O imperativo da mudança de mentalidade
Às vezes, certas palavras “perseguem”, por assim dizer,
o articulista/escritor, como a alertá-lo para a
necessidade de uma reflexão mais profunda e minuciosa
sobre um determinado assunto. Foi o que sucedeu,
confesso, no meu caso em relação à expressão “mudança de
mentalidade”. Por alguma razão, deparei-me com ela por
inúmeras vezes nos últimos tempos ao ler e ouvir
críticas e crônicas pertinentes, diga-se de passagem,
como a me concitar a algo escrever sobre. Notei, porém,
que elas partiam de analistas de política e economia
respeitados, afirmando sobre tal necessidade. Ou seja,
pessoas que conhecem meticulosamente as entranhas do
nosso país, visto por muitos como supostamente
progressista.
De modo geral, suas considerações envolviam uma série de
questões referentes à forma como a nação é conduzida e
ao comportamento de importantes autoridades públicas. Na
visão deles, em síntese, continuam ocorrendo uma pletora
de distorções e condutas nada edificantes que aumentam
as dificuldades e os problemas ora existentes. Em
consequência disso, eles prescrevem, de minha parte
igualmente subscrevo, a imperiosa necessidade de mudar a
maneira de pensar, que, não raro, prima pela busca
insana pelo poder, influência e realização de interesses
puramente materiais e nada edificantes.
Inegavelmente, o Brasil tendo sido terreno de
acontecimentos vergonhosos nos quais ressumam toda a
sorte de mesquinhez que ainda habita a alma humana. Não
vou me prender a detalhes porque o leitor (sempre
inteligente e observador) certamente está familiarizado
com eles, já que afetam a vida da maioria das pessoas.
Dito de outra forma, sabemos perfeitamente bem onde “o
calo nos aperta”, como se diz popularmente. Sendo essa a
realidade na qual vivemos, resta-nos, então, fazer um
profundo autoexame, a fim de averiguarmos se não estamos
contribuindo de alguma maneira para esse estado
lamentável de coisas.
O fato é que a humanidade tem tudo para avançar na
dimensão intelecto-moral, mas não o faz porque sua
mentalidade está presa ao desejo infrene de lucrar e
subverter todas as situações possíveis. Para muitos,
cabe destacar, o importante é apenas acumular os bens e
as riquezas do mundo corpóreo. Por conseguinte, não se
preparam para a vida além-túmulo, isto é, aquela à qual
deveriam se moldar. Não elevam o pensamento às alturas,
não se conectam com Deus, não contribuem
desinteressadamente para algo maior do que seus próprios
caprichos. E através desse modo enviesado de viver quase
sempre acabam por optar pelo pior. Fecham
deliberadamente as portas da alma à recepção de qualquer
intuição mais digna da espiritualidade. Por fim, de erro
em erro, de excesso em excesso, aumentam
substancialmente o seu passivo espiritual. Em vez da
comunhão com os planos superiores, se atam
deliberadamente aos monturos da ignorância.
Em vista disso, os Espíritos Emmanuel e André Luiz, na
obra Estude e Viva (psicografia de Chico Xavier e
Waldo Vieira) nos aconselham a atentarmos para os nossos
mínimos atos, negócios, resoluções ou empreendimentos
que venhamos a realizar. Pois, para as referidas
entidades, devemos primeiro buscar “a substância post
mortem” de que se revestem, tendo-se em vista
que, na ausência dela, nossas iniciativas serão
superficiais e sem impacto positivo para os nossos
Espíritos.
Em outras palavras, devemos sempre ponderar se há em
nossos esforços algum valor de natureza espiritual.
Afinal de contas, a vital mudança de mentalidade, pelo
lado das nossas ingentes necessidades interiores, deve
contemplar tal raciocínio e, acima de tudo, compromisso,
afim de que nosso futuro não seja recheado de pesadelos
desnecessários. No que concerne à vida na Terra, há uma
enorme necessidade “dos criadores de harmonia doméstica
e social, dos desenhistas de pensamentos certos, dos
escultores de boas obras”, conforme sugerem as referidas
entidades espirituais.
Posto isto, aprendamos a contemplar o mais além em
nossas cogitações e indaguemos: estou fazendo por
merecer algo melhor de Deus? Estou correspondendo às
expectativas da espiritualidade e dando o melhor de mim?
Sou, de fato, um fiel cooperador do Criador nas esferas
de trabalho onde atuo? Se as respostas forem positivas,
estamos, então, mudando a mentalidade, o que é
certamente primordial à nossa paz íntima.
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