Velhos livros, antigas canções
Estou vivendo um período diferente que está sendo bem
interessante. Curioso como, ao desatar alguns fios que
eu sempre achei que me davam segurança, comecei a me
sentir mais livre, com a percepção mais aguçada.
Eu diria que atravesso uma fase um tanto egoísta.
Não o egoísmo que tira das pessoas, mas o que faz olhar
para as próprias carências pretendendo resolvê-las.
Depois de ter caminhado muito chão e ter visto muita
coisa, sinto-me propenso agora a olhar para mim, como
que buscando uma síntese do que aprendi.
Não deixei de me preocupar com as pessoas, pois se assim
o fizesse estaria negando as convicções que sempre tive.
Ao contrário, acho que compreender a natureza humana é
um desafio necessário.
Nesse processo de tentar compreender a vida, fico
perplexo ao ver tantas pessoas se fatigando na mesma
rotina durante anos e anos, sem perspectiva de futuro,
com a mente presa a ideias imutavelmente cômodas. Eu sei
que tentar movê-las sem que elas queiram se mover é
contraproducente.
Pessoas e ideias devem estar sempre em movimento, e
quando isso não acontece é preciso trabalhar as ideias
para estimular as pessoas. Enfrentar a inércia propondo
ideias a quem não as tem, eis o caminho. Penso que só
assim se pode conviver com as imperfeições provisórias
de cada um, enquanto se cuida das próprias.
Encosto a cabeça nos ombros do tempo e compreendo que
sem ele nada se encaminha a contento. Essa conclusão não
me abate e nem me faz desistir de nada, apenas mudar
estratégias.
O Espírito imortal precisa de tempo e vidas, muitas
vidas, para se achar no mundo, e mais ainda, no
universo.
Enquanto busco contribuir de alguma forma com essa coisa
toda, vou relendo velhos livros (são os melhores),
ouvindo antigas canções (são as melhores), escrevendo
poemas, e acreditando sinceramente no gênero humano.
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