Poesia é vital na
infância
“A
poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.”
Manoel de Barros
Quando pequena, gostava de ler poesia. Tinha os
livrinhos na cabeceira da cama.
Para poesia não é
necessário pré-requisito, basta o interesse sincero no
conteúdo e isso a criança tem de sobra. Em poucas
palavras, o poema é uma forma de comunicação e para
entendê-lo basta estar aberto para receber a mensagem.
De modo
particular, gostava (e gosto) de ler o poema em voz
alta. Lia e relia. Sabia de cor os preferidos.
Declamava-os para os meus irmãos, sobretudo aqueles que
adentravam nosso universo infantil, dando-nos a
capacidade de lidar e experimentar a realidade (e o
medo, a tristeza, a alegria…) em seus diversos modos.
Ler poesia é um
ótimo exercício para o aprimoramento da linguagem e
também da sensibilidade. Aos poucos cada criança vai
descobrindo seus autores preferidos e apropriando-se do
ritmo, da cadência, treinando imaginação e, ainda,
estratégias ligadas à reflexão.
Nunca me esqueci
de “O Menino Azul”, de Cecília Meireles: “O menino quer
um burrinho para passear…” Ou o “Verbo Ser”, do mineiro
Carlos Drummond de Andrade: “Que vai ser quando
crescer?” Nunca sabia a resposta, pois queria ser muitas
coisas e coisa nenhuma, habitando sem pressa a minha
infância, aquele tempo bonito (e sofrido também) de
mato, bicicleta, cavalo e roseiras…
Ri muito do poema
“Da felicidade”, do meu querido Mário Quintana - e,
aqui, já confesso, meu poeta brasileiro favorito:
“Quantas vezes a gente, em busca de ventura, procede tal
e qual o avozinho infeliz: em vão, por toda parte, os
óculos procura tendo-os na ponta do nariz.”
Por uma educação
mais plena é importante reiterar: pais, leiam poesia com
seus filhos pequenos. Faz bem ao coração. E um coração
amoroso é fundamental para uma vida mais resiliente e
sadia.