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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

O imperativo da mudança de mentalidade


Às vezes, certas palavras “perseguem”, por assim dizer, o articulista/escritor, como a alertá-lo para a necessidade de uma reflexão mais profunda e minuciosa sobre um determinado assunto. Foi o que sucedeu, confesso, no meu caso em relação à expressão “mudança de mentalidade”. Por alguma razão, deparei-me com ela por inúmeras vezes nos últimos tempos ao ler e ouvir críticas e crônicas pertinentes, diga-se de passagem, como a me concitar a algo escrever sobre. Notei, porém, que elas partiam de analistas de política e economia respeitados, afirmando sobre tal necessidade. Ou seja, pessoas que conhecem meticulosamente as entranhas do nosso país, visto por muitos como supostamente progressista. 

De modo geral, suas considerações envolviam uma série de questões referentes à forma como a nação é conduzida e ao comportamento de importantes autoridades públicas. Na visão deles, em síntese, continuam ocorrendo uma pletora de distorções e condutas nada edificantes que aumentam as dificuldades e os problemas ora existentes. Em consequência disso, eles prescrevem, de minha parte igualmente subscrevo, a imperiosa necessidade de mudar a maneira de pensar, que, não raro, prima pela busca insana pelo poder, influência e realização de interesses puramente materiais e nada edificantes.

Inegavelmente, o Brasil tendo sido terreno de acontecimentos vergonhosos nos quais ressumam toda a sorte de mesquinhez que ainda habita a alma humana. Não vou me prender a detalhes porque o leitor (sempre inteligente e observador) certamente está familiarizado com eles, já que afetam a vida da maioria das pessoas. Dito de outra forma, sabemos perfeitamente bem onde “o calo nos aperta”, como se diz popularmente. Sendo essa a realidade na qual vivemos, resta-nos, então, fazer um profundo autoexame, a fim de averiguarmos se não estamos contribuindo de alguma maneira para esse estado lamentável de coisas.

O fato é que a humanidade tem tudo para avançar na dimensão intelecto-moral, mas não o faz porque sua mentalidade está presa ao desejo infrene de lucrar e subverter todas as situações possíveis. Para muitos, cabe destacar, o importante é apenas acumular os bens e as riquezas do mundo corpóreo. Por conseguinte, não se preparam para a vida além-túmulo, isto é, aquela à qual deveriam se moldar. Não elevam o pensamento às alturas, não se conectam com Deus, não contribuem desinteressadamente para algo maior do que seus próprios caprichos. E através desse modo enviesado de viver quase sempre acabam por optar pelo pior. Fecham deliberadamente as portas da alma à recepção de qualquer intuição mais digna da espiritualidade. Por fim, de erro em erro, de excesso em excesso, aumentam substancialmente o seu passivo espiritual. Em vez da comunhão com os planos superiores, se atam deliberadamente aos monturos da ignorância.

Em vista disso, os Espíritos Emmanuel e André Luiz, na obra Estude e Viva (psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira) nos aconselham a atentarmos para os nossos mínimos atos, negócios, resoluções ou empreendimentos que venhamos a realizar. Pois, para as referidas entidades, devemos primeiro buscar “a substância post mortem de que se revestem, tendo-se em vista que, na ausência dela, nossas iniciativas serão superficiais e sem impacto positivo para os nossos Espíritos.

Em outras palavras, devemos sempre ponderar se há em nossos esforços algum valor de natureza espiritual. Afinal de contas, a vital mudança de mentalidade, pelo lado das nossas ingentes necessidades interiores, deve contemplar tal raciocínio e, acima de tudo, compromisso, afim de que nosso futuro não seja recheado de pesadelos desnecessários. No que concerne à vida na Terra, há uma enorme necessidade “dos criadores de harmonia doméstica e social, dos desenhistas de pensamentos certos, dos escultores de boas obras”, conforme sugerem as referidas entidades espirituais.

Posto isto, aprendamos a contemplar o mais além em nossas cogitações e indaguemos: estou fazendo por merecer algo melhor de Deus? Estou correspondendo às expectativas da espiritualidade e dando o melhor de mim? Sou, de fato, um fiel cooperador do Criador nas esferas de trabalho onde atuo? Se as respostas forem positivas, estamos, então, mudando a mentalidade, o que é certamente primordial à nossa paz íntima.

 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita