Nos rumos da perfeição
Nossa inteligência não se modifica sem a aflitiva
visitação da dificuldade e da dor.
"A lâmina dos problemas inquietantes como que nos
tortura, dia a dia, constrangendo-nos à compreensão mais
justa da vida." - Meimei
Com muita propriedade, asseverou Lázaro: "(...)
em todos os pontos, a Doutrina de Jesus ensina a obediência e
a resignação, virtudes essas companheiras
inseparáveis da doçura e, ao contrário do que possa
parecer, são ambas muito ativas e não raro
confundidas erradamente com a negação do sentimento e da
vontade”.
Aos que não possuem essas virtudes, resta a alternativa
da revolta... e, aí, entram em cena os dolorosos
componentes corretores da rota desviada do fanal
assinado pelo Pai Celestial para todas as Suas
criaturas, fanal esse que é, nada mais nada menos que a
perfeição relativa que nos compete lograr.
Através da mediunidade singular de Chico Xavier, a doce
Meimei1 estabelece um esclarecedor paralelo
que nos leva a profundas reflexões sobre os
abendiçoados e imarcescíveis mecanismos das Leis
Divinas. Diz a Mentora Espiritual: "(...) nos
círculos da Natureza, observamos o arado rasgando o solo
e ferindo-o, e se a grande massa rochosa surge de
improviso, impedindo o esforço do lavrador, notamos que
a dinamite comparece, estilhaçando os obstáculos...
Assim também, nossa inteligência não se modifica sem a
aflitiva visitação da dificuldade e da dor.
A lâmina dos problemas inquietantes como que nos
tortura, dia a dia, constrangendo-nos à compreensão mais
justa da vida, e, se o endurecimento espiritual é a nota
de nossas reações ante a passagem da máquina
purificadora do sofrimento, surgem os impactos diretos
da aflição sobre a nossa experiência pessoal,
desintegrando-nos antigas cristalizações no egoísmo e no
orgulho.
Ofereçamos, assim, nosso coração ao Divino Lapidário que
é Jesus. Digne-se o Mestre fazer de nossa existência o
que Lhe aprouver. Os golpes sublimes da Sua Vontade
sobre os nossos desejos serão recursos de
aperfeiçoamento da maior importância para o nosso grande
futuro...
Se a dor nos procura, em forma de incompreensão do meio
ou na máscara de tristes desilusões da Terra,
abençoemo-la, acentuando a nossa fé viva em Nosso
Senhor, e continuemos servindo ao próximo, na medida de
nossas possibilidades, porque a dor é realmente Divina
Instrutora, capaz de elevar-nos da Terra para o Céu."
Nosso "Modelo e Guia Mais Perfeito” é JESUS...
Só Ele oferece o roteiro seguro para atingirmos a meta
comum a todas as criaturas do Pai: a perfeição
relativa! Tão somente o Amigo Divino poderá corrigir
nossos rumos libertadores em regime de "jugo suave e
fardos leves".
Recalcitrando, acionamos com a nossa revolta os
dispositivos corretores representados pelos sofrimentos
e aflições sem nome. A escolha é pessoal e
intransferível, de acordo com o livre-arbítrio de cada
um, sendo livres para optar, mas, inapelavelmente
submetidos ao compulsório da colheita.
Obediência e resignação ou "a
revolta insensata que deixa cair o fardo da provação"2;
eis a questão!
-
KARDEC, Allan. O Evangelho
Seg. o Espiritismo. 125.ed.
Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. IX, item 8.