Vamos para Nosso
Lar
É comum ouvirmos
frequentadores
das Casas
Espíritas
afirmando
desejarem ir
para a Colônia
Nosso Lar após o
desencarne. Será
que isso é
possível para
todos? Há também
questionamentos
de alguns
confrades, com
dificuldade de
aceitar um mundo
espiritual muito
parecido com o
nosso, como, por
exemplo, nos é
relatado em Nosso
Lar,
primeira obra da
série “A Vida no
Mundo
Espiritual”, de
André Luiz,
psicografada por
Francisco
Cândido Xavier.
Para
respondermos a
essas questões,
inicialmente
vamos relembrar
alguns conceitos
e informações
importantes
contidas nas
obras da
Codificação
Espírita.
Nosso destino
imediato após a
desencarnação
depende do grau
de adiantamento
moral de nosso
Espírito. Em
nosso mundo há
um número
considerável de
Espíritos
inferiores, com
perispírito tão
grosseiro, que
permanecem na
superfície
terrestre,
acreditando
estarem
encarnados. Há
também Espíritos
um pouco mais
desmaterializados
sem, porém,
conseguirem se
elevar além dos
limites do
planeta (1).
Ora, se tais
Espíritos
permanecem na
Terra, onde se
encontram? Para
quem estranha o
conceito de
colônias
espirituais com
moradias e
outras
semelhanças com
os recursos
encontrados no
plano material,
o Codificador
nos ensinou:
nosso mundo é um
pálido reflexo
do mundo
espiritual, onde
os Espíritos se
aproximam e
formam grupos de
acordo com
interesses em
comum, laços de
simpatia, ou
também pela
necessidade de
estarem entre
seus
semelhantes.
Assim, uma
cidade celeste
pode ter
sociedades boas
ou más (2).
Temos também n´O
Céu e o Inferno,
uma das obras
fundamentais da
Doutrina
Espírita, a
Condessa Paula
citando moradas
aéreas
rivalizando com
nossos palácios
e salões
dourados, além
de menções a
moradas
espíritas e
habitações dos
Espíritos na
Revista
Espírita, que
traz ainda uma
mensagem de
Mesmer com
conteúdo muito
próximo ao texto
mencionado
acima,
enfatizando a
semelhança entre
o mundo material
- construído com
material e
grosseiro - e o
reino Espiritual
- fluídico e
etéreo - do qual
o mundo material
seria uma imagem
imperfeita (3).
Assim,
entendemos ser
normal dar o
nome de colônias
espirituais às
cidades celestes
onde há grupos
formados por
Espíritos afins,
de certa forma
presos aos
limites de nosso
planeta, tido
como uma
imitação
grosseira do
mundo espiritual
formam grupos no
mundo
espiritual.
Aliás, o próprio
Kardec usou o
termo colônia ao
descrever a
vinda de
Espíritos
manchados de
vícios, exilados
na Terra nos
tempos de Adão,
apartados de
uma colônia de
um mundo
melhor. (4).
Outra questão
levantada por
espíritas
neófitos
desconfortáveis
com a semelhança
entre nosso
mundo e as
colônias
Espirituais é:
como os
Espíritos
conseguem criar
colônias
espirituais? O
Codificador nos
esclarece sobre
a capacidade dos
Espíritos de
agirem sobre os
fluidos
espirituais.
Para eles, o
pensamento e a
vontade
equivalem às
nossas mãos e,
dessa forma,
reúnem, assentam
ou espalham
fluidos, mudam
suas
propriedades,
criando objetos
e conjuntos (5).
Encontramos um
exemplo dessa
criação fluídica
no livro Nas
Voragens do
Pecado, de
Yvonne do Amaral
Pereira, quando
descreve o
trabalho feito
por Espíritos
benfeitores,
preocupados com
um irmão
desgarrado,
reconstruindo o
local onde
haviam se
encontrado
durante a última
reencarnação.
Colônias,
edificações e/ou
cidades
espirituais
foram relatadas
por outros bons
escritores em
inúmeras
ocasiões, entre
eles Swedenborg,
Reverendo Owen,
Cairbar Schutel,
Yvonne do Amaral
Pereira e
Francisco
Cândido Xavier.
Considerando
nosso nível de
evolução
espiritual, é
natural não
termos muita
informação de
cidades
espirituais mais
elevadas. Assim,
a maioria das
colônias
mencionadas na
literatura
Espírita se
localiza nos
limites da
Terra. Em Nosso
Lar,
conhecemos as
dificuldades de
André Luiz
visitar sua mãe,
Espírito
habitante de
colônia mais
elevada, se
comparada com
Nosso Lar.
Aprendemos
também ali sobre
Alvorada Nova,
outra colônia
localizada na
Terra, também
superior a Nosso
Lar.
Também em Nosso
Lar, estudamos
sobre o Umbral,
local que lembra
o Purgatório,
pelos
sofrimentos e
pela condição de
lugar
intermediário
entre a Terra e
a colônia
espiritual. De
fato, entendemos
ser nosso
planeta como um
Purgatório:
local
passageiro,
mundo de
expiações e
provas onde os
Espíritos expiam
também enquanto
desencarnados (6).
Não devemos
estranhar,
portanto, termos
Postos de
Socorro a
Espíritos
desorientados,
pois, como já
citamos, muitos
desencarnam sem
entender não
mais pertencer
ao mundo
material. Esses
Postos, citados
nas obras de
André Luiz, por
exemplo, servem
de
intermediários
para o
encaminhamento
de Espíritos às
Colônias
Espirituais.
Dessa forma,
Deus, em sua
infinita
sabedoria e
bondade, permite
a tais Espíritos
uma transição
sem saltos.
