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por Bruno Abreu

 

A busca da paz


A maioria das pessoas deseja viver em paz, mas tem uma enorme dificuldade em chegar a este pequeno “paraíso”.

O maior bloqueio para a paz somos nós próprios, pois desejamos na ideia, mas não na prática, por isso perdemos a consciência do caminho para esta, tendo-se tornado numa visão abstrata.

A verdadeira paz não é uma emoção, mas um estado de espírito. Isto quer dizer que não funciona através das emoções, embora algumas, como a alegria, possam transmitir um pouco de paz, mas esta é independente das emoções.

O ser humano vive consecutivamente a procura de algo, material, emocional ou espiritual. Esta busca é a primeira causa para a falta de paz. Dentro da lógica, podemos perceber que qualquer busca nos retira a paz.

A paz acontece quando estamos completos, ou seja, não buscamos mais nada. O completo parece um termo para quem tudo tem, mas este estado pertence a quem nada busca, pois é impossível termos tudo.

Quem tem muito dinheiro pode buscar mais, ou outras coisas como amor, quem tem uma grande casa pode querer uma maior, quem tem 4 carros, pode querer ter mais um ou uma moto, o desejo não tem limites, nem no tipo nem na quantidade.

A paz é um estado natural, com isto quero dizer que ele existe sempre, mesmo quando não a sentimos.

Imagine a paz como sendo o sol. Quando estamos bem e não buscamos mais nada, é um dia sem nuvens e sentimos todo aquele calor da paz, quando buscamos algo, estamos descontentes, ansiosos, é como um dia cheio de nuvens, encobrindo sol. Não quer dizer que o sol não está no sítio dele, apenas não o vemos nem sentimos, mas continua a iluminar o nosso dia. Quando a turbulência dos pensamentos, das emoções, dos desejos, acalma, a paz brilha. Não temos de construir nada para que esta brilhe, mas apenas desapegarmo-nos do que a esconde e ilude e esta brilha por si.

A paz é um estado do ser, que acontece nas condições corretas de nosso interior. É como o silêncio que sobressai sempre que não existe ruido, também é um estado natural. O ruido ou o som é que aparece e desaparece, quando o som não existe acontece o silêncio. Podemos afirmar que não existe quando está muito barulho? Basta que o barulho pare e é o silencio que sobra. Nós criamos palavras para definir o estado da não existência de algumas coisas, como por exemplo:

- O silêncio: é ausência do barulho

- A paciência: é a ausência da impaciência ou ansiedade

- A saúde: é a ausência da doença.

Com isto quero apenas explicar que existem estados naturais que estão sempre presentes, mesmo que não estejam visíveis, pois são eles que sobram na ausência das coisas.

Está a ler este texto, pare um pouco após a explicação deste exercício.

Fique atento ao presente momentaneamente. Com isto quero dizer, para abandonar um pouco o movimento de sua cabeça. É um vazio mental, pois fora continua a existir tudo.

Fique atento, veja se sua mente sossegou ou se aparece algum impulso energético de pensamento criando pequenos movimentos.

De qualquer dos modos pode perceber:

- Se a mente parou, encontrou o estado de paz, sem qualquer movimento mental para a frente ou para trás. Ou seja, memórias em movimento ou desejos de futuro em movimento. Aqui percebe o estado de Paz.

- Se se mantêm os impulsos energéticos, que se movimentam como se o quisessem tirar do lugar, então deparou-se com o que lhe rouba a paz. Desta forma, consegue perceber que se esses movimentos fossem inexistentes, estaria em paz.

O que teve que fazer para criar a paz?

Parece-nos que tivemos que silenciar a mente, fizemos um esforço para não existirem pensamentos ou desejos. Pela lógica, podemos constatar que o esforço é o desejo ou o pensamento, pois não tem existência permanente. O que tem existência permanente é a paz e o silêncio, pois, o movimento do pensamento ou desejo param e sobram estes.

A tribulação exaustiva da mente, pensamento atrás de pensamento, emoções, desejos, movimentos mentais constantes, fazem parecer que este é o funcionamento natural, então temos de fazer um esforço para o parar. Esta ideia errada é uma herança de milhares de anos, muitas reencarnações seguidas de um funcionamento atribulado, que causa uma visão deturpada da realidade.

Pela lógica podemos perceber que o que nasce e acaba é o pensamento, as emoções, os desejos, e não a base do ser onde está incluída a paz. Quando o que nasce, cessa momentaneamente, podemos retornar a paz.

A busca da paz é uma utopia criada pela mente barulhenta que nos oferta a falta desta. Procure compreender o que lhe tira da paz e iniciará o processo de regresso a esta.

Tenha a certeza que a quer, pois, a paz é um caminho de abdicação, de desapego. O barulho mental é constituído por aquilo que nos tem parecido mais interessante, os desejos, os vícios, as tendências, os egoísmos, os orgulhos que nos enaltecem o Ego, as formas mentais de criação de poder que geram a agressividade, que nos fazem parecer importantes, a defesa da honra, dos certos e errados e todas as formas de estar “infantis” que acabam por ofertar o bem-estar egoico.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita