Dissociação da conduta ou influência
espiritual?
A psicologia transpessoal fortaleceu-se com os conceitos
clarificantes de Joanna de Ângelis
“A influência dos Espíritos em nossa vida é tal que, de
ordinário, são eles que nos dirigem.” O
Livro dos Espíritos - q. 459.
A moderna psicologia vem rastreando – embora ainda
palidamente – os caminhos espíritas desbravados por
Allan Kardec lá pelos meados do século XIX.
Observou muito bem, nosso querido confrade Dr. Jorge
Andréa,
notável psiquiatra espírita de saudosa lembrança, que “(...)
a pesquisa freudiana, apesar de válida e oportuna, não
possibilitou a devida avaliação a fim de que se
percebesse a zona espiritual. A condição espiritual,
somente foi ampliada por Jung que, com seus estudos,
aprofundou mecanismos de molde a propiciar valiosos
dados na compreensão da Individualidade. Com isso, a
psicologia começou a descerrar seus véus mostrando a
existência do Espírito.
Além de Jung, psicólogos que lhe sucederam ampliaram os
procedimentos de seu pioneirismo, concorrendo na
formação da psicologia transpessoal, onde nomes como
Assagioli, Maslow e S. Grof merecem lugar de destaque...
Assim, a psicologia transpessoal tomou forte impulso,
sendo enriquecida com as assertivas clarificantes de
Joanna de Ângelis (Espírito) abordadas em livros
psicografados por Divaldo Pereira Franco”.
Mas, ao contrário do que se poderia pensar, Freud
(mesmo sem o saber) tangenciou levemente a zona
espiritual com o escopro de seu raciocínio no momento em
que estudava os fenômenos psicológicos conhecidos por “dissociação
da conduta ou divisão esquizoide”, cujo grau
ou magnitude, segundo José Bleger,
pode ser muito variável.
Antes de demonstrarmos o quanto Freud se aproximou da
zona espiritual, precisamos entender o que - no jargão
dos psicólogos - é chamado de “áreas de conduta”.
Aprendemos com J. Bleger2 que o termo conduta
ou comportamento foi incorporado à psicologia de outros
ramos do conhecimento, vez que já foi exaustivamente
empregado na química – e o segue sendo ainda – para
referir ou dar conta da atividade de uma substância, um
corpo, um átomo, etc. Posteriormente Huxley o introduz
na biologia para se referir também às manifestações da
substância viva: célula, núcleo, etc.; e Jennings, em
psicologia animal. Em todos esses campos, o termo
refere-se ao conjunto de fenômenos que são observáveis
ou que são factíveis de detectados, o qual implica a
instrução metodológica de ater-se aos fatos tais qual
eles se dão, com exclusão de toda interferência
animista.
No estudo do ser humano, também se aplicou o termo a
todas as reações ou manifestações exteriores, tratando,
assim, de que a investigação psicológica se convertesse
também numa tarefa objetiva e – portanto – a psicologia
numa ciência da natureza.
O termo “conduta”, aplicado às manifestações do
indivíduo, tem sempre a conotação de estar deixando de
lado o mais central ou principal do ser humano: os
fenômenos propriamente psíquicos ou mentais. Esses
últimos seriam realmente os fenômenos mais importantes,
dado que originam a conduta, e se estudarmos unicamente
essa última, estaríamos nos ocupando tão somente de
produtos e derivados, mas não do fenômeno central.
Etimologicamente, a palavra conduta vem do latim “conduto” e
significa: conduzida ou guiada; quer dizer, que todas as
manifestações compreendidas no termo de “conduta” são
ações conduzidas ou guiadas por algo que está fora das
mesmas, isto é, pela mente. [Pedimos aqui licença para
introduzir um elemento novo ao raciocínio de J. Bleger, “puxando
ostensivamente a sardinha” para o terreno do
Espiritismo: nada obsta que a mente mencionada possa
estar recebendo influência de outras mentes, tanto de
encarnados quanto de desencarnados].
Dessa maneira, no âmbito da psicologia, o estudo da
conduta, considerada assim, assenta sobre um dualismo ou
uma dicotomia corpo-mente (o que já não era novidade
para os mais antigos filósofos que postularam: “mente
sã, corpo são”.
Segundo a tradição do mais puro idealismo a mente
[Espírito] tem existência própria e é o ponto de origem
de todas as manifestações corporais; segundo essa
perspectiva, o corpo é somente um instrumento ou veículo
do qual se vale a mente [alma] para se manifestar. A
raiz religiosa desse esquema é fácil deduzir.
