“Só peru...”
Os
enfrentamentos na vida são necessários, muito embora
não estejamos preparados para nos deparar com eles, já
que são repentinos. É um assalto a mão armada; uma
torção ao tropeçar na calçada; uma cirurgia de risco,
mas acreditamos que o enfrentamento que causa mais
ojeriza é a morte, pois todos os outros são situações em
que vislumbramos recuperação, enquanto que para nós a
extinção da vida é algo que não gostamos de abordar,
sempre dizendo que existem outros assuntos mais
importantes.
Existe um ditado que canaliza força para o enfrentamento
da morte que é “só peru morre na véspera”, e no meio
policial é muito usada esta expressão, mas no sentido de
dizer que nenhum perigo vai evitar esses profissionais
de enfrentarem as vicissitudes no cumprimento do dever
quando em confronto. Não devemos ter medo da morte
porque, se existe uma coisa certa, é ela.
“Começamos a morrer no dia que nascemos”, assim disse o
astrônomo Manilius. Vivenciamos a morte a todo momento
que deixamos o corpo físico pelo efeito do sono. “O sono
é irmão da morte”, assim definiu o filósofo Léon Denis.
Ora, por que temer a morte se somos espíritos imortais!?
Já vivemos várias e várias vidas! Portanto já morremos
tantas e tantas vezes!
Parece que o não querer abordar o assunto tem a ver com
o apego às coisas materiais e não ao medo que existe
após o passamento!
Realmente damos muito importância ao material e passamos
praticamente a vida inteira buscando realizações,
almejando espaços, disputando posições, competindo
visando melhorias em geral que proporcionalmente estão
ligadas ao acúmulo de bens.
É comum após algumas conquistas acharmos não ser o
suficiente e querermos mais, e deixar tudo que custou
muito conseguir é no mínimo frustrante, o que
interpretamos como medo da morte.
Se vivermos com menos preocupações em conquistar mais e
mais bens e nos contentarmos com o que já conseguimos, e
adaptarmos o nosso viver a isso, procurando ajudar o
próximo, vivendo mais o presente e nos preocupando menos
com o futuro, teremos mais qualidade de vida,
preservando nossa saúde, e o medo da morte ficará
relegado apenas ao sentimento de saudade das pessoas que
nos cercam e que – por algum tempo – deixaremos um dia.
Muita energia a todos.