o
Universo se
tenha feito a si
mesmo e que, não
podendo também
ser obra do
acaso, há de ser
obra de Deus.”
Em Obras
póstumas, em
“Profissão de fé
espírita
raciocinada”,
Primeira parte,
em I – Deus,
Kardec comenta:
“1. Há um Deus,
inteligência
suprema, causa
primária de
todas as coisas.
A prova da
existência de
Deus temo-la
neste axioma:
não há efeito
sem causa. Vemos
constantemente
uma imensidade
de efeitos, cuja
causa não está
na Humanidade,
pois que a
Humanidade é
impotente para
produzi-los, ou,
sequer, para os
explicar. A
causa está acima
da Humanidade. É
a essa causa que
se chama Deus,
Jeová, Alá,
Brahma, Fo-Hi,
Grande Espírito
etc.
Tais efeitos
absolutamente
não se produzem
ao acaso,
fortuitamente e
em desordem.
Desde a
organização do
mais pequenino
inseto e da mais
insignificante
semente, até a
lei que rege os
mundos que
circulam no
espaço, tudo
atesta uma ideia
diretora, uma
combinação, uma
previdência, uma
solicitude que
ultrapassam
todas as
combinações
humanas. A causa
é, pois,
soberanamente
inteligente.”
Significa dizer
que qualquer
coisa na
Natureza não
surgiu
miraculosamente,
ou por acaso,
mas a partir de
um potencial
preexistente.
Para o
Espiritismo,
Deus,
inteligência
suprema, é causa
primária de
todas as coisas.
Na dinâmica das
revelações
espíritas, a
literatura
subsidiária
trata da eterna
criação do
Universo, que
conta com a
participação de
inteligências
divinas ligadas
ao Criador para
modelar os
diversos
sistemas da
imensidão.
Nessa
literatura,
identifica-se a
solidariedade
que há, tanto da
matéria como da
inteligência,
para a
propagação do
pensamento do
Criador Supremo,
sob a forma de
fluido
inteligente, que
irradia e atua
em todo o
Universo,
penetrando todas
as partes da
Criação. Isso
porque, todos os
seres do
infinito e a
natureza inteira
encontram-se
mergulhados no
fluido cósmico
universal
(fluido ou
plasma divino).
Por consequência,
tudo no Universo
está conectado,
compondo um todo
solidário.
Por essa rede
inteligente
universal, Deus
está em toda
parte. Todos os
elementos da
criação estão em
relação
constante com
Deus, tornando-o
onisciente de
tudo o que se
passa e supre a
cada um o que
lhe diz
respeito.
O Espírito André
Luiz traz luz ao
conhecimento de
que as
inteligências
divinas ligadas
ao Criador
Supremo, ao seu
comando e
influxo, em
perfeita
comunhão,
mergulhadas no
plasma divino,
cooperam com o
Criador na
construção dos
sistemas do
Universo,
convertendo-os
em habitações
cósmicas, em um
serviço de
cocriação no
plano maior,
tornando-os
também agentes
colaboradores da
Criação.
Essas
Inteligências
ligadas ao
Criador,
obedecendo às
leis de Deus,
podem formar ou
cocriar, mas
somente Deus é o
Criador de toda
a eternidade.
Em um plano
menor, cada um
de nós é
importante para
o todo, pois,
fazemos parte da
construção
universal e
estamos
mergulhados no
mesmo oceano
fluídico cósmico
universal.
Assimilando e
expressando o
pensamento do
Criador, cada
criatura é
detentora de uma
capacidade
intrínseca, a
cocriação em
plano menor,
inerente à
faculdade de
pensar e agir,
através da qual
absorve a força
emanante de
Deus,
moldando-a, à
sua vontade, e
influenciando,
dessa forma, a
própria criação.
Cocriar, em
plano menor, é o
poder que todos
temos, segundo a
lei universal, à
semelhança das
inteligências
maiores, para
cocriar,
moldando ou
plasmando mundos
e moradas, de
encarnados e
desencarnados,
que poderão ser
habitações de
luz,
transformando
todo mal de
nossa autoria no
bem que edifica
pelo eterno
princípio do
amor divino, ou
habitações de
sombra, geradas
por mentes
desequilibradas
ou criminosas
mergulhadas na
purgação
infernal.
