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por João Márcio F. Cruz

 

As crianças especiais nos ensinam a amar

Todo ser humano é poliglota. Possui seus idiomas próprios e seu jeito singular de expressar sua verdade. Existe linguagem verbal, linguagem do coração, linguagem corporal, linguagem dos apaixonados, linguagem do olhar de mãe etc. Porém, nem todos sabem “usar” esses múltiplos idiomas, então a vida nos envia as crianças especiais.

Elas ensinam, para nós, adultos bobões e cheios de neurose, que a vida é simples, não precisa complicar.

Quando aquela criança está displicente, desconcentrada, com déficit de atenção, está querendo dizer: - já, já... te dou atenção, nesse momento, estou no mundo da lua e aqui está tão bom!!!

Tem aquela outra tão hiperativa, inquieta, que está querendo dizer:
- estou tão apressado pra ser feliz, pra brincar, divertir-se que nem consigo parar pra sentar...

Aquela outra que fica em silêncio, no canto da sala, isolada, está dizendo: - por favor, também gosto muito de você, mas deixe-me ficar só, por um instante. Se você me tocar, agora, vai doer!!!

Existem aqueles que não andam, e estão pedindo: - é tão bom quando me carregam no colo, por favor, alguém quer me levar para um passeio?

Aquelas outras que não veem o que você vê, mas enxergam muito bem, porque quando tocam no seu rosto, nas suas mãos, estão querendo dizer: - obrigado por você não me fazer mal e me proteger nesta vida. Te amo!!!

Existem as dramáticas, que gritam, esperneiam. Elas estão dizendo: - será que ninguém nesta casa vai vir me dar um abraço, aafff!, já estou rouco e esse povo não escuta?!

E mesmo aquelas que demoram a falar já muito cedo aprendem a abraçar e nos ensinam que MELHOR do que ter sentimentos é compartilhá-los com quem amamos e com quem gosta de nós...

Com suas diferenças elas nos ensinam os idiomas da amizade, do perdão, da paciência, do carinho, e principalmente a aceitar nossas próprias diferenças na medida em que amamos sem exigir que sejam como nós.

Obrigado a todas as crianças especiais que nos ensinam aquilo que nós adultos esquecemos: “se não tivermos amor, nada seremos...”

À luz da doutrina espírita, não podemos afirmar categoricamente e genericamente que todas as crianças especiais estão em expiação. Existem casos, porém, em que na jornada de evolução do espírito, em sua singular experiência reencarnatória, o próprio espírito, consciente de sua demanda por vitórias cármicas, planeja tais encarnações e até a escolha da família, dentro de uma programação cujo objetivo é o melhor aproveitamento dele próprio e de todos os envolvidos. Dentre tantas variáveis, o que podemos afirmar com certeza é que, em todas essas experiências, o aprendizado mútuo e as lições imorredouras estarão presentes.

Alguns sofrerão mais, com mágoas contra a vida, revolta em ter um filho diferente, enquanto outros, com ternura e tranquilidade, saberão lidar com a adversidade na certeza de que seu filho não é uma cruz, nem um castigo, mas uma oportunidade de evolução para toda a família.

Disse o apóstolo Pedro que o amor cobre a multidão de pecados, e assim nossos carmas negativos podem ser quitados pelo sacrifício e pelo empenho na autotransformação.

Algumas dessas “crianças especiais” escolhem num ato deliberado de generosidade renascerem dentro dessas circunstâncias e sua vida se torna uma bênção na vida de todos.  


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita