Aprender e mudar
É auspicioso constatar que a pluralidade religiosa é
respeitada em nossa nação, e cada um pode expressar a
sua crença sem qualquer tipo de receio. Como sabemos, a
maioria dos brasileiros é abençoada por receber, desde
tenra idade, alguma orientação ou educação formal nesse
assunto, normalmente por influência dos pais. Ou seja, a
ideia elementar de Deus, as lições iluminadoras do
Evangelho, a imaculada e sacrificial trajetória de
Jesus, o valor da oração e a noção do bem, não são
coisas estranhas para nós, independente do credo no qual
tenhamos sido iniciados.
De fato, o sincretismo religioso é um fenômeno admirável
em nossas plagas. No entanto, esse importante
aprendizado parece não penetrar realmente no âmago das
pessoas como desejado. Como corretamente observa o
Espírito Emmanuel, na obra Segue-me (psicografia
de Francisco Cândido Xavier), “Quanta gente fala em
Cristo, sem lhe buscar a companhia!”
Com efeito, há anomalias comportamentais assustadoras em
nosso meio, especialmente se considerarmos a frequência
com que elas ocorrem, e absolutamente divorciadas de
Deus. A pletora de acontecimentos dessa natureza como,
por exemplo, os casos de feminicídio, chacinas,
latrocínios, roubos, golpes e quejandos causam enorme
perplexidade em todos que lutam dignamente.
É muito provável que os perpetradores desses crimes
também tenham recebido algum tipo de orientação
religiosa em determinado momento de suas vidas, mas
certamente sem efeito a julgar pelo que realizam. Outros
ainda mais privilegiados – refiro-me às figuras de
destaque atuantes no meio empresarial, político e outros
setores da sociedade - também devem ter sido
contemplados nesse particular; entretanto, igualmente em
muitos deles não se vê sinal de que houve o necessário
despertamento para os valores superiores se
considerarmos o teor do noticiário diário.
Dados e estatísticas confiáveis mostram que não vivemos
num lugar de prosperidade generalizada ou bem-estar
geral. E isso ocorre por pura cupidez e avareza de
muitos membros da elite social, que comandam vários
setores da nação e não se importam com a miséria ou má
distribuição da renda. Como afirmou recentemente um
importante economista: “Somos um país de privilégios,
que se traduzem em vantagens pessoais”. Por conseguinte,
é triste constatar que toda iniciativa em tornar as
coisas mais justas e equânimes acabam sendo solapadas
devido ao egoísmo vigente.
Seja como for, o aprendizado de assuntos religiosos e
espirituais devem ser impulsionadores – essa é a
expectativa da espiritualidade - de profundas mudanças
em nossa maneira de viver. Nessas esferas do saber
geralmente aprendemos lições que devem ser incorporadas
em nossa conduta, aliás, é por isso que aqui estamos.
Pode-se concluir que o seu sentido em nossas existências
é o de aprendê-las para que nos transformemos em seres
melhores. Do contrário, continuaremos a fracassar em
abraçar propósitos mais elevados de vida.
A humanidade sempre foi receptora de enormes
oportunidades de aprendizado de conceitos e diretrizes
transcendentais emitidas pelo plano maior em seu
benefício. O Pai celestial nunca nos deixou desamparados
de orientação. Jesus, o seu sublime mensageiro, por sua
vez, nos legou sólidas lições para que alcancemos os
cumes da espiritualidade. Posto isto, temos todos os
elementos necessários à nossa disposição para nos
educarmos espiritualmente a contento. Como bem explica,
aliás, o Espírito Emmanuel também na referida obra:
“A sabedoria do Alto plasma os verdadeiros valores da
educação.
Os orientadores do mundo satisfazem a inteligência e
enriquecem o patrimônio intelectual.
Jesus Cristo, contudo, aprimora o sentimento.
A universidade ilustra o cérebro.
O Evangelho aperfeiçoa o coração.
Se desejas, pois, conservar contigo a riqueza espiritual
que desce do Plano Superior [e cujas noções mais básicas
e fundamentais adquirimos nas religiões verdadeiramente
dedicadas ao aperfeiçoamento moral humano], caminha,
entre os homens, aplicando as lições de Jesus, no
esforço de cada dia”.
Em assim procedendo poderemos, pois, mostrar a nossa
real mudança. Mudança essa extremamente vital nessa hora
de grandes provações individuais e coletivas, e onde o
mal adquire feições perturbadoras. Assim sendo,
comecemos por nos despojar de todas as sujidades que
emanam do nosso eu mais profundo e que, eventualmente,
nos tornam criaturas iníquas, mesquinhas e egoístas.
Façamos diariamente o nosso autojulgamento com seriedade
e honestidade. Examinemo-nos de maneira crítica, e
tenhamos a grandeza de admitir, se necessário for, as
imperfeições e mazelas que ainda carregamos em nossa
alma. Trabalhemos para nos corrigir e, a partir daí,
mostremos nossa mudança (compreensão) sendo efetivos
cooperadores da luz no mundo.
O planeta carece de indivíduos movidos por ideais
espiritualizantes, de modo tal que as densas trevas ora
presentes em toda parte sejam dissipadas, e uma nova era
de mudanças benéficas possa ser, enfim, implementada.
Aumentemos o nosso patrimônio espiritual estudando,
aprendendo e, sobretudo, nos transformando para melhor,
pois tais providências - que constituem nossa missão de
vida - são, certamente, o que Deus espera de todos nós.
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