O Centro
Espírita
A Casa Espírita é Escola
onde todos somos alunos
— o único Mestre é
Jesus!
Não devemos encarar o
Centro Espírita como
sendo apenas mais uma
casa de orações dentre
tantas que já existem
pelo mundo religioso de
hoje em dia!
É ele uma casa de
orações, sim, porque em
seu recinto o Espírito
se eleva até Deus,
erguendo ao Criador os
seus pensamentos e o seu
coração. A prece é
sempre agradável ao Pai
Celestial, quando ditada
pelo coração, porque a
intenção é tudo para o
Criador. Os homens
reunidos por uma
comunhão de bons
pensamentos e de
sentimentos puros têm
muito mais força para
atrair os bons Espíritos
e aí, sem dúvida alguma,
o coração aflito é
beneficiado mercê da
misericórdia divina,
através do socorro
amoroso dos amigos da
Espiritualidade,
mediante a recepção do
passe, da obtenção de
receitas mediúnicas, do
uso da água
fluidificada, até mesmo
das curas espirituais.
Então — o Centro
Espírita é também uma
casa de orações.
Mas não há de ser apenas isso
e nada mais.
Há de ser também um
hospital... Uma
escola... E uma
oficina...
Hospital ele é, talvez
não no sentido material
da palavra, mas em seu
aspecto espiritual. Pois
as dores da Alma, os
dramas da consciência,
os problemas emocionais,
as carências afetivas,
as angústias do coração
são bem mais cruciantes
do que as mazelas que
atingem apenas o corpo
somático.
Quantos buscam o Centro
Espírita ávidos de
tranquilidade para os
seus corações em
desassossego, diante da
desencarnação inesperada
de um ente querido! Ou
então, porque estão
sentindo os efeitos
massacrantes de um
remorso profundo! Ou
ainda, porque estão
vertendo o amargo pranto
de uma grande desilusão!
Quantos procuram no
recolhimento da Casa
Espírita o refrigério
para sua Alma, sofrida
no lar, diante de
parentes difíceis,
problemáticos,
irritadiços e odientos!
Quantos batem às portas
da Casa Espírita naquela
sede de paz à maneira
do viandante do deserto,
que vai anelante
procurando daqui e dali
o refrescante oásis na
secura do tórrido
ambiente em derredor!
O Centro Espírita há de
ser também uma
escola.
Não escola no sentido
tradicional de
estabelecimento de
ensino, administrando
noções de ciência,
rudimentos de letras,
coisas assim. Mas escola
para análise das Leis
que regem a vida. Escola
para a meditação acerca
dos postulados das
obras espíritas. Escola
para a vivência dos
ensinamentos de Jesus.
Escola onde todos somos
alunos — o único Mestre
é Jesus!
Escola onde quem sabe um
pouco mais está na
obrigação de distribuir
do que tem e do que se
sabe com os demais
companheiros de romagem
terrena.
Educandário da Alma, que
educa os sentimentos.
Que burila as emoções.
Que amplia os
horizontes. Que
aprofunda os
conhecimentos relativos
ao porquê das lutas que
enfrentamos, das dores
que sofremos, das
lágrimas que vertemos,
das dificuldades que
faceamos.
Educandário, sim, que
disciplina inclusive o
mediunismo,
transformando-o em
mediunidade gloriosa,
encarada e vivida como
ferramenta útil de
trabalho cristão, no
consolo e na orientação
tanto de encarnados como
de desencarnados.
O Centro Espírita é,
pois, uma escola. E não
só escola. Mas também uma
oficina. Oficina de
labor fraternal. De
trabalho para o Bem
comum. De atividades
conjugadas em construção
de uma humanidade mais
feliz!
Labora em equívoco quem
supõe apenas
trabalhe num Centro
Espírita aquele que seja
médium. Sem dúvida, o
médium que empresta seus
inestimáveis serviços à
Casa Espírita, está
trabalhando na Seara do
Cristo, desde que se
coloque na posição de
intérprete fiel dos
amorosos mensageiros do
Grande Além. Todavia, há
atividades outras no
movimento espiritista
nacional que independem
das faculdades
medianímicas; e são de
igual maneira
atividades importantes,
necessárias,
inadiáveis...
Vejamos exemplos mais
claros: há atividades
administrativas de
cujo desempenho depende
a boa condução dos
trabalhos da
Instituição. Para
executá-las, há uma
diretoria, com
presidente, secretário,
tesoureiro, etc. Ora, do
perfeito desempenho de
suas atribuições,
resulta a regularidade
dos horários, a
execução dos programas
traçados, a manutenção
dos serviços de
assistência social aos
necessitados, o
cumprimento das
obrigações legais do
Centro, como pessoa
jurídica, junto às
autoridades
constituídas, enfim, o
Centro Espírita cumpre
com suas obrigações e
deveres sociais no
contexto da comunidade
em que está inserido.
E o simples fato de não
pertencermos
pessoalmente à diretoria
não nos impede de
emprestar também aí a
nossa colaboração,
dentro de nossas
possibilidades e
habilidades, para que o
Centro possa cumprir com
o seu programa à frente
de encarnados e de
desencarnados a que se
propõe a servir.
