Tema: Equilíbrio emocional, autocontrole
A tempestade
Havia uma bela floresta onde moravam muitos animais.
Todos costumavam passar seus dias tranquilamente, por
isso a Coruja ficou muito surpresa quando viu a Pomba
voando desesperadamente por entre as copas das árvores.
Com suas asas fortes, a Coruja logo alcançou a outra ave
e perguntou:
- Minha nossa, Pombinha, por que está tão agitada?
Aconteceu algum problema?
- Vamos fugir, Coruja! Ou nos esconder... Temos que
construir um abrigo! Estamos todos perdidos! - a Pomba
falava muito apressada enquanto batia as asas
desajeitadamente.
A Coruja percebeu que a Pomba precisava de ajuda e voou
ao lado dela até pousarem numa árvore de copa grande e
poderem conversar. A Coruja, então, pediu que a Pomba se
acalmasse, respirasse fundo e explicasse o que estava
acontecendo.
- Tem nuvens enormes no céu, Coruja... Vai cair uma
tempestade horrível!
A Coruja observou o horizonte e, de fato, havia muitas
nuvens escuras chegando.
- Realmente, Pombinha, acho que vai chover logo. Mas
qual é o problema?
- O vento pode quebrar os galhos! A chuva vai deixar a
terra toda molhada, alguém pode escorregar no barro! E
os raios! Os trovões! Vai ser um desastre - disse a
Pomba, tremendo.
Ela estava esperando para ver a reação da Coruja, mas
ficou surpresa quando a amiga só estufou um pouco as
penas.
- Você não ouviu o que eu disse, Coruja? Não está
entendendo a gravidade da situação?
- Entendi perfeitamente, Pombinha. Logo vai chover, por
isso estou mexendo nas minhas penas para me proteger
mais do frio.
- Só isso? - disse a Pomba com a voz esganiçada. -
Precisamos fugir! Avisar os outros animais! Fazer alguma
coisa...
- Minha amiga, - chamou a Coruja - você acha que esta é
a primeira vez que chove na floresta?
A Pomba ficou surpresa com a pergunta.
- Claro que não, Coruja... É que vai ser uma grande
tempestade, maior do que todas as outras...
- Ainda não temos como saber disso. E, mesmo que for,
ainda vai ser só uma chuva. Os animais pequenos vão se
esconder em suas tocas, os animais grandes vão procurar
abrigo, o vento vai derrubar os galhos fracos, a chuva
despertará as sementes... De um jeito ou de outro, a
floresta se renovará e o sol voltará amanhã.
A Coruja convidou a Pomba para passar a noite junto com
ela em sua árvore oca. Lá elas passaram o tempo
conversando, enquanto a chuva caía.
Na manhã seguinte, o ar estava fresco e as folhas
estavam decoradas com pingos prateados. A Pomba
agradeceu à Coruja e saiu para seu passeio matinal.
Observando em volta, a Pombinha pensou como a chuva foi
boa para a floresta e como, na verdade, ela mesma tinha
criado “tempestade em poça d'água”.
(Texto de Lívia Seneda.)