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por Bruno Abreu

 

O mandamento de Jesus


“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.  Este é o primeiro e grande mandamento.  E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. “ -  Mateus 22:37-39


Ouvimos muito falar em amor, que devemos amar e parece-nos algo tão simples, mas a verdade é que não o temos conseguido fazer. Se o fizéssemos, o mundo viveria em harmonia.

Por que não o conseguimos fazer? Esta pergunta parece muito lógica, uma vez que continuamos a viver em desarmonia e envoltos em conflitos, mas antes de fazermos esta deviríamos colocar uma outra:

– O que é o amor? Pelo menos o que Jesus nos aconselha.

Pode parecer uma pergunta ridícula, pois todos nós achamos que sabemos o que é. E se a causa de não o fazermos é precisamente por não sabermos o que é?

Para que nos facilite esta ponderação, vamos tentar perceber o mais fácil, que é amar-nos a nós.

Termos uma ideia boa sobre nós não é este amor, pois o orgulhoso tem as melhores ideias sobre si próprio, coloca-se em um pedestal e o orgulho não é amor.

Termos vontade de determos bens não é amor, pois o avarento acumula tudo o que pode e não pode ser considerado amor. Quando compramos coisas para nos mimarmos, não quer dizer que nos amamos, apenas acedemos positivamente a um desejo, o que nos traz alguma alegria momentânea.

Termos o mais que conseguirmos e não oferecermos aos outros, não é amor, pois o egoísta quer tudo para si e não pode ser considerado amor.

Realizarmos os nossos caprichos ou desejos, não é amor, embora nos satisfaçam, mas logo aparecem novos para nos desafiar.

Qual a forma de nos amarmos?

O amor tem de estar preenchido de paz e serenidade e ser durador. Não pertence a qualquer emoção nem nasce em qualquer desejo.

O amor é um estado de espírito que aparece quando a mente e os seus desejos, não existem. É o que sobra após todas as ideias terminarem. É pacifico e forte, não necessita de qualquer realização terrena.

É a linguagem de Deus e Jesus aconselha-nos a ser essa linguagem na primeira regra a oração.       

O Mestre afirma que, se queremos orar, procurarmos os nossos aposentos e em silencio mental, que Deus em silencio escuta, permanecermos em oração.

Quando deixa de existir a ansiedade da mente, os desejos do ser psíquico terreno, a nossa busca insaciável através do barulho do pensamento, sobra a pureza do ser, onde está a linguagem do amor e das maiores virtudes espirituais, como a humildade.

Por isso, o Mestre nos indica que o amor ao próximo e a nós próprios é semelhante ao amor a Deus.

O silêncio que é mencionado aqui no texto não é um silêncio fabricado por nós, de breves segundos, mas um silêncio de abstinência do próprio ser mental, motivado por uma vontade de não sermos mais.

Sei que tudo isto é muito confuso, mas é importante que se questione sobre tudo isto, onde está incluído o amor. A confusão nasce da crença de que somos o ser terreno, mesmo quando afirmamos que somos um espirito a vivenciar o ser terreno.

A construção mental é o ser terreno, que é formado pelo movimento da mente, o pensamento.  Tudo isto se torna barulho e ensurdecedor.

Este barulho, que achamos que somos nós, cria a ideia do amor, como cria a do ódio, ou do orgulho, ou do egoísmo, de todos os defeitos humanos e todas ideias sobre as virtudes, que se limitam a existir no barulho das ideias mentais. Por isso o amor se aproximar das realizações dos desejos, acreditando que nos mimamos, quando na verdade nos prendemos à realização dos prazeres.

Quando nos abandonamos, na verdade estamos a abandonar a estrutura mental que é a criadora do orgulho, do egoísmo ou da ideia do amor, e o que sobra no silencio do abandono é a linguagem de Deus, pois atravessamos os vendavais do apego terreno e chegamos ao silencio do ser, que não acontece pelo esforço, mas surge pelo desapego.

Aproximamo-nos do Reino de Deus, que está dentro de nós e contemplamos o amor, que é o mesmo nos mandamentos, pois, segundo o Mestre, o amor ao próximo e a nós mesmos, é semelhante ao amor a Deus.  

Nesta vibração comtemplamos as virtudes que acontecem sem desejos de sermos virtuosos, mas por ser a natureza deste estado.

O amor não escolhe quem ama, pois não depende de ninguém. Este pertence ao ser que ama, é parte integrante do ser em si. Brilha para todos os lados, como o sol lança os seus raios, sem qualquer escolha. Se tivesse dependente do próximo, brilharia apenas para alguns o que faria com que o amor não estivesse naquele ser, mas na relação entre dois, pois dependia desta para brilhar.

O amor aparece no estado do ser, na busca do Reino de Deus, quando se percebe que não escolhemos amar, tal como não escolhemos ser filhos de Deus, já somos. Claro que não falo da carne, pois esta é filha da carne, nem do ser mental que vive na terra, este é filho da imaginação ou da ilusão e do apego a esta, que para alguns, termina com o padecimento da carne, para outros, permanece em baixas vibrações no lado espiritual.

O amor é a vibração do Filho de Deus, como a luz é uma emanação do sol. O sol nada faz para ser Luz.

Como tal, só pode ser uma vibração muito próxima ao Espírito, encontrada pelo desapego, pois é daqui que nascem todas as virtudes.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita