A forma como olhamos faz toda a
importância
Não existe maldade na Terra senão no ser humano. Na
mente humana nascem as atrocidades que sabemos
acontecerem todos os dias.
Por incrível que pareça, não são muitos os motivos que
nos levam a esta forma de funcionamento autodestrutiva.
Se formos analisar, são atos nascidos das emoções
negativas de orgulho, egoísmo, ganância e pouco mais.
Estas emoções nascem por vivermos cegamente a servir uma
individualidade me vez de um todo.
Quando nos sentimos a parte da humanidade, ou seja, um
ser individual, nascem em nós o egoísmo, o orgulho, a
ganância, todas as emoções que nos individualizam e
estas são a maldade que existe na humanidade.
A ideia da individualidade é altamente destrutiva e
acontece pelo desejo de posse, estando ligada a forma de
vida material.
Sei que parece impossível não sentirmos esta
individualidade, mas existem caminhos que nos afastam
dela.
Olhemos para uma árvore de fruta. Podemos ver as frutas
penduradas em sua árvore e pensamos que é uma laranja,
mas pode uma laranja existir sem essa árvore.
Quando se separa inicia a sua decadência, pois é
alimentada pela árvore em seu ciclo.
Quando olhamos para um corpo humano que rotulamos com um
nome, criamos a ideia que é uma individualidade separado
de tudo, mas poderia este corpo existir sem o planeta?
Ou este corpo faz parte da evolução planetária e se
sustenta deste?
Ao olharmos de forma tão global, podemos perceber que o
corpo para o planeta é como uma célula para o nosso
corpo, visto de forma microscópica. Sem o corpo a célula
não existe, sem o planeta o corpo não existe, pois até
os Astronautas que vão para o espaço tem de levar
condições terrenas para sobreviverem.
Muitas das coisas na Terra não são percetíveis pelos
sentidos, o que nos faz imaginar de que somos separados
do restante, mas a única coisa separada é a ideia que
caracteriza o Ego. Esta separação ilusória, ideia que
acompanha a humanidade desde que é inteligente, deveria
ter terminado quando a ciência comprovou que não
existiam espaços vazios no universo, em especial, no
nosso planeta.
O problema é o apego à posse dos bens materiais, onde
está incluído o poder. Dá-nos tanta satisfação que
mantemos a ideia da individualidade em chama acesa.
No campo mental, pois a individualidade é criada neste
campo, com forma-pensamento, através do caráter, estamos
todos ligados a uma energia mental que nos mantém num
funcionamento idêntico, que reveste o planeta como se
fosse uma atmosfera.
Cada forma-pensamento alimenta essa atmosfera, que por
sua vez, nos alimenta a nós.
O pai da psicologia analítica chamou-a de inconsciente
coletivo, onde permanecem os arquétipos e tudo o resto.
Na Doutrina Espírita falamos em atmosfera moral, que
caminha com a humanidade, pois é elaborada por esta.
Esta atmosfera, atrai os espíritos de baixa moral, pela
forma que é constituída.
O Mestre Jesus alerta-nos para este problema, com a
indicação de “Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação”. Esta vigia é feita sobre a nossa mente, sobre
o que aparece nesta e este movimento mostra-nos que nós,
para além de criadores, somos antenas captadoras de
emoções, sentimentos e pensamentos.
Porque o Mestre nos aconselharia a vigiar a mente ou o
pensamento se tudo fosse criado por nós? Se assim fosse
aconselharia a vigiarmos as criações.
Quem já fez ou experimentou um pouco de meditação, ou
tentou ficar uns minutos sem pensar, percebeu que
rapidamente está inundado por pensamentos.
A mente é uma antena que capta o que lhe aparece e se
afiniza, tal como os olhos veem para onde se viram ou os
ouvidos ouvem o que aparece dentro de determinados
parâmetros, sem qualquer escolha.
Nós vivemos e agimos de determinada forma individual por
acharmos que tudo o que aparece em nossas mentes é nosso
e por isto, somos facilmente obsidiados.
Esta atmosfera moral que nos liga a todos, faz com que o
homem de uma grande cidade seja idêntico ao homem do
outro lado do planeta em um meio muito rural e
despovoado.
A forma de vida pode ser diferente, pois o meio que o
rodeia é um pouco diferente, mas o interior destas
pessoas, o que os motiva e o que o que impulsiona a sua
constituição, é precisamente igual, pois se alimenta
desta atmosfera mental e mantêm os padrões de
funcionamento idênticos. Todos os seres humanos, com
raras exceções como o Mestre Jesus, são movidos pelo
tipo de emoções como o egoísmo, orgulho, ganância,
desejo de poder.
Não existe separação psíquica a não ser na ideia de que
esta existe. Se em vez de olharmos o caráter,
espreitarmos para além deste, o que o constituiu em
conjunto com o meio ambiente inserido, vemos que somos
formados pela mesma força.
É claro que existem pessoas de mais elevação moral que
outras, mas... como acontece essa diferença?
Esta é uma conquista atual ou de vidas passadas.
Determinados pensamentos surgem em nossas mentes e pelo
desapego conquistado na libertação de tais defeitos,
colocamos de lado este tipo de pensamento.
Paulo de Tarso afirma que “Tudo me é lícito, mas nem
tudo me convém”. Nós escolhemos o que nos convém ou não,
mas quase tudo nos aparece em nossas mentes, daí a
importância do “Vigiai e Orai para que não entreis em
tentação”.
Esta é a maior dificuldade na Terra, suportar a chuva de
pensamentos que nos incentivam ao apego terreno. O
melhor chapéu de chuva, é a atenção ou vigia,
desenvolvido através do hábito e exercícios de atenção.
O resultado, o crescimento espiritual, que Jesus chamou
de desapego. O pensamento aparece, não nos move porque
já não somos apegados a este defeito, por conquista
anterior, mantendo em ativo a mente saudável.
Mesmo na sabedoria do silêncio, nunca seremos uma
individualidade separada do Universo, pois segundo o
Mestre tornamo-nos unos com Deus.
Sermos individualidades separadas de um todo,
tornamo-nos tóxicos, pois a ideia da individualidade
alimenta as emoções egoístas e orgulhosas da humanidade.
Veja a individualidade da seguinte forma. Quando olhamos
para este corpo vemos algo separado, mas quando abrimos,
vemos os órgãos como individuais, o coração, o fígado
etc. Então esses órgãos parecem individuais, que
trabalham para o todo do corpo. Mas quando olhamos esses
órgãos de forma mais próximos vemos células que se
tornam individuais, mas essas células trabalham para um
todo, como o órgão, que trabalham para um todo, como o
corpo. Porque paramos no corpo?
Muitos astronautas falam que do espaço o planeta parece
um todo, fazendo de nós parte, e podemos ver facilmente
que o que fazemos influencia o todo, fazendo de nós uma
pequena parte e não seres isolados.
Bruno Abreu reside em Lisboa,
Portugal.
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