Amor em nós
“... Crede que estas sábias palavras: ‘Amai muito, para
serdes amados’ seguirão o seu curso. Essa máxima é
revolucionária e segue uma rota firme e invariável. Mas
vós já haveis progredido, vós que me escutais; sois
infinitamente melhores do que há cem anos. De tal
maneira vos modificastes para melhor, que aceitais hoje,
sem repulsa, uma infinidade de ideias novas, sobre a
liberdade e a fraternidade, que antigamente teríeis
rejeitado...” (Sanson, em mensagem publicada em O
Evangelho Segundo o Espiritismo.)
Nascidos para evoluir. Evoluir é amar. Amar sempre mais.
Por que demoramos tanto? Por que nos é tão difícil
desenvolver o amor em nós?
Egoísmo e orgulho são os dois grandes empecilhos do
progresso moral da humanidade.
O amor é a lei do Universo e foi por amor que Deus criou
os seres, segundo o nosso grande Léon Denis expressa com
maestria. O amor é de essência divina e todos nós
carregamos em nós essa centelha luminosa, que guia o
progresso do ser humano.
É mais do que momento de nos vestirmos de coragem e
partirmos para a nossa jornada com todas as forças e com
toda a bravura! Caminhar para a luz. Caminhar para o
amor. Por mais que já tenhamos aprendido a amar, o amor
ainda é uma fagulha em nós. Somente sentiremos sua
grandeza quando estivermos aptos à renúncia plena de nós
mesmos pelos outros e à abnegação incessante. Assim
fizeram os grandes espíritos que vieram antes de nós.
Jesus foi a exemplificação maior desse amor, que jamais
vimos igual sobre a Terra. Como disse Emmanuel, no
livro A Caminho da Luz, psicografado por Chico
Xavier, o Cristo veio trazer à Terra os fundamentos
eternos da verdade e do amor.
Sua palavra mansa e generosa reunia todos os
infortunados e todos os pecadores. Escolheu os ambientes
mais pobres e mais desataviados para viver a intensidade
de suas lições sublimes, mostrando aos homens que a
verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos, dos
fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua
misericordiosa beleza. Suas pregações, na praça pública,
verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos e
desclassificados, como a demonstrar que sua palavra
vinha reunir todas as criaturas na mesma vibração de
fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor.
Combateu pacificamente todas as violências oficiais do
judaísmo, renovando a lei antiga com a doutrina do
esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as
mais claras visões da vida imortal, ensinando às
criaturas terrestres que existe algo superior às
pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua
palavra, profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu
todas as filosofias, aclarou o caminho das ciências e já
teria irmanado todas as religiões da Terra, se a
impiedade dos homens não fizesse valer o peso da
iniquidade na balança da redenção.
Jesus exemplificou o amor e mudou a história da Terra. O
ser humano, caminheiro da luz, precisa acender o archote
da esperança e fazer luzir em sua estrada o mais puro
amor.
Jesus exemplificou a simplicidade, a verdade e a
coragem. Deve ser ele o nosso guia de todas as horas.
Os grandes espíritos não se dão conta do amor que vive
neles e o exemplificam o tempo todo, naturalmente, pois
vivem nele. Quando vemos essas manifestações de puro
amor, elas nos emocionam. Somos aprendizes. Um dia
teremos a plenitude desse sentimento em nós e que grande
dia será! A paz e a felicidade então viverão em nós.
Podemos ver exemplos de amor em toda a parte, basta que
tenhamos olhos para ver.
Há alguns dias, visitamos uma senhorinha de 93 anos de
idade. Linda! Lúcida, pele bem morena e os olhos
resplandecentes, de um profundo azul! Nem se vê ruga em
sua face. Parece ter uns trinta anos a menos. Tranquila,
serena, não caminha mais. Sem uma queixa! O mais lindo,
no entanto, é o amor de seu neto por ela. Ficamos ali
imaginando o passado. Que amor secular une esses dois
seres!
O neto de cerca de 34 anos de idade, um moço bonito,
ainda jovem, renunciou à sua vida para cuidar da
velhinha amada. Ela também cuidara dele. Sua mãe morreu
quando ele tinha por volta de 5 anos de idade e a avó
assumiu sua criação. Amou-o, educou-o. Agora, ele
trabalhava e estava bem em seu trabalho. Mas deixou tudo
para cuidar de sua avó. Deixou sua vida por amor a ela.
Cuida o tempo todo, na simplicidade.
Disse-nos ele que ganhava bem no trabalho. Vive agora
com sua avó, da aposentadoria dela, ajudando sempre,
pois não há mais ninguém que possa fazê-lo. As irmãs
dela estão tão idosas quanto ela.
É muito bonito ver isso. O cuidado dele com ela. Dá-lhe
do melhor alimento que pode conseguir. Dá banho nela.
Leva-a para tomar um pouco de sol. Dá-lhe as medicações
de que ela necessita. Preocupa-se em passar hidratante
em sua pele, recomendado pelo médico, para a pele não
secar demais.
A velhinha não tem nenhuma escara. O carinho dele com
ela é demais! Imaginamos um espírito que por amor veio a
este mundo cuidar dela quando ela precisasse dele. Que
ligação afetiva enorme de um passado que ambos trazem
consigo, pois o amor é imortal!
Não é comum vermos tanto cuidado assim. Que bênção! Ela
merece. Vivenciou o amor e agora o recebe de volta.
O amor é nossa destinação. Por isso estamos aqui.
Anônimos, como esse jovem e sua avó. São exemplos na
pequena área onde moram, onde há tanta violência, tanta
droga, tanta dificuldade, mas existe ali uma centelha
brilhante de amor, uma faísca de esperança na Terra.
Como eles, há milhares que nos passam despercebidos, mas
que, com certeza, são vistos por Deus.
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