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por Orson Peter Carrara

 

Crime dos atrasos


Atrasos ocorrem a todo instante nos horários combinados das diversas situações. Causas igualmente são variadas e vão desde a negligência ao desrespeito, também propositais e em muitas circunstâncias contra a vontade dos protagonistas em função dos atropelos e acúmulos do cotidiano, seja em virtude do trânsito ou de outras ocorrências que escapam de nosso controle.

Muitos desses atrasos nada comprometem, mas existem aqueles que são sim comprometedores e podem colocar vidas em risco, causar confusões e rupturas variadas e até tragédias. Aí o cuidado da disciplina em se observar horários e prazos.

Interesses escusos muitas vezes estão nas causas de atrasos intencionais que adiam providências, comprometendo áreas importantes da convivência social e influenciando negativamente no equilíbrio de questões que envolvem a economia, por exemplo, ou mesmo a política e a gestão pública ou privada, nos diversos segmentos da vida humana, prejudicando toda uma coletividade, o que configura um crime, já que existem interesses próprios em detrimento do interesse coletivo.

O Espírito Irmão X, no livro Relatos da Vida – capítulo 11 – Caso de consciência, psicografia de Chico Xavier, após trazer seu costumeiro comentário, em seu inconfundível estilo, narrando singular diálogo captado em dimensão inferior da vida espiritual – e nesse caso sobre trabalho e fadiga – conclui o  precioso capítulo com a observação de que “(...) A fadiga existe mesmo, entretanto, é sempre um caso de consciência, porquanto, ao que saibamos, ninguém, até hoje, conseguiu verificar realmente onde termina o cansaço e começa a preguiça.”

Bem expressivo citarmos a preguiça como uma das causas dos atrasos, e aqui não específico sobre os ponteiros do relógio, mas dos próprios interesses de evolução espiritual.

E igualmente bem oportuno o título do capítulo acima referido: Caso de consciência. Realmente é o que ocorre. Consciência lembra empatia, respeito. Há que sempre considerar que alguém espera por nós no horário combinado, grupos muitas vezes aguardam nossa presença em decisões coletivas importantes. Se não podemos assumir o compromisso, melhor definir antes do que atrasar costumeiramente. Ou se realmente algum atraso ocorrer – o que também é processo natural – termos a preocupação de notificar, para que ninguém nos aguarde os descuidos ou atropelos muitas vezes inevitáveis.

Para que um atraso – muitas vezes mínimo, de segundos ou minutos – não comprometa ações ou não se configure num crime de lesão moral que mais tarde deveremos reparar. Atrasos podem liquidar a esperança, a paz, a harmonia, a saúde, individual e coletivamente.

Opto por concluir com os últimos três parágrafos da belíssima página Mais tempo (capítulo 32 o livro Inspiração, de Emmanuel/Chico Xavier:

Tempo é empréstimo valioso, em que o Senhor dispensa avais e juros, conquanto o benefício seja tributado por critérios e correções, conforme o uso que fizermos dele.

Vê, assim, o que atiras no chão das horas, porque, como ocorre na gleba comum, de tudo o que dermos ao tempo receberemos colheita certa.

Em suma, recordemos que o dia renascente é uma dádiva que Deus faz para nós. Justo observar o que estamos fazendo de semelhante dádiva para Deus.

 
    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita