Sem pressa para ser feliz
“Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e
o que você faz estão em harmonia.” (Mahatma Gandhi)
Pode parecer paradoxal não termos pressa para sermos
felizes. Porém, em realidade se trata de um processo de
dentro para fora que implica profundo e demorado
mergulho interior, que nos leva ao autoconhecimento. Por
esse caminho vamos vencer as barreiras que nos impedem
de desfrutar da felicidade. Em seu livro Ética a
Nicômaco, o pensador Aristóteles também realizou
estudos sobre o que é a felicidade e como alcançá-la.
Para o filósofo, a felicidade é o objetivo que todos nós
buscamos, ou seja, o bem e desejo maior que guia todas
as ações humanas. Afinal, quem não quer ser feliz? Ele
usava o termo grego “eudemonia” – eu (bem) e daimon
(espírito) –, que pode ser traduzido como “felicidade”,
mas também carrega os sentidos de “prosperidade”,”
riqueza”, “boa fortuna”, “viver bem” e “florescimento”.
Devemos considerar que para sermos felizes temos que
compartilhar esse sentimento com outrem, pois
isoladamente sentiremos uma “felicidade relativa” que
poderia até ser considerada “egoísta”, já que ao
comentarmos com alguém o nosso júbilo, revivemos aqueles
momentos. Por outro lado, quando Aristóteles afirma que
aquelas aquisições citadas nem sempre nos levam à
felicidade verdadeira. Muitos estão vivenciando
“conquistas”, mas carentes da felicidade não
compartilhada que deságua num sentimento “vazio”.
Porém a própria felicidade tem os seus caminhos
tortuosos para que se concretize plenamente. A
princípio, temos pelas palavras do Divino Mestre,
segundo João 18:36: “Respondeu Jesus: O meu reino não é
deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo,
pelejariam os meus servos, para que eu não fosse
entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui”.
Obviamente, sendo o orbe terrestre um mundo de provas e
expiações, a felicidade em sua essência não pode ser
vivida ainda na Terra. Ela representa algo fugaz e
muitas vezes tão sutil, que não nos apercebemos...
Considerando que Jesus nos prometeu a Sua Paz, ainda
estamos conturbados e envoltos nas nossas imperfeições
buscando a felicidade, que está muito aquém daquela Paz
que nos foi prometida. É preciso valer-se da paciência e
saber esperar...
No livro Vida Feliz, cap. LXIV, pg.74,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, do Espírito
Joanna de Ângelis, encontramos: “(...) Refaze conceitos,
acalma-te e abençoa a vida na forma como se te
apresente. A tua atual existência é rica do que
necessitas para ser feliz.” Nessa mensagem entendemos
que o açodamento de nada nos serve. Busquemos a
paciência e a sabedoria de esperar o tempo de cada
coisa.
Essa postura não comporta a inércia e sim a
perseverança, que é a “consolidação da vontade”. Temos,
ainda, que admitir o “mérito” da conquista que, pelo
esforço, já se torna um grande passo, porém o êxito não
se restringe a ele. O merecimento vem do Alto, pelo
reconhecimento daquilo que deve ser melhor para nós, em
face das nossas realizações e necessidades evolutivas.
Isso nos remete a vivenciar o bom senso e a sabedoria de
viver.
Na Revista Espírita de Janeiro de 1860, pg.17,
temos este esclarecimento: “(...) Com a certeza do
futuro, tudo para ele muda de aspecto; o presente é
apenas efêmero e o vê passar sem lamentar-se; é menos
apegado aos prazeres terrenos, porque só lhe trazem uma
sensação passageira, fugidia, que deixa vazio o coração;
aspira a uma felicidade mais duradoura e,
consequentemente, mais real. E onde poderá encontrá-la,
senão no futuro? Mostrando-lhe, provando-lhe esse
futuro, o Espiritismo o liberta do suplício da
incerteza, e isso o torna feliz. Ora, aquilo que traz
felicidade sempre encontra partidários”.
Considerando tudo isso, a nossa filosofia de viver com
resignação e resiliência favorecerá alcançarmos tudo que
nos possa trazer felicidade. Observemos o que diz o
Apóstolo Paulo em 2 Coríntios 4:16: “Por isso não
desanimamos. Embora exteriormente estejamos a
desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia
após dia”. (Felicidade é o sentimento vivo quando
compartilhado.)