Artigos

por Eder Andrade

 

Reciprocidade vibratória


Existe uma grande dificuldade de relacionamento entre as pessoas decorrente de uma diferença de faixa vibratória. Antigos conhecidos do passado se aproximam com o objetivo de reconciliação e reparação. Curiosamente em uma mesma família existem pessoas que deveriam ser mais afins umas com as outras, porém isso não acontece.

Acabam encontrando afinidade em pessoas amigas e até estranhas ao convívio familiar, pois com essas pessoas conseguem estabelecer uma amizade que permite uma interação, que nem sempre encontram com seus familiares mais próximos.

De uma forma romanceada acabamos afirmando que são os irmãos do coração que encontramos ao longo da vida, quando temos muita dificuldade no relacionamento com nossos parentes consanguíneos. Poderíamos até dizer que os amigos são estrelas que Deus coloca em nosso caminho em uma noite sem lua, para iluminar nossa jornada.

Na visão espírita, a justiça de divina procura oferecer aos necessitados a oportunidade de reparação das faltas cometidas, para aqueles que assim desejarem. Já que evoluímos em ritmos diferentes e alguns avançam mais rápido do que outros, a solução, segundo o espírito André Luiz, é reencarnarmos junto de companheiros espirituais que precisam passar por provas semelhantes às nossas.

No livro Uma Vida de Amor e Caridade, psicografado por Chico Xavier em parceria com Izabel Bueno e ditado por diversos espíritos, vamos encontrar a linda mensagem do espírito Maria Dolores, que fala da nossa relação "Ante o Próximo". Procura nos exortar para entendermos a importância de saber conviver com o semelhante. (1)

A nossa evolução pessoal ocorre em parceria com o outro e não sem ele. O melhor exemplo é o exercício da caridade e da prática do amor ao semelhante. Existe uma reciprocidade provacional, onde ninguém se aproxima de uma outra pessoa desnecessariamente. No planejamento reencarnatório, espíritos que apresentam compromissos evolutivos semelhantes reencarnam juntos para atraírem e serem atraídos às situações que favoreçam o processo de aprendizagem reparador, estimulando a evolução pessoal de cada um. Ninguém, ao longo da vida, se aproxima ou se afasta em vão.

Somos professores e alunos ao mesmo tempo uns dos outros, de forma a reparar antigas faltas cometidas em existências passadas com espíritos que necessitem viver experiências semelhantes às nossas. Aprendemos com o próximo e com ele ajudamos e evoluímos. Uma parceria evolutiva, que só com o amadurecimento espiritual é possível compreender.

No livro Estante da Vida, psicografado por Chico Xavier e ditado pelo espírito de Humberto de Campos, vamos encontrar a passagem em que Nicodemos conversa com Jesus sobre a dificuldade de relacionamento com os semelhantes e o Cristo lhe diz: “não asseverei (nunca declarei) que os nossos adversários gratuitos estivessem fazendo o que deviam fazer... Esclareci, tão só, que eles não sabiam o que estavam fazendo e, por isso mesmo, se revelavam dignos da maior compaixão!...” (2)

Na conversa com Nicodemos, Jesus não deu razão às atitudes dos adversários, procurou mostrar que, devido a uma diferença acentuada de ponto de vista, eles não sabiam o que estavam fazendo. Dessa forma é necessário compreensão e compaixão. Não muito diferente de certos acontecimentos que observamos nas grandes cidades modernas do mundo em que vivemos em pleno século XXI. Quanto maior o nível de compreensão da realidade, maior a nossa responsabilidade diante da vida. Assim precisamos ter entendimento para lidar com as diferenças que se apresentam no nosso caminho.

Deus oferece aos homens dois caminhos para evoluir, o caminho do amor e o da dor. Em outras palavras, podemos evoluir de forma amorosa na convivência com as diferenças dos semelhantes ou numa relação conturbada com espíritos que apresentem desajustes e cobranças, que precisamos vivenciar. Apenas poucos casos específicos levam o espírito a solicitar uma encarnação provacional mais dura, exigindo perseverança e maturidade do senso moral. Com raríssimas exceções ocorre uma imposição da espiritualidade; geralmente a escolha é pessoal.

Existem estudos aprofundados na Universidade de Harvard que chegaram à conclusão que a felicidade é consequência da convivência de uns com os outros e ninguém evolui sozinho, com exceção de grandes missionários; e ainda assim eles precisam conviver pelo menos com os seus familiares e companheiros de jornada.

Deus promove a reencarnação de espíritos em núcleos que tenham uma grande semelhança de evolução e de necessidade na correção de falhas. Assim, somos realocados em famílias que apresentam os mesmos traços de evolução moral, necessários ao nosso crescimento e reajuste, mesmo que esse processo seja acompanhado de sofrimento, desde que resulte em crescimento positivo para o espírito.

Teoricamente sabemos que todos estamos neste orbe com o objetivo de promover nossa evolução espiritual individual e também coletiva.

Em O Livro dos Espíritos encontramos a resposta para uma pergunta que sempre nos fazemos: Com que objetivo Deus favorece a encarnação dos espíritos? “...com o fim de fazê-los chegar à perfeição”. (3)

           

Referências:

1)  Xavier, Francisco Cândido e Bueno, Izabel; Uma Vida de Amor e Caridade; (Espíritos Diversos); Ed. Fonte Viva

2)  Xavier, Francisco Cândido; Estante da Vida; Cap. 40 - Por que Senhor?; FEB.

3)  Kardec, Allan; Cap. II - Objetivo da Encarnação - pergunta 132; FEB.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita