Espiritismo
para crianças

por Marcela Prada

 

Tema: Equilíbrio emocional, autocontrole


A tempestade


Havia uma bela floresta onde moravam muitos animais. Todos costumavam passar seus dias tranquilamente, por isso a Coruja ficou muito surpresa quando viu a Pomba voando desesperadamente por entre as copas das árvores.

Com suas asas fortes, a Coruja logo alcançou a outra ave e perguntou:

- Minha nossa, Pombinha, por que está tão agitada? Aconteceu algum problema? 

- Vamos fugir, Coruja! Ou nos esconder... Temos que construir um abrigo! Estamos todos perdidos! - a Pomba falava muito apressada enquanto batia as asas desajeitadamente. 

A Coruja percebeu que a Pomba precisava de ajuda e voou ao lado dela até pousarem numa árvore de copa grande e poderem conversar. A Coruja, então, pediu que a Pomba se acalmasse, respirasse fundo e explicasse o que estava acontecendo.

- Tem nuvens enormes no céu, Coruja... Vai cair uma tempestade horrível! 

A Coruja observou o horizonte e, de fato, havia muitas nuvens escuras chegando. 

- Realmente, Pombinha, acho que vai chover logo. Mas qual é o problema?

- O vento pode quebrar os galhos! A chuva vai deixar a terra toda molhada, alguém pode escorregar no barro! E os raios! Os trovões! Vai ser um desastre - disse a Pomba, tremendo. 

Ela estava esperando para ver a reação da Coruja, mas ficou surpresa quando a amiga só estufou um pouco as penas. 

- Você não ouviu o que eu disse, Coruja? Não está entendendo a gravidade da situação? 

- Entendi perfeitamente, Pombinha. Logo vai chover, por isso estou mexendo nas minhas penas para me proteger mais do frio. 

- Só isso? - disse a Pomba com a voz esganiçada. - Precisamos fugir! Avisar os outros animais! Fazer alguma coisa...

- Minha amiga, - chamou a Coruja - você acha que esta é a primeira vez que chove na floresta?

A Pomba ficou surpresa com a pergunta.

- Claro que não, Coruja... É que vai ser uma grande tempestade, maior do que todas as outras...

- Ainda não temos como saber disso. E, mesmo que for, ainda vai ser só uma chuva. Os animais pequenos vão se esconder em suas tocas, os animais grandes vão procurar abrigo, o vento vai derrubar os galhos fracos, a chuva despertará as sementes... De um jeito ou de outro, a floresta se renovará e o sol voltará amanhã.

A Coruja convidou a Pomba para passar a noite junto com ela em sua árvore oca. Lá elas passaram o tempo conversando, enquanto a chuva caía. 

Na manhã seguinte, o ar estava fresco e as folhas estavam decoradas com pingos prateados. A Pomba agradeceu à Coruja e saiu para seu passeio matinal. Observando em volta, a Pombinha pensou como a chuva foi boa para a floresta e como, na verdade, ela mesma tinha criado “tempestade em poça d'água”.

 

(Texto de Lívia Seneda.)



 


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