Na história do conceito de conduta em psicologia, tem
importância o artigo de Watson, publicado em 1913, que
inicia a corrente ou escola chamada de Comportamentalismo
ou Behaviorismo, no qual sustenta que a psicologia
científica deve estudar só as manifestações externas
(motoras, glandulares e verbais); aquelas que podem ser
submetidas à observação e registro rigoroso, tanto como
a verificação. Já antes de Watson, Pillsbury havia
definido a psicologia como a ciência da conduta e Angell
– integrante da escola funcionalista – antecipava a
substituição da mente pela conduta como objeto da
psicologia, o que foi um redirecionamento muito feliz
vez que agora seriam verificadas as causas e
não mais as consequências dos fenômenos psicológicos.
Seguindo o pensamento de Pichon Rivière detectamos três
áreas de conduta: 1) - área da mente; 2) - área do
corpo; 3) - área do mundo externo.
Podemos representar os três tipos de conduta como três
círculos concêntricos e os enumeramos como um, dois e
três, que correspondem respectivamente, aos fenômenos
mentais, corporais e os de atuação no mundo externo:
1 - Área da Mente
2 - Área do Corpo
3 - Área do Mundo Externo.
As manifestações das três áreas coexistem de forma
relativamente equivalente e de tal maneira que todas têm
o mesmo sentido ou constituem uma mesma reação a uma
dada situação.
Sem embargo, pode ocorrer – também – uma contradição
entre as áreas de conduta e é nesse terreno da
contradição que Freud “esbarrou” sem ver, sem
notar e sem saber, na zona espiritual.
O que é uma contradição nas distintas áreas da conduta?
A contradição em distintas áreas ocorre, num mesmo
momento, também tanto em condições normais como
patológicas, quando, por exemplo, deseja-se comparecer a
uma entrevista e, ao mesmo tempo, chega-se depois da
hora fixada (contradição entre as áreas um e três);
quando se deseja ser cordial e, ao mesmo tempo, está-se
tenso (áreas um e dois), quando se age afetuosamente e,
ao mesmo tempo, está-se com o corpo tenso (áreas três e
dois).
Essas contradições entre as manifestações nas distintas
áreas da conduta, que se apresentam de forma simultânea,
correspondem ao fenômeno mais geral conhecido como: dissociação
da conduta ou divisão esquizóide.
O caráter contraditório ou conflituoso da conduta foi
estudado muito detalhadamente por Freud e constitui uma
contribuição fundamental da escola psicanalítica; mas
Freud, que não mantinha a teoria no plano da conduta
concreta, viu-se levado à hipótese da
existência de uma segunda mente, ou [e aqui ele
descamba para a teoria animista] uma parte especial da
mente, que já não era de caráter consciente e sim
inconsciente, e que estava com a parte consciente em um
jogo recíproco, de cujos vaivéns dependia a conduta
concreta.
O desenvolvimento da hipótese da existência de uma segunda
mente, levaria Freud à zona espiritual, mais
especificamente ao terreno pantanoso das obsessões tão
bem estudado por Allan Kardec. E o que Freud detectou
como “uma parte especial da mente”, outra coisa
não teríamos aí do que as expressões do animismo.
No terreno das contradições das áreas da conduta, Freud
teria encontrado a “ponte” para a zona espiritual
e, se tal tivesse ocorrido, a psicologia estaria hoje
avançando em segurança de mãos dadas com o Espiritismo
no campo metafísico, resolvendo de forma holística as
magnas e cruciais questões do comportamento humano.
Não temos dúvida que num futuro - talvez nem tão remoto
assim - tal associação se dará, o que evidentemente
muito enriquecerá a psicologia. Jung, Assagioli, Maslow,
S. Grof e outros já começaram a construir uma
pequena “pinguela”, sobre o rio do preconceito, avançando
por terrenos que Freud não pisou. Outros, com certeza,
os seguirão...
Joanna de Ângelis em livros de sua “série
psicológica”, psicografados por Divaldo Franco, está
transformando essa pequena “pinguela” de Jung e
seus colegas em uma grande, bem pavimentada e iluminada
PONTE, onde estão transitando livremente as informações
novas dos Planos Maiores da Vida para a Terra,
auxiliando assim o homem a conhecer-se a si mesmo e,
consequentemente, a viver melhor e progredir sempre,
sem cessar, pois tal é a Lei!...