Voltemos então à
questão inicial,
quanto à nossa
ida para Nosso
Lar.
Inicialmente,
devemos
compreender que
nossa presença
naquela colônia
vai depender de
alguns fatores,
a saber:
1. Nossa
condição
espiritual:
Nosso Lar é uma
estância de
Espíritos
endividados, não
uma estância de
Espíritos
vitoriosos (7).
Quando estudamos
as diferentes
ordens de
Espíritos e a
Escala Espírita,
e os Mundos de
expiações e de
provas (8),
facilmente
percebemos
sermos na
maioria
Espíritos
imperfeitos.
Assim,
possivelmente
teremos
dificuldade de
nos elevar
espiritualmente
além da Terra e,
nesse caso,
provavelmente
seremos
candidatos a uma
estada numa
colônia
espiritual, mais
cedo ou mais
tarde.
2. Nossa
localidade, ou
condição
cultural: Nosso
Lar é uma
colônia de
transição,
localizada ainda
no Umbral, e
encontra-se na
ionosfera, sobre
a cidade do Rio
de Janeiro (9).
Caso pertençamos
à maioria dos
Espíritos
endividados que
reencarnam na
Terra, mas não
sejamos oriundos
ou conectados
espiritualmente
ao Rio de
Janeiro, iremos
para outra
colônia ligada à
região em que
vivemos ou onde
tivermos uma
relação mais
profunda.
Não devemos
desanimar, porém
com tais
informações.
Deus nos dá
inúmeras
oportunidades de
progredirmos e a
maior delas está
ao nosso lado e
muita vez não
nos damos conta
disso.
De fato, os
laços de família
são essenciais
para nossa
evolução
espiritual.
Somente
avançaremos na
escala Espírita
por meio do
convívio social,
e a família tem
papel
fundamental
nessa caminhada.
Convivemos com
Espíritos afins,
membros de nossa
família
espiritual,
encarnados e
desencarnados,
cujos laços de
simpatia e de
comunhão de
pensamentos nos
unem há tempos e
permanecerão
mesmo após
nossas
encarnações.
Somos provados
também
convivendo com
outros
Espíritos,
colocados em
nossa vida para
evoluírem. Há
outras ocasiões
nas quais nós
podemos ser
esses Espíritos
em busca de
expiar e reparar
erros do
passado. Deus
nos deu nossas
famílias para
aprendermos a
amar como
irmãos. O amor e
a caridade
começam,
portanto, na
família. Temos o
dever de
contribuir para
o progresso e a
educação dos
outros,
incluindo a
missão de
desenvolver
nossos filhos
pela educação e
de respeitar e
amparar nossos
pais (10).
Dessa forma,
quando nos
dirigirmos para
a nossa casa,
pensemos: “Estou
indo para o
convívio com
minha família.
Tenho hoje a
oportunidade de
auxiliar outros
Espíritos muito
importantes para
mim, a partir do
meu exemplo, da
prática da
caridade, sendo
benevolente,
indulgente e
perdoando-os,
como eu também
quero ser
perdoado. Que
maravilha! Já
estamos morando
em “nosso lar”.
Não preciso mais
rezar para ir
para Nosso Lar.”
Agradeçamos a
Deus por nossa
família, por
nosso lar,
trabalhemos no
limite das
nossas forças
para fazermos o
bem para todos
os Espíritos que
nos cercam, uma
vez que o
conceito de
família
espiritual nos
permite entender
sermos todos
irmãos e, assim,
considerarmos
também nosso
planeta Terra
como Nosso Lar!
Referências:
1. KARDEC,
Allan. A
Gênese. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra
da 5ª ed.
francesa, de
1869. 2ª ed. 1ª
imp. Brasília:
FEB, 2013. Cap.
XIV, item 9.
2. _____. O
Livro dos
Espíritos. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra.
4ª ed. 5ª imp.
Brasília: FEB,
2018. Questões
96 a 113.
3. NETO
Sobrinho, Paulo
da Silva. Artigo
publicado n’O
Consolador: Colônias
espirituais
seriam lugares
circunscritos,
como assim? Parte
2. Disponível
aqui: LINK.
Acesso feito em
10 de fevereiro
de 2024.
4. _____. A
Gênese. Op.cit.
Cap. XI, item
46.
5. _____.
Idem, ibidem.
Cap. XIV, item
14.
6. _____. O
Céu e o Inferno. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra.
2ª ed. 1ª imp.
Brasília: FEB,
2013. 1ª Parte,
Cap. V.
7. XAVIER,
Francisco
Cândido Xavier. Nosso
Lar. Obra
psicografada de
André Luiz. 64ª
ed. Brasília.
FEB, 2014. Caps.
5 e 6.
8. KARDEC,
Allan. O
Livro dos
Espíritos. Op.
Cit. Introdução
item X e
questões 278 e
279 e
_____. O
Evangelho
Segundo o
Espiritismo. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra.
2ª ed. 1ª imp.
Brasília: FEB,
2013. Cap. III,
item 13
9. XAVIER,
Francisco
Cândido Xavier e
CUNHA,
Heigorina. Cidade
no Além. 1ª
ed. Araras: IDE,
2007.
10. _____. O
Livro dos
Espíritos. Op.
Cit. Questões
204, 205, 208 e
774 e
_____. O
Evangelho
Segundo o
Espiritismo. Tradução
Op. Cit. Cap.
XIV.
Rodolfo
Collevatti,
palestrante e
conselheiro do
Centro Espírita
Divino Mestre,
reside em São
José dos Campos
(SP).