Há atividades
doutrinárias como a
realização de sessões
de estudos, de aulas
sobre mediunidade (nos
cursos de educação
mediúnica), como as
reuniões de
evangelização infantil e
preparação dos jovens
para a vida, como a
realização de semanas
espíritas, as tardes
fraternas, as
solenidades em homenagem
a Kardec, a Bezerra de
Menezes, ao Livro dos
Espíritos (18 de
abril)... São atividades
através das quais se
difunde o Espiritismo,
podendo tal trabalho ser
complementado com a
venda de livros, a
instalação de Clube do
Livro, a edição de
jornais, a
representação de
periódicos com a
cobrança de assinatura e
obtenção de novos
assinantes, etc.
Ainda existem as
atividades assistenciais
com a distribuição de
vestes, de remédios, de
mantimentos, de
calçados, a famílias
carentes. Neste
particular, a família
espírita do Brasil dá
admiráveis exemplos de
beneficência com farta
rede de hospitais, de
gabinetes
médico-dentários, de
escolas de
alfabetização, de
lares-asilo, de
albergues noturnos,
dando o pão do corpo e o
pão da Alma a criaturas
de ambos os sexos e de
todas as idades.
Não esquecer, no
entanto, de estruturar
tais atividades de modo
tenham elas
autossuficiência; quer
dizer, sejam todas
dotadas de uma
infraestrutura
financeira que as
mantenha e não venham a
depender das verbas
oficiais. Em muitos
casos (lamentáveis, diga
se de passagem) há até a
ingerência indébita de
políticos que querem
obter vantagens pessoais
à custa do Espiritismo,
levando os dirigentes da
Casa Espiritista a
envolvimentos
perfeitamente
dispensáveis.
Por fim, há as atividades
mediúnicas, as
únicas capazes de
aliviar dores para as
quais a Medicina oficial
não raro se vê
praticamente ineficaz,
impotente, como é o
caso específico das
obsessões, só passíveis
de cura (ou pelo menos
de alívio) mediante os
recursos da terapêutica
espiritual.
Pois bem, para que tudo
isso seja realizado com
segurança, e alcance o
êxito desejado por
todos, dois aspectos
não devem ser
esquecidos. Vejamos: o
primeiro diz respeito à
necessidade de que o
trabalho seja feito em
regime de equipe. Nada
de ficar um só indivíduo
enfeixando nas mãos todo
o poder decisório! Que a
presença de um líder é
importante, é ponto
pacífico. Não se discute
seu poder de congregar
forças, de somar
esforços, de coordenar
elementos. Mas nem por
isso o líder irá
abraçar o mundo com as
pernas, como se diz na
linguagem comum. Quero
dizer, ele agirá de tal
modo que dará liberdade
de iniciativa a seus
companheiros para que
estes produzam dentro de
suas possibilidades. Só
assim o rendimento será
maior: não se
sobrecarrega a ninguém e
todos têm oportunidade
de dar o seu quinhão de
boa- vontade. E para que
isso seja realidade,
cada elemento se revista
do espírito de humildade
no sereno propósito de
trabalhar e de servir.
Então, o Centro Espírita
funciona, sim, como um
hospital, lembrando bem
aquele ninho agasalhador
amparando a ave que
foge, espavorida, da
fúria do temporal. Ali
aparece a figura de
Jesus, a repetir
mansamente aquelas
frases milenares: —
vinde a mim, ó vós que
sofreis, que estais
cansados e oprimidos,
que eu vos aliviarei.
Aprendei de mim que sou
manso. Tomai sobre vós o
meu jugo que é suave e
leve...
Neste aspecto, quantos
casais se reconciliaram!
Quantos jovens se
reajustaram com a vida!
Quantos companheiros
não desistiram das
ideias de suicídio! Só
porque encontraram no
Centro Espírita uma
palavra de consolo e de
orientação!... E se
isto se dá em relação
aos homens, outro também
ocorre relativamente aos
Espíritos sofredores.
Até ali sempre acorrem
em grupos sedentos de
paz, famintos de
sossego, encontrando aí
repouso para suas almas
doloridas!...
O segundo aspecto que
merece nossa atenção diz
respeito à formação de
sucessores. Ninguém tem
a pretensão de que ficará
para semente. Lá
um belo dia, sem que ele
mesmo espere, a morte o
surpreende! É lei
natural da vida! Se não
é a morte, pelo menos
pode ser um impedimento
sério imposto, por
exemplo, por uma doença
grave. Pois bem, este
afastamento do confrade
que estava à frente da
obra, caso não tenha
sido providenciada a
formação de sucessores,
poderá fazer com que a
atividade do grupo sofra
solução de continuidade.
Claro que o Plano
Espiritual supre as
nossas deficiências. A
rigor é ele mesmo quem
comanda nossos
empreendimentos
terrenos, sugerindo-nos
medidas, apontando-nos
iniciativas, mostrando
caminhos (sem que, às
vezes, isto nós
percebamos). Mas isto
não quer dizer devamos
deixar tudo à conta da
ajuda do Alto. A nossa
participação também
conta porque, senão,
onde o nosso mérito
individual? Onde a nossa
parcela humana na obra
que é de Deus e que, de
certa forma, depende de
nosso trabalho pessoal?
Muita coisa pode e deve
ser feita em benefício
da humanidade encarnada
e desencarnada, em
termos de consolação de
dores e de
esclarecimento das
mentes. E é justamente o
Centro Espírita, na
atualidade, aquele
ambiente onde esse
trabalho de amor tem
condições de ser
realizado desde que
todos nos dediquemos de
corpo e alma ao amor ao
próximo, como Jesus nos
amou.
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