A
variável
espiritual
Recentemente,
andando pelos
mares da
internet,
encontrei alguns
vídeos da
palestrante
radicada em
Brasília Mayse
Braga. Já a
conhecia de
eventos, mas
passei a me
deter mais nas
palestras
disponíveis e
gostei muito do
que vi, e creio
que seja
interessante
destacar um
aspecto da
abordagem dessa
palestrante que
merece uma
reflexão mais
apurada, sob
pena de cometer
injustiças ao
ignorar outros
aspectos
igualmente
positivos.
São palestras
muito didáticas
e leves, mas o
que me chamou
mesmo a atenção
foi um traço de
trazer para as
questões
cotidianas a
dimensão
espiritual. Cada
situação é
sempre vista com
a lembrança de
que ali naqueles
dilemas está um
espírito imortal
reencarnado em
processo de
evolução, e isso
traz não só uma
visão bem
didática, como
consoladora no
trato das
questões mais
áridas.
Pode parecer
óbvio essa
abordagem, mas
não é. Ainda se
vê muito
apartado o
conhecimento
espírita da
resolução das
questões
concretas, e se
discute o que se
deve fazer sem
se lembrar do
que se é
realmente, em
termos
espirituais. O
caminho mais
fácil é fazer
essa discussão
apartada, pois
se mantêm os
mesmos
paradigmas de
sempre, com uma
etiqueta
superficial de
Espiritismo.
O que nos faz
espíritas não é
dizer que
acredita no
aspecto A ou B.
É pautar a nossa
vida por essa
crença viva, nos
seus pilares,
que são poucos,
mas relevantes.
É lembrar que
não estamos aqui
pela primeira
vez; que essas
pessoas que
estão conosco
têm relações
pretéritas com a
nossa história;
que somos
acompanhados por
outras entidades
similares a nós,
em outro plano;
e que a vida
continua, aqui e
no infinito do
universo.
Parece que não,
mas esses
pressupostos
mudam a
interpretação
dos fatos mais
cotidianos, as
decisões mais
complexas. Os
dramas humanos
assumem outra
dimensão e o
olhar espírita
se faz na
compreensão de
cada situação em
uma visão mais
ampliada. Ler um
simples jornal
sob a ótica
espírita, por si
só, é bem
diferente.
Importante que o
conhecimento
espírita seja
algo presente na
nossa vida, não
em uma visão
ascética,
monástica,
isolada do
mundo, e sim
como uma
ferramenta para
proceder nesse
período
encarnado, que é
relevante, sem
perder de vista
que estamos aqui
de passagem.
Não queremos só
viver na
subcultura
espírita e sim
que esse
conhecimento
seja uma ponte
para mediar as
nossas relações
com o mundo, à
luz de
pressupostos que
para nós fazem
sentido. Não é
ser espírita
para viver no
mundo dos
espíritas. É
para enfrentar o
real, vivendo no
mundo sem ser do
mundo.
Nesse sentido,
importa que nas
equações de
nossa vida
coloquemos a
variável
espiritual, que
muda o jogo de
forças quando
considerada.
Será que as
decisões que
tomamos em nossa
vida, a forma
que reagimos às
alegrias e aos
dissabores,
levam em
consideração as
verdades da
doutrina
espírita?
Não podemos é
ler livros
espíritas,
estudar Kardec,
ouvir palestras
e pautar a nossa
vida por um
materialismo
arraigado ou por
um cristianismo
de um Deus
punitivo que, se
contrariado, nos
manda ao
inferno. Esse é
um dos aspectos
libertadores da
doutrina
espírita, ao nos
permitir viver
sob novos
pressupostos,
não só mais
razoáveis, mas
também
fundamentados em
aspectos mais
lógicos e que
fazem sentido.
Kardec foi um
revolucionário.
Jesus também.
Quebraram
paradigmas e
inauguraram
novos olhares em
relação ao mundo
que nos cerca,
visível e
invisível.
Cabe a nós
trazer essa
revolução para o
nosso interior,
com um olhar
coerente com o
nosso falar e,
consequentemente,
com o nosso
agir.