O amor de Jesus
Certa vez, em um evento da juventude espírita no Rio de
Janeiro, nos idos da década de 1990, ao final da
execução de música de sua autoria chamada “O amor de
Jesus (diamantes de poeira)”, o músico Ariovaldo Filho
indagou o público sobre se tínhamos ideia do tamanho do
amor de Jesus.
Passadas cerca de três décadas, essa pergunta ainda
paira sobre as cabeças. Mais do que uma busca por uma
medida ou comparação do amor que o mestre tinha no seu
coração, o que serviria apenas para divagações pouco
úteis, talvez fosse interessante saber o que permitiria
fazer a expressão desse amor.
Sim, o tamanho desse amor se mede pelo que ele pode
fazer. Pessoas que tinham grande amor no seu coração
foram assim percebidas pelo que fizeram pelo seu
próximo. O amor é algo concreto, sentido e transmitido.
Uma visão consequencialista do amar.
Não é possível se ver o amor de Jesus como algo
intrínseco a ele, divinizado, distante de nós, e sim
como uma energia radiante e contagiante, que arrasta
outros, provocando o amor que existe em cada um, nos
fazendo melhores. Uma força que nos faz nos levantar
agora, e sair ao mundo hoje, como diz a letra da canção.
O amor não é um adereço, é uma força viva e pulsante,
com potencial de construir coisas maravilhosas. Pessoas
abnegadas da história, reconhecidas por ter muito amor
em seus corações, fizeram deste um legado, presente no
real. O próprio Jesus indicou que seus discípulos seriam
reconhecidos por muito se amarem, e que o importante era
o amor ao próximo, indicando esse sentido do amor para
fora do coração e materializado no mundo.
Discutir a natureza e as possibilidades desse sentimento
é relevante no Espiritismo, pois essa compreensão mais
profunda permite que o amor tenha um sentido mais
afinado ao que entendemos por caridade, por evolução e
ao conceito de vida eterna. Não é à toa que O
Evangelho Segundo o Espiritismo dedica três
capítulos a essa questão, os de número 11,12 e 15.
O amor por vezes se apresenta nos discursos como algo
banalizado, ou piegas, ou ainda, raso, sendo a sua falta
a causa de todos os problemas. Importante entender o
porquê de nos preocuparmos com o amor de Jesus, com a
sua extensão, pois isso diz muito do que devemos fazer
na nossa trajetória como encarnados.
Pode-se dizer que o “Amor de Jesus” é importante pelas
lições que essas manifestações ao longo da sua vida nos
trouxeram. Se fosse apenas pelos milagres, Jesus seria
mais um personagem histórico que realizou prodígios. Não
foi isso que o perpetuou e o fez tão importante,
demarcando eras. Foi o seu amor.
E esse amor se fez em gestos e atitudes. Se fez na forma
como ele enfrentou cada situação e desafio posto, e que
inspirou a todos que se seguiram. Um amor que ainda é
muito incompreensível para nós todos, mas já temos
alguns clarões do que precisamos fazer, e de quanto amor
vamos precisar.