Pessoas congeladas realmente
poderão voltar à vida?
Fala-se há mais de 50 anos sobre a criogenia,
o processo do congelamento do corpo físico antes
e após a morte do corpo. As pessoas adeptas a
essa causa alegam com a esperança de que, mais
tarde, a ciência mais evoluída cure o mal que
levou o indivíduo à morte, podendo
ressuscitá-lo, ou seja, fazendo uso do mesmo
corpo. Seria o voltar a viver com toda sua
capacidade física, mental e emocional.
Também a promessa da criogenia seria de
possibilitar conhecer-se as descendências
hereditárias, além de dar objetivos efetivos
para os avanços tecnológicos para uma nova etapa
de vida. Assim, de congelamento em congelamento,
se alcançaria a tão sonhada imortalidade na
Terra.
Em 1962, Robert Chester Wilson Ettinger,
professor de física e escritor de ficção
científica, lançou um livro com fundamentos
criônicos: A perspectiva da imortalidade.
A criogenia seria o antídoto contra a morte. Mas
para isso ocorrer, há uma série de procedimentos
técnicos, como: colocar o corpo em nitrogênio
líquido, de cabeça para baixo, em grandes
cilindros de alumínio a temperatura de 196° C.
A posição do corpo – de cabeça para baixo –
seria uma preocupação, pois se o nitrogênio
vazar, daria tempo de, pelo menos, salvar a
cabeça. Essa precaução fundamenta-se de que na
cabeça está o cérebro, o motor do corpo, o
comandante de toda a estrutura orgânica do ser
vivo! Sede da mente, da inteligência, enfim, da
consciência humana. Salvando-o, o resto do corpo
poderia ser composto por uma estrutura mecânica
com ajuda de tecnologia própria. Esperanças
nesse sentido são fundamentadas na inteligência
artificial, que poderia construir um novo modelo
de corpo.
Essa ideia perseguiu e fascinou Robert durante
toda sua existência. Tanto o é, que, ao morrer,
em 2011, seu corpo foi congelado nas bases da
teoria da criogenia - visando a cura da causa da
sua morte.
Em 1970 já existiam seis empresas de criogenia
nos EUA. Mas é um sistema ainda carente de
muitos estudos, experimentações, conclusões.
Muitos desafios, mas que deposita em muitas
pessoas esperanças. Muitas esperanças de
continuar vivendo.
Afinal, o corpo é mesmo o único elemento
condutor da vida?
A questão da morte desperta no público,
principalmente para os espiritualistas, a
questão: a morte existe? Vamos desaparecer para
sempre? Temos ou não temos um futuro após a
morte do corpo?
Dentre outras doutrinas, a Doutrina Espírita
fundamenta que: a morte inexiste para o Espírito
e que os diversos corpos físicos o são apenas
sua morada temporária pelas várias
reencarnações; que as reencarnações são fases
necessárias para a evolução do Espírito, assim
criado por Deus com o fim divino de chegar à
perfeição.
O ser humano, cada um de nós, especificamente,
somos espíritos imortais vivenciando uma
experiência na carne. Somos resultado de uma
tríade formada de corpo físico,
perispírito e
o espírito.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Cap. 4, Allan Kardec descreve o célebre diálogo
de Jesus com o fariseu e mestre da lei
Nicodemos. Jesus é explícito e deixa clarificada
a situação divinamente separatória entre corpo e
espírito: o que é nascido da carne é carne e
o que é nascido do espírito é espírito".
Observa-se, sem sombras de dúvidas, que o
ensinamento do Mestre Galileu é pela dualidade
divina - corpo e espírito (João, 3:1 a 12).
Portanto, são dois elementos distintos,
que necessitam de um terceiro para se unirem; o
perispírito.
A Doutrina Espírita nos ensina que há o
perispírito; que é o elo de ligação, o laço que
vai unir o espírito ao corpo físico, célula a
célula, como um abraço duradouro enquanto for a
vontade do Criador.
O Espírito, desde quando foi criado, está numa
marcha evolutiva, submetido a vontade de Deus
expressa na Lei do Progresso.
No evangelho de Jesus há a passagem em que Ele
prega que seu reino não é desse mundo e que há
várias moradas na imensidão do cosmo. (João,
14:1 a 3.)
Estagiamos em muitas dessas moradas para nosso
crescimento espiritual.
Em cada renascimento em um novo corpo, o
Espírito está dotado de suas virtudes
adquiridas, mas também com a necessidade
evolutiva de testar conhecimentos adquiridos,
expiar e ou provar situações transatas que
exigem vivencias, muitas das vezes, entre dores
e sofrimentos. É a necessidade das experiências
retificadoras por conta de reconciliações
dolorosas e redentoras impostas por um passado
vivenciado entre erros e desilusões. O
cumprimento completo na senda evolutiva só será
possível na carne, com o uso para o bem do livre
arbítrio, com a escolha necessária de nossas
provas e de nossas expiações. Para isso tudo se
cumprir, a necessidade de estarmos presos a um
corpo físico como instrumento de ascensão moral!
Elemento primordial no caminho evolutivo,
portanto, é o perispírito, que junto com o
Espírito carrega a nossa bagagem na viagem
evolutiva em busca de nós mesmos e da
reconciliação com nossos desafetos de longas
datas.
Fazendo parte do complexo espiritual das
criaturas de Deus, ele e o Espírito proporcionam
reviver detalhes experienciados por nós em
nossas várias reencarnações.
Também funciona, assim podemos conceber, como
molde para a construção do corpo carnal.
É nosso adaptador a fluidos diversos para os
mundos onde iremos viver novas tentativas de
aperfeiçoamento.
Enfim, ele nos conecta onde precisaremos estar.
No plano reencarnatório, ele informa aos
engenheiros construtores de um novo corpo
material que vamos habitar, as nossas
necessidades mais urgentes. Identifica ajustes
na próxima etapa.
É um mapa que estampa nossas rotas percorridas,
obstáculos e equívocos cometidos ou abandonados
por ineficiência, preguiça, negligência, ilusões
... Sugere novas rotas através da observação
atenta dos Construtores Siderais.
Assim serão confeccionadas roupagens adequadas
ao novo ambiente onde teremos chance, mais uma
vez, de girar a chave no sentido contrário de
tudo que já experimentamos erradamente.
Cada reencarnação é uma etapa nova, única.
Jamais vivida duas vezes e muito menos no mesmo
Corpo.
Isso significa que, com a morte dum corpo,
voltaremos em outro novo corpo, vivenciando
novas experiências necessárias a evolução do
Espírito.
Assim, pode-se concluir que, pelo espiritualismo
cristão, que é reencarnacionista, os métodos
propostos pela criogenia de alguma forma já
ocorrem na vida do Espírito, mas com leis
próprias impostas por Deus Pai Criador, sendo
uma delas, a reencarnação em corpos diferentes.
Reforça esse princípio da Doutrina Espírita o
contido no Cap. 4, Ninguém Poderá Ver o Reino de
Deus Se Não Nascer de Novo, d’ O Evangelho
Segundo o Espiritismo, que cita a passagem
de João 3:3, sobre a conversa de Jesus com
Nicodemos, quando lhe disse ...em verdade, em
verdade, Eu te digo: ninguém pode ver o Reino de
Deus se não nascer de novo.
Este
artigo foi contemplado no Concurso A Doutrina
Explica 2023, promovido pelo Jornal Brasília
Espírita, em parceria com a revista O
Consolador e a Web Rádio Estação da Luz.