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por Jane Martins Vilela

 

Reencontrar


“E eis que Jesus veio ao seu encontro e lhes disse: Alegrai-vos. Elas aproximando-se abraçaram-lhe os pés prostrando-se diante dele. Então Jesus disse: Não temais. Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam à Galileia; lá me verão.“
  (Mateus, cap. 28, v. 9 e 10.) 


O amor é sempre o tema referido, pois é em busca dele que estamos reencarnados. Uma trajetória de aprendizado de virtudes e ascensão espiritual. Nesse vaivém de muitas vidas e muitas experiências e aprendizado, estabelecemos inumeráveis relações de afeto. Ligamo-nos uns aos outros pelo melhor dos sentimentos: amor.  

Quando amamos, desejamos o ser querido próximo de nós. Na vida terrena, talvez uma das maiores dores seja afastar-se de quem amamos, não poder dar-lhe amor. Nesse sentido, a morte é a grande dor da separação.

Há algum tempo, conversamos com uma senhora muito querida, de 95 anos. Uma fortaleza. Lúcida, ainda faz caminhadas, Pilates, academia e viaja. Se for como suas irmãs, vai passar dos 100 anos. Uma dor a acometeu. Fervorosa em sua religião. Teve sete filhos. É profundamente amada por eles, seus netos e bisnetos.

Cerca de 4 semanas antes, sua segunda filha, com 62 anos, desencarnou. Foi uma coisa estranha e repentina.  Tinha que ser, dir-nos-iam. Relataram-nos que ela, enfermeira, assistida pelos melhores médicos da cidade onde morava, um grande centro médico, começou a ter dores abdominais, por cerca de 4 meses. Passou por exames médicos intensos, ressonância, tomografia, nada. Não achavam nada. Procuravam e não conseguiam descobrir o que ela tinha.

Finalmente, passadas 4 semanas, descobriram o que tinha. Segundo nos relataram, era um tumor de ovário e que na ressonância não apareceu, estava por trás, foi o que disseram. Quando descobriram, já estava com metástase difundida no corpo todo. Submetida a cirurgia, aguentou pouco. Ficou na UTI por esse tempo e desencarnou.

Sua mãe, essa senhora de 95 anos, estava contristada. Disse-nos que orara com toda a sua fé, que estava à espera de um milagre, mas que esse não aconteceu.

Naquele momento, movida por um impulso, demos-lhe um abraço e lhe dissemos: - Aconteceu sim, suas preces foram ouvidas. A bondade de Deus interferiu e o sofrimento dela foi muito breve, só 4 semanas. Não passou por anos de dores e medicações e efeitos colaterais e danos intensos, na tentativa de cura. Foi curada sim! Libertou-se deste mundo de tanto sofrimento. Ela era enfermeira e toda a sua cidade era-lhe grata, pois fazia até então um trabalho intenso pela comunidade inteira.

Libertou-se rápido das amarras da matéria. Vimos suas poesias, seus cuidados delicados com a beleza da natureza. Havia acabado de conseguir editar seu sonhado livro de poesia, todo cheio de lindas gravuras, quando adoeceu e rapidamente partiu.

Toda a separação é dolorosa e requer um tempo para a dor diminuir, principalmente em caso assim tão rápido!

O Espiritismo, doutrina consoladora e bendita, aproxima o mundo espiritual da Terra, quando nos dá a certeza da imortalidade, quando os próprios espíritos dos que já partiram vêm, através de médiuns, dar-nos a sua presença, o seu amor. Sempre temos comunicações intensas, seja em sonhos, seja com vidência, com audição, com percepção, sensibilidade e até materialização, como foi o caso de Jesus com as mulheres que o encontraram, segundo a narrativa de Mateus.

Todos têm esses reencontros. O Espiritismo é o lampadário de bênçãos que permite a verificação, a certificação.

Há mães sonhando com seus tios, filhos com suas mães, netos com seus avós. Há a beleza do reencontro que muitas vezes é despercebida. Os sonhos são os que mais nos são relatados.

Contam-nos com tantos detalhes, que tiveram a sensação de que realmente estavam com seus queridos. Temos que asseverar, aos que nos narram, que estavam sim juntos, em espírito, além da matéria, enquanto o corpo dormia. E que bênção! Encontrar-se novamente, dar um abraço real no sonho e guardar a certeza de que era tão real ou, pelo menos, que parecia mesmo real!

A beleza consoladora do Espiritismo, que nos assevera que nos reencontraremos, também consiste em ter a certeza de que os encontros nos sonhos são reais mesmo. Não são ilusão, nem fantasia, são realidade.

Quem nunca teve um encontro com o ser querido que já partiu? A grande maioria pode atestar que já viu sim, ou já sentiu intensamente a presença querida, o perfume que usavam, algo que os identifique. Muitos nos contam, inclusive, que foram eles a virem consolar. Que parassem com as lágrimas, porque estão bem.

Falamos a essa mãezinha que fique calma. A saudade é imorredoura, caminha conosco todos os dias, quando amamos, mas o reencontro se fará. A grande beleza é também a união daqueles que verdadeiramente se amam. Por enquanto reunimo-nos em famílias, as verdadeiras, as espirituais. Um dia, o amor será tão intenso, que compreenderemos além da família consanguínea, uma raça, a humana, uma nação: a humanidade.

 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita