Perceber para mudar
Muitas pessoas se queixam de que se tivessem acesso ao
Espiritismo no início das suas vidas poderiam dar um
direcionamento diferente aos acontecimentos.
Não há dúvida que uma boa orientação com base na
evangelização espírita ajudaria de forma preventiva a
não cometermos certos equívocos.
Porém, a psicoterapia moderna explica que nem tudo
depende de uma orientação, pois duas pessoas que recebem
a mesma educação e evangelização podem ter desfechos de
vida completamente diferentes, pois existem vários
fatores internos e externos que interferem para isso.
A explicação reside na história espiritual de cada um de
nós; em outras palavras, naquilo que precisamos
amadurecer moralmente para evoluirmos.
O ser humano aprende uns com os outros, da mesma forma
que repara suas faltas cometidas com outras pessoas que
cruzam seu caminho. Isso explica uma célebre frase: O
que aqui se faz, aqui se paga.
Allan Kardec nos mostra isso na pergunta 998 d’O
Livro dos Espíritos, quando cita:
A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado
espiritual?
A expiação se cumpre durante a existência corporal,
mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e,
na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes
ao estado de inferioridade do Espírito.1
Curiosamente, durante nossa trajetória de vida, onde
cometemos erros, aprendemos também muitas coisas
relevantes para nossa evolução. Erramos em alguns
aspectos, porém acertamos em outros e até nos superamos
em aspectos que julgávamos totalmente incapazes ou
imaturos. Um combo de acontecimentos para ser
compreendido e revisado.
O planeta Terra é uma grande escola de almas em processo
de amadurecimento contínuo do senso moral para todos
nós. Se conseguirmos superar os erros ao longo dos anos
e não os repetir, isso já representa muito, embora
sabendo que às vezes é quase impossível reencontrar
nossos antigos parceiros de caminhada ou até
desnecessário, para uma reconciliação.
Segundo a Doutrina Espírita, devemos entregar nas mãos
de Deus o processo de reparação das faltas que
cometemos, principalmente quando tomamos a plena
consciência da dimensão do erro para as pessoas a quem
prejudicamos.
Em alguns casos, só o tempo para o espírito conseguir se
dar conta dos erros repetitivos que ocorrem em sua vida
com o objetivo de mudar sua conduta e sua maneira de
proceder para com o semelhante.
Existem condicionamentos atávicos da alma que só
conseguem ser modificados ao longo de uma nova
encarnação, envolvendo outras pessoas em novas
circunstâncias para repetirmos o condicionamento até
percebermos e promovermos a mudança. Isso pode levar
décadas, pois sem orientação adequada acreditamos que
faz parte da nossa personalidade ou da cultura social de
onde vivemos.
Despertar para um ciclo de repetições atávicas, exige
muito tempo e percepção da nossa parte. Dessa forma
exigindo de uma nova encarnação, uma oportunidade de um
despertar para nosso crescimento e libertação das
dificuldades que nos prendem ao nosso passado.
Allan Kardec não poderia ser mais objetivo, quando
pergunta ao Espírito da Verdade:
É um castigo a encarnação e somente os Espíritos
culpados estão sujeitos a sofrê-la?
A passagem dos Espíritos
pela vida corporal é necessária para que eles possam
cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios
cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem
deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer
lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência.2
Referências:
1) Kardec, Allan; O Livro dos
Espíritos; Cap. II - Expiação e arrependimento - p.
998: FEB.
2) Kardec, Allan; O Evangelho segundo
o Espiritismo; Cap. IV - Necessidade da
reencarnação; p. 25; FEB.
3) Wikipédia (A Enciclopédia
Livre).
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