Seres obsidiáveis, somos!
Incrível como são vastas as janelas que se abrem para
reflexões sobre a vida e seus desdobramentos. O próprio
significado das palavras faz isso.
No caso específico do fenômeno da obsessão, fartamente
disponível na literatura espírita e ocorrência
igualmente comum na vida humana – não restrita ao
Espiritismo –, até o tempo do verbo ajuda nessa
compreensão.
Note-se nas definições próprias do idioma e também do
conhecimento espírita:
a) Obsessão
– influência perniciosa de uma personalidade sobre
outra;
b) Obsidiar
– cercar para obrigar, submeter, ato de perseguir,
constranger;
c) Obsidiáveis
– flexão do verbo obsidiar na 2ª. pessoa do plural do
pretérito imperfeito do indicativo.
E vejam ainda a beleza do idioma. Além da flexão do
verbo, como acima indicado, a palavra obsidiáveis (que
está no título) nesse caso é adjetivo qualificando
a palavra seres. É a coerência das regras
gramaticais.
Em outras palavras, somos todos seres influenciáveis. A
todo instante estamos sujeitos à influência perniciosa
de outras mentes em desequilíbrio, estejam elas
encarnadas ou desencarnadas. Isso porque ainda não temos
domínio sobre nós mesmos nos sentimentos, reações,
decisões, escolhas, posturas, palavras e comportamentos.
Diante de situações adversas podemos nos deixar envolver
por sugestões nada construtivas. Ao mesmo tempo, a
ausência de vigilância submete-nos à sedução de paixões
variadas sugeridas ou buscadas que podem se transformar
na ação constrangedora de outras mentes, configurando a
obsessão, fenômeno muito conhecido e estudado pelo
Espiritismo.
A prudência nunca será demais; os cuidados com o próprio
comportamento, a vigilância das escolhas são
recomendações sempre bem vindas e oportunas. Um passo em
falso, um instante de distração pode significar porta de
acesso a desequilíbrios que não temos como medir antes.
A fragilidade, pois, que ainda nos caracteriza,
emocional e moralmente considerando, submete-nos à
condição real de seres obsidiáveis. Ou seja, sujeitos à
obsessão. Ainda que naquela considerada simples, ou mais
graves como fascinação ou subjugação.
Que não se assuste o leitor. A abordagem não é
pessimista, mas sim apenas real. Na verdade, uma
reflexão assim nos conduz à dispensa de ambições ou de
vãs pretensões, à demissão de tolas vaidades, ou
renúncia ao egoísmo e ao orgulho. Ainda que não
consigamos de imediato, é preciso exercitar essas
renúncias com exercícios de desprendimento ou altruísmo,
para irmos gradativamente sentindo o que verdadeiramente
significa viver, em suas leis sábias, conduzindo-nos à
real felicidade, que não se fixa em tolas ilusões.
Haja cuidado! Mas, convenhamos, como adquirir sabedoria,
lucidez, evolução, senão com cuidados preventivos e
esforços de aprimoramento?
Mãos à obra! Estamos todos juntos e podemos mutuamente
nos ajudar.