Entretanto, o
homem não goza
de irrestrita
liberdade, pois
está submetido
aos limites
estipulados
pelas ordenações
da vida em
sociedade e
pelos valores
morais e éticos.
É possível
pensar na
existência de
algum
determinismo nos
acontecimentos
da vida,
sobretudo quando
se considera o
planejamento
reencarnatório.
Ou seja, a
partir do
momento em que
se estabelece um
plano para ser
executado em
nova existência
física, são
acionados
recursos,
condições e
pessoas,
encarnadas e
desencarnadas,
que tudo fazem
para pôr em
prática o
referido
planejamento.
Por conseguinte,
há algum
determinismo
direcionando a
vida do
reencarnado, mas
o planejamento
reencarnatório
não é rígido,
procurando
executar as
linhas mestras
da programação
preparada para
uma nova
experiência no
plano físico,
não se prendendo
a detalhes ou
aspectos
secundários.
Para a Doutrina
Espírita, o ser
humano, pelo uso
do
livre-arbítrio
em seu processo
evolutivo a
caminho da
perfeição, é
construtor do
seu destino e,
de acordo com
suas disposições
íntimas, pode
modificá-lo para
melhor ou
complicá-lo.
Tudo se reporta,
no final, ao
livre-arbítrio
ou à liberdade
de ação de cada
um, que sempre é
coerente com o
nível evolutivo,
moral e
intelectual do
indivíduo.
O Espírito
Miramez, no
livro Filosofia
espírita,
psicografia de
João Nunes Maia,
Volume I,
Capítulo 8 – O
Que é o Acaso,
comenta a
questão 8 de O
Livro dos
Espíritos:
“O orgulho nos
faz esconder
Deus, pela
fraqueza do
entendimento,
colocando-O como
acaso, palavra
que nada
expressa na
linguagem dos
homens. E quem O
desmerece
esconde os seus
próprios
valores, porque
dependemos da
sua iluminada
presença e da
sua magnânima
existência
espiritual. Se o
acaso não
existe, como
compará-lo a um
ser que existiu
sempre e que tem
mais existência
do que toda a
criação junta?
Absurdo dos
absurdos!
Nada se faz por
acaso. Para
tudo, existem
leis que nos
pedem
obediência. Para
que a harmonia
se faça, é justo
que observes o
mundo em que
vives. Não se
pode viver sem
que se tenha
leis para
obedecer, e ao
infrator vem
logo a
corrigenda. As
coisas
espirituais
obedecem às
mesmas regras e
o Comando Divino
é vigilante,
operando em
todos os
sentidos para
que estas leis
sejam cumpridas,
no sentido de
estabelecer a
paz e o
bem-estar em
todas as
direções da
vida.
A alma já
moralizada é
obediente; ela
estuda e
compreende o que
deve ser feito e
respeita todos
os direitos
alheios; por
isso é que vive
em paz com a
consciência.
Enquanto não
trabalharmos os
caminhos
traçados e
vividos por
Jesus,
permaneceremos
em guerra em nós
mesmos e
sofreremos as
consequências da
nossa
ignorância.
A própria
ciência dos
homens desmente
o acaso, porque
para tudo tem
uma explicação
lógica. A
gestação de um
filho no ventre
de sua mãe ou a
formação de um
fruto e de uma
flor era
debitada na
conta dos
mistérios,
atribuída ao
acaso, por não
se saberem os
fundamentos da
própria vida
estuante e
vigorosa em toda
a criação.
Entretanto,
agora, no século
vinte, na hora
da luz, quando
os Céus se
aproximam dos
homens, ou
quando os homens
abrem os
corações ante
outras dimensões
da vida, não se
deve falar em
acaso, por esse
assunto marcar
ou reavivar os
caminhos da
ignorância
espiritual. O
acaso, ainda que
tivesse
existido, teria
morrido por
falta de
alimento.
Se todo efeito
tem uma causa,
na dedução comum
entre os homens,
eis que os
efeitos
invisíveis estão
apoiados em
causas mais
sutis do que
pensas. Em tudo,
repitamos,
existe um
comando
Inteligente que
de nada esquece,
uma onisciência
operando para a
harmonia de
todas as coisas.
Isso certamente
nos dá muita
alegria, e a
esperança cresce
para a dimensão
do amor.
