Artigos

por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

 

O amor de Jesus


Certa vez, em um evento da juventude espírita no Rio de Janeiro, nos idos da década de 1990, ao final da execução de música de sua autoria chamada “O amor de Jesus (diamantes de poeira)”, o músico Ariovaldo Filho indagou o público sobre se tínhamos ideia do tamanho do amor de Jesus.

Passadas cerca de três décadas, essa pergunta ainda paira sobre as cabeças. Mais do que uma busca por uma medida ou comparação do amor que o mestre tinha no seu coração, o que serviria apenas para divagações pouco úteis, talvez fosse interessante saber o que permitiria fazer a expressão desse amor.

Sim, o tamanho desse amor se mede pelo que ele pode fazer. Pessoas que tinham grande amor no seu coração foram assim percebidas pelo que fizeram pelo seu próximo. O amor é algo concreto, sentido e transmitido. Uma visão consequencialista do amar.

Não é possível se ver o amor de Jesus como algo intrínseco a ele, divinizado, distante de nós, e sim como uma energia radiante e contagiante, que arrasta outros, provocando o amor que existe em cada um, nos fazendo melhores. Uma força que nos faz nos levantar agora, e sair ao mundo hoje, como diz a letra da canção.

O amor não é um adereço, é uma força viva e pulsante, com potencial de construir coisas maravilhosas. Pessoas abnegadas da história, reconhecidas por ter muito amor em seus corações, fizeram deste um legado, presente no real. O próprio Jesus indicou que seus discípulos seriam reconhecidos por muito se amarem, e que o importante era o amor ao próximo, indicando esse sentido do amor para fora do coração e materializado no mundo.

Discutir a natureza e as possibilidades desse sentimento é relevante no Espiritismo, pois essa compreensão mais profunda permite que o amor tenha um sentido mais afinado ao que entendemos por caridade, por evolução e ao conceito de vida eterna. Não é à toa que O Evangelho Segundo o Espiritismo dedica três capítulos a essa questão, os de número 11,12 e 15.

O amor por vezes se apresenta nos discursos como algo banalizado, ou piegas, ou ainda, raso, sendo a sua falta a causa de todos os problemas. Importante entender o porquê de nos preocuparmos com o amor de Jesus, com a sua extensão, pois isso diz muito do que devemos fazer na nossa trajetória como encarnados.

Pode-se dizer que o “Amor de Jesus” é importante pelas lições que essas manifestações ao longo da sua vida nos trouxeram. Se fosse apenas pelos milagres, Jesus seria mais um personagem histórico que realizou prodígios. Não foi isso que o perpetuou e o fez tão importante, demarcando eras. Foi o seu amor.

E esse amor se fez em gestos e atitudes. Se fez na forma como ele enfrentou cada situação e desafio posto, e que inspirou a todos que se seguiram. Um amor que ainda é muito incompreensível para nós todos, mas já temos alguns clarões do que precisamos fazer, e de quanto amor vamos precisar.


    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita