As crianças especiais nos ensinam a amar
Todo ser humano é poliglota. Possui seus idiomas
próprios e seu jeito singular de expressar sua verdade.
Existe linguagem verbal, linguagem do coração, linguagem
corporal, linguagem dos apaixonados, linguagem do olhar
de mãe etc. Porém, nem todos sabem “usar” esses
múltiplos idiomas, então a vida nos envia as crianças
especiais.
Elas ensinam, para nós, adultos bobões e cheios de
neurose, que a vida é simples, não precisa complicar.
Quando aquela criança está displicente, desconcentrada,
com déficit de atenção, está querendo dizer: - já, já...
te dou atenção, nesse momento, estou no mundo da lua e
aqui está tão bom!!!
Tem aquela outra tão hiperativa, inquieta, que está
querendo dizer:
- estou tão apressado pra ser feliz, pra brincar,
divertir-se que nem consigo parar pra sentar...
Aquela outra que fica em silêncio, no canto da sala,
isolada, está dizendo: - por favor, também gosto muito
de você, mas deixe-me ficar só, por um instante. Se você
me tocar, agora, vai doer!!!
Existem aqueles que não andam, e estão pedindo: - é tão
bom quando me carregam no colo, por favor, alguém quer
me levar para um passeio?
Aquelas outras que não veem o que você vê, mas enxergam
muito bem, porque quando tocam no seu rosto, nas suas
mãos, estão querendo dizer: - obrigado por você não me
fazer mal e me proteger nesta vida. Te amo!!!
Existem as dramáticas, que gritam, esperneiam. Elas
estão dizendo: - será que ninguém nesta casa vai vir me
dar um abraço, aafff!, já estou rouco e esse povo não
escuta?!
E mesmo aquelas que demoram a falar já muito cedo
aprendem a abraçar e nos ensinam que MELHOR do que ter
sentimentos é compartilhá-los com quem amamos e com quem
gosta de nós...
Com suas diferenças elas nos ensinam os idiomas da
amizade, do perdão, da paciência, do carinho, e
principalmente a aceitar nossas próprias diferenças na
medida em que amamos sem exigir que sejam como nós.
Obrigado a todas as crianças especiais que nos ensinam
aquilo que nós adultos esquecemos: “se não tivermos
amor, nada seremos...”
À luz da doutrina espírita, não podemos afirmar
categoricamente e genericamente que todas as crianças
especiais estão em expiação. Existem casos, porém, em
que na jornada de evolução do espírito, em sua singular
experiência reencarnatória, o próprio espírito,
consciente de sua demanda por vitórias cármicas, planeja
tais encarnações e até a escolha da família, dentro de
uma programação cujo objetivo é o melhor aproveitamento
dele próprio e de todos os envolvidos. Dentre tantas
variáveis, o que podemos afirmar com certeza é que, em
todas essas experiências, o aprendizado mútuo e as
lições imorredouras estarão presentes.
Alguns sofrerão mais, com mágoas contra a vida, revolta
em ter um filho diferente, enquanto outros, com ternura
e tranquilidade, saberão lidar com a adversidade na
certeza de que seu filho não é uma cruz, nem um castigo,
mas uma oportunidade de evolução para toda a família.
Disse o apóstolo Pedro que o amor cobre a multidão de
pecados, e assim nossos carmas negativos podem ser
quitados pelo sacrifício e pelo empenho na
autotransformação.
Algumas dessas “crianças especiais” escolhem num ato
deliberado de generosidade renascerem dentro dessas
circunstâncias e sua vida se torna uma bênção na vida de
todos.
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