Gotas de regeneração
Os ciclos da vida ocorrem ao longo dos tempos. Mas o ser
humano, ainda inquieto e imediatista, não se apercebe de
que o verdadeiro tempo é o tempo de Deus. Nossa
evolução espiritual se dá como um "tratamento
homeopático" de forma lenta e continua com gotas fé e
esperança. Na dimensão que transcende a vida corpórea
não é diferente. Segue as mesmas Leis Divinas que nos
levarão à maturidade espiritual. A Casa Espírita, por
sua vez, como ambiente acolhedor de almas enfermas,
cumpre o seu papel consolador orientando e instruindo a
tantos que precisam desse trabalho edificante.
O conteúdo que a Doutrina dos Espíritos oferece dá-nos a
compreensão das necessidades de que os espíritos
enfermos enfrentam, quando se apresentam para o diálogo
esclarecedor. Os voluntários que se propõem para esse
atendimento têm como missão a fraternidade e orientação,
lembrando sempre de que somos também enfermos d´alma.
Dessa forma, devemos nos valer da paciência, procurando
ouvi-los com serenidade, buscando dar-lhes o alívio de
que tanto precisam.
Tal qual a nossa vivência no plano físico, esses irmãos
têm também o tempo de mudar seus comportamentos. Não nos
cabe tentar apressar os resultados de uma pequena
semente que estamos tentando plantar. Consideremos,
ainda que o grau de evolução de cada um de nós é
diverso, dependendo das experiencias pelas quais
passamos e das lições que restaram bem sucedidas.
No livro O Consolador, questão 96, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel,
encontramos: “Toda
moléstia do corpo tem ascendentes espirituais? “(...) há
enfermidades d‘alma tão persistentes, que podem reclamar
várias estações sucessivas, com a mesma intensidade nos
processos regeneradores”. Daí o nosso entendimento de
que o trabalho do dialogador deve pautar-se na vontade
de ajudar e na consciência de que a palavra renovadora
deverá esperar o seu tempo de maturação. Não tenhamos a
pretensão de curar as almas enfermas com diálogos
efêmeros. Contudo, devemos persistir para que esse
trabalho represente uma centelha de
luz no caminho daqueles irmãos.
Essa compreensão é imperiosa para aqueles que se dedicam
a esse labor, onde o importante é a mensagem de amor que
oferecemos. Lembremos da necessidade do afastamento dos
sentimentos inferiores como o rancor, o ódio, a
vingança, entre outros, que nos aprisionam. Enfatizemos
que o perdão nos brinda com a chave que nos leva à libertação.
Segundo Roque Jacinto, no livro Doutrinar, pg.8,
temos: “Doutrinar na sinonímia espírita-cristã, é
transmitir pacientemente informações curtas e exatas
sobre as razões da vida, os motivos das encarnações, o
destino de todos os homens, a estação de harmonia que
aguarda a passagem de nossa vontade, os trabalhos que
nos compete realizar, os esforços indispensáveis para a reformulação
interior”.
A nossa reforma íntima, também não é fácil. É um caminho
árduo que exige perseverança e recomeços diante dos
tropeços de que padecemos. Trata-se de uma transformação
continua cuja conquista será fruto da disciplina e da
coragem para mudarmos. Esse é o desafio diário de todos
nós. O livro A Gênese, Cap.18, item 19,
esclarece: “Somente o progresso moral pode assegurar aos
homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más;
somente esse progresso pode fazer que entre os homens
reinem a concórdia, a paz, a fraternidade”.
Divaldo Pereira Franco nos diz no livro Atendimento
Fraterno, pg.30, pelo Espírito Manoel Philomeno de
Miranda: Ӄ um dos objetivos do Atendimento Fraterno
levar o atendido a essa compreensão de si mesmo (ainda
que em níveis superficiais, no início) para que ele
atendido — seja capaz de flexibilizar suas crenças pouco
racionais e lógicas e alterar os seus valores, a forma
de ver a vida e a própria situação, tornando-se mais
otimista, para, a partir daí, fazer uma programação de
vida, traçar um roteiro evolutivo que envolva a
superação das dificuldades na ocasião apresentadas”.
Para alcançarmos essa plenitude espiritual sigamos
Jesus, que nos deixou sua palavra e exemplo, conforme
João 14.6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. Então, para o
soerguimento espiritual temos que nortear nossos
caminhos segundo o que o Mestre nos legou.
As Casas Espíritas atuam como “comunidades
regeneradoras”, oportunizando a todos que lá acorrem o
conhecimento imprescindível para o crescimento
espiritual, que resulta, também como um bálsamo para os
sofrimentos d´alma. As orientações irão favorecer os
Espíritos para que saiam da escuridão e
despertem exultantes ao sentir a centelha Divina
que abrigam em seus corações. (As
transformações do ser pensante pode ser lenta, mas o
objetivo é frutificar o bem que foi semeado.)