Reencontrar
“E eis que Jesus veio ao seu encontro e lhes disse:
Alegrai-vos. Elas aproximando-se abraçaram-lhe os pés
prostrando-se diante dele. Então Jesus disse: Não
temais. Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam à
Galileia; lá me verão.“
(Mateus, cap. 28, v. 9 e 10.)
O amor é sempre o tema referido, pois é em busca dele
que estamos reencarnados. Uma trajetória de aprendizado
de virtudes e ascensão espiritual. Nesse vaivém de
muitas vidas e muitas experiências e aprendizado,
estabelecemos inumeráveis relações de afeto. Ligamo-nos
uns aos outros pelo melhor dos sentimentos: amor.
Quando amamos, desejamos o ser querido próximo de nós.
Na vida terrena, talvez uma das maiores dores seja
afastar-se de quem amamos, não poder dar-lhe amor. Nesse
sentido, a morte é a grande dor da separação.
Há algum tempo, conversamos com uma senhora muito
querida, de 95 anos. Uma fortaleza. Lúcida, ainda faz
caminhadas, Pilates, academia e viaja. Se for como suas
irmãs, vai passar dos 100 anos. Uma dor a acometeu.
Fervorosa em sua religião. Teve sete filhos. É
profundamente amada por eles, seus netos e bisnetos.
Cerca de 4 semanas antes, sua segunda filha, com 62
anos, desencarnou. Foi uma coisa estranha e repentina.
Tinha que ser, dir-nos-iam. Relataram-nos que ela,
enfermeira, assistida pelos melhores médicos da cidade
onde morava, um grande centro médico, começou a ter
dores abdominais, por cerca de 4 meses. Passou por
exames médicos intensos, ressonância, tomografia, nada.
Não achavam nada. Procuravam e não conseguiam descobrir
o que ela tinha.
Finalmente, passadas 4 semanas, descobriram o que tinha.
Segundo nos relataram, era um tumor de ovário e que na
ressonância não apareceu, estava por trás, foi o que
disseram. Quando descobriram, já estava com metástase
difundida no corpo todo. Submetida a cirurgia, aguentou
pouco. Ficou na UTI por esse tempo e desencarnou.
Sua mãe, essa senhora de 95 anos, estava contristada.
Disse-nos que orara com toda a sua fé, que estava à
espera de um milagre, mas que esse não aconteceu.
Naquele momento, movida por um impulso, demos-lhe um
abraço e lhe dissemos: - Aconteceu sim, suas preces
foram ouvidas. A bondade de Deus interferiu e o
sofrimento dela foi muito breve, só 4 semanas. Não
passou por anos de dores e medicações e efeitos
colaterais e danos intensos, na tentativa de cura. Foi
curada sim! Libertou-se deste mundo de tanto sofrimento.
Ela era enfermeira e toda a sua cidade era-lhe grata,
pois fazia até então um trabalho intenso pela comunidade
inteira.
Libertou-se rápido das amarras da matéria. Vimos suas
poesias, seus cuidados delicados com a beleza da
natureza. Havia acabado de conseguir editar seu sonhado
livro de poesia, todo cheio de lindas gravuras, quando
adoeceu e rapidamente partiu.
Toda a separação é dolorosa e requer um tempo para a dor
diminuir, principalmente em caso assim tão rápido!
O Espiritismo, doutrina consoladora e bendita, aproxima
o mundo espiritual da Terra, quando nos dá a certeza da
imortalidade, quando os próprios espíritos dos que já
partiram vêm, através de médiuns, dar-nos a sua
presença, o seu amor. Sempre temos comunicações
intensas, seja em sonhos, seja com vidência, com
audição, com percepção, sensibilidade e até
materialização, como foi o caso de Jesus com as mulheres
que o encontraram, segundo a narrativa de Mateus.
Todos têm esses reencontros. O Espiritismo é o
lampadário de bênçãos que permite a verificação, a
certificação.
Há mães sonhando com seus tios, filhos com suas mães,
netos com seus avós. Há a beleza do reencontro que
muitas vezes é despercebida. Os sonhos são os que mais
nos são relatados.
Contam-nos com tantos detalhes, que tiveram a sensação
de que realmente estavam com seus queridos. Temos que
asseverar, aos que nos narram, que estavam sim juntos,
em espírito, além da matéria, enquanto o corpo dormia. E
que bênção! Encontrar-se novamente, dar um abraço real
no sonho e guardar a certeza de que era tão real ou,
pelo menos, que parecia mesmo real!
A beleza consoladora do Espiritismo, que nos assevera
que nos reencontraremos, também consiste em ter a
certeza de que os encontros nos sonhos são reais mesmo.
Não são ilusão, nem fantasia, são realidade.
Quem nunca teve um encontro com o ser querido que já
partiu? A grande maioria pode atestar que já viu sim, ou
já sentiu intensamente a presença querida, o perfume que
usavam, algo que os identifique. Muitos nos contam,
inclusive, que foram eles a virem consolar. Que parassem
com as lágrimas, porque estão bem.
Falamos a essa mãezinha que fique calma. A saudade é
imorredoura, caminha conosco todos os dias, quando
amamos, mas o reencontro se fará. A grande beleza é
também a união daqueles que verdadeiramente se amam. Por
enquanto reunimo-nos em famílias, as verdadeiras, as
espirituais. Um dia, o amor será tão intenso, que
compreenderemos além da família consanguínea, uma raça,
a humana, uma nação: a humanidade.
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