O respeito a
Deus deve ser o
primeiro ato de
cada dia, como
que uma oração
de agradecimento
por tudo que
recebemos do seu
imensurável
amor, e esse ato
nos colocará
mais próximo da
sua ação
benfeitora.
Cumpre-nos
esclarecer que
Deus está
presente em
nossa vida e faz
o nosso viver,
deixando a nossa
parte para que a
façamos com as
nossas próprias
forças. Mesmo
assim, a sua
misericórdia é
tamanha que, se
pedimos ajuda,
além da que Ele
nos dá
naturalmente,
pela sua
inestimável
bondade e o seu
inesgotável amor
a todos os seus
filhos, Ele nos
atenderá. Porém,
não nos façamos
surdos às suas
leis, para que
não venhamos
cair em novas e
piores
tentações.
Esqueçamo-nos do
nada e
lembremo-nos do
Tudo.
Esqueçamo-nos da
inércia e
lembremo-nos do
trabalho.
Trabalhando,
esqueçamo-nos do
ódio e
abracemo-nos,
vivendo o amor,
porque essa
disposição à
verdade nos
garantirá a paz
espiritual e a
alegria
permanente no
coração.
Vamos nos
lembrar de Jesus
com todo o
carinho, Ele que
veio anunciar
para todas as
criaturas o
Reino de Deus,
lembrando-nos
que nenhuma das
suas ovelhas se
perderia, e que
não existe órfão
na casa do Pai.
Isso significa
esperança para
todos nós,
encarnados e
desencarnados,
pela presença da
Fé. E bom que
deixemos bem
claro que todas
as combinações
da matéria são
forças de Deus
na luz do teu
entendimento.”
Para a questão
37 em O Livro
dos Espíritos,
o Espírito
Miramez, em Deus
e o Universo,
esclarece:
“O termo DEUS é
a partida para
todos os
assuntos, é a
gênese de todo
existir, e o
universo é o seu
trabalho, é o
seu ‘corpo
ciclópico’ que
fala para todos
nós, mais de
perto, da
grandeza do
Criador.
Deus é uma causa
invisível, mas
real.
Constatamos sua
existência pela
sua criação
visível, com o
que apalpamos e
enxergamos. Crer
em Deus é função
da inteligência.
A própria
ciência já não
pode andar mais
sem a convicção
da existência de
uma força
superior que
conduz e
sustenta todos,
na maior
expressão que se
pode ser. O que
a história
universal nos
oferece está
fora dos limites
da percepção
comum dos
homens, os
segredos, a
ciência, a
filosofia e a
religião que se
constatam no
saber são
sobremaneira
avançados no
sistema que a
sabedoria nos
expõe para que
possamos
entender, ou
começar a
entender, os
primeiros passos
da grandeza
universal.
É tão amplo o
campo de
conhecimento na
Terra, que está
para nascer nela
um homem que
conheça todas as
coisas em um só
conjunto de
sistema
doutrinário. As
divisões
existentes em
tudo o que se
sabe, são para
facilitar a
compreensão de
tudo que se quer
aprender. É
neste sentido
que a medicina,
o direito, a
mecânica, a
religião e a
própria cultura
se dividem em
variadas
especialidades.
Tudo se divide
para ser melhor
compreendido e
disseminado e
para entendermos
melhor. Se
enchêssemos um
saco de letras
do alfabeto,
nunca
entenderíamos o
seu grande
objetivo, ao
passo que se as
ordenarmos com
inteligência,
divididas na
harmonia que a
mente determina,
compreenderemos
a sua
incomparável
missão de
instruir as
criaturas. Deus
dividiu o seu
saber pelas leis
que determinou,
e fez nascer o
universo.
Homem algum é
capaz de
alcançar, e
mesmo sentir, o
que é a grandeza
da vida
universal. Mesmo
da Terra, em que
estagia, a mente
humana não tem
condições para
sentir a sua
extensão,
visualizando as
águas, os mares,
as matas, as
árvores, o ar, a
luz, as trevas,
o fogo, os
minerais, os
animais e eles
próprios, cada
um com o seu
dever específico
de acordo com a
sua missão e os
seus limites.
Para tanto, os
mesmos homens
criaram as leis,
e na intuição
fizeram uma
cópia das leis
naturais, não
tão perfeitas
quanto elas, por
não suportarem
sua harmonia,
mas nessa cópia,
é que poderão
viver mais ou
menos em paz na
Terra que
habitam por
misericórdia de
Deus.
O universo não é
Deus, no modo
que muitos
pensam ser. Ele
está ligado ao
Criador por fios
que
desconhecemos,
por enquanto,
porém é obra das
suas mãos, na
ternura do seu
magnânimo
coração. Deus
fez tudo em
perfeita
harmonia, por
ter em evidência
o atributo do
Amor. É bom que
comparemos as
coisas da Terra,
no sentido de
compreendermos a
separação do
Criador com as
coisas criadas,
separação no
sentido de
entendermos que
uma não pode ser
a mesma coisa
que a outra.
Se no planeta em
que vivemos não
existissem
homens
inteligentes,
estaria tudo
dentro do padrão
primitivo, mas,
como existem há
milênios, os
seres
capacitados de
razão,
encontramos
grandes obras
que revelam os
criadores,
porque, por si
só elas não se
fazem.
Essa é a equação
que devemos
dominar, para
reconhecer a
existência de um
Criador fora da
criação, com a
sua
personalidade
diferente, com a
sua existência
própria, a fazer
leis, a
construir mundos
e sóis,
estrelas,
galáxias e
universos sem
conta, que fogem
à capacidade
humana e mesmo
às espirituais.
A mente do homem
é
insignificante,
em comparação
com a mente
divina, mas pode
tornar-se
gigante, se ela
for obediente
aos preceitos
organizados pela
fonte criadora.
E, ainda mais,
se o universo
existisse de
toda a
eternidade, como
Deus, não
poderia ser obra
sua. E se ele
está submetido
às leis, ele não
tem vontade
própria qual
Deus, é uma
mecânica
dirigida por uma
sabedoria, e
esta é esse Deus
de que falamos e
que todos sentem
na profundeza da
consciência.”
Assim, o
Universo, em
plena harmonia,
mediante leis
eternas,
imutáveis e
infinitas,
cumpre os
desígnios da
inteligência
suprema, cuja
presença de Deus
é percebida por
suas obras, pois
não há efeito
sem causa, e
todo efeito
inteligente tem
causa
inteligente.
Inseridos nos
desígnios de
Deus, temos que
cumprir o
determinismo
divino na
construção do
nosso destino na
busca da
perfeição em
pluralidade de
existências e
cooperar com a
regeneração da
humanidade,
tendo Jesus como
modelo e guia
para as nossas
condutas do dia
a dia.
A vida tem
sentido
existencial, em
que o Espírito
imortal
necessita
adquirir todas
as virtudes e
aptidões pela
prática do bem,
do amor e da
caridade,
concorrendo para
a execução dos
propósitos
divinos, no
limite do
desenvolvimento
de suas forças
físicas e
intelectuais, em
que cada um tem
papel a
desempenhar,
sendo solidário
para o progresso
geral.
Em cada estágio
da prática do
amor divino,
purificamos o
coração das
próprias
imperfeições
mediante lutas
renovadoras. A
cada
experiência,
sobe-se um
degrau.
Nesse processo
evolutivo, as
situações
caracterizadas
como provas e
expirações
exigirão fé,
confiança,
coragem,
esperança,
esforço,
sacrifício e
renúncia de nós
mesmos,
acompanhados de
dor e
sofrimentos,
instrumentos
educativos para
a renovação e
regeneração do
Espírito,
compreendendo
que nada é por
acaso.
Bibliografia:
KARDEC, Allan;
tradução de
Evandro Noleto
Bezerra. A
Gênese. 2ª
Edição.
Brasília/DF:
Federação
Espírita
Brasileira,
2013.
KARDEC, Allan;
tradução de
Guillon
Ribeiro. O
Livro dos
Espíritos. 1ª
Edição.
Brasília/DF:
Federação
Espírita
Brasileira,
2019.
LUIZ, André
(Espírito); na
psicografia de
Francisco
Cândido Xavier. Evolução
em dois mundos.
27ª Edição.
Brasília/DF:
Federação
Espírita
Brasileira,
2018.
MIRAMEZ (Espírito);
na psicografia
João Nunes
Maia. Filosofia
espírita. Volume
I. 1ª
Edição. Belo
Horizonte/MG.
Editora Fonte
Viva, 1990.