Crime dos atrasos
Atrasos ocorrem a todo instante nos horários combinados
das diversas situações. Causas igualmente são variadas e
vão desde a negligência ao desrespeito, também
propositais e em muitas circunstâncias contra a vontade
dos protagonistas em função dos atropelos e acúmulos do
cotidiano, seja em virtude do trânsito ou de outras
ocorrências que escapam de nosso controle.
Muitos desses atrasos nada comprometem, mas existem
aqueles que são sim comprometedores e podem colocar
vidas em risco, causar confusões e rupturas variadas e
até tragédias. Aí o cuidado da disciplina em se observar
horários e prazos.
Interesses escusos muitas vezes estão nas causas de
atrasos intencionais que adiam providências,
comprometendo áreas importantes da convivência social e
influenciando negativamente no equilíbrio de questões
que envolvem a economia, por exemplo, ou mesmo a
política e a gestão pública ou privada, nos diversos
segmentos da vida humana, prejudicando toda uma
coletividade, o que configura um crime, já que existem
interesses próprios em detrimento do interesse coletivo.
O Espírito Irmão X, no livro Relatos da Vida –
capítulo 11 – Caso de consciência, psicografia de Chico
Xavier, após trazer seu costumeiro comentário, em seu
inconfundível estilo, narrando singular diálogo captado
em dimensão inferior da vida espiritual – e nesse caso
sobre trabalho e fadiga – conclui o precioso capítulo
com a observação de que “(...) A
fadiga existe mesmo, entretanto, é sempre um caso de
consciência, porquanto, ao que saibamos, ninguém, até
hoje, conseguiu verificar realmente onde termina o
cansaço e começa a preguiça.”
Bem expressivo citarmos a preguiça como uma das causas
dos atrasos, e aqui não específico sobre os ponteiros do
relógio, mas dos próprios interesses de evolução
espiritual.
E igualmente bem oportuno o título do capítulo acima
referido: Caso de consciência. Realmente é o que ocorre.
Consciência lembra empatia, respeito. Há que sempre
considerar que alguém espera por nós no horário
combinado, grupos muitas vezes aguardam nossa presença
em decisões coletivas importantes. Se não podemos
assumir o compromisso, melhor definir antes do que
atrasar costumeiramente. Ou se realmente algum atraso
ocorrer – o que também é processo natural – termos a
preocupação de notificar, para que ninguém nos aguarde
os descuidos ou atropelos muitas vezes inevitáveis.
Para que um atraso – muitas vezes mínimo, de segundos ou
minutos – não comprometa ações ou não se configure num
crime de lesão moral que mais tarde deveremos reparar.
Atrasos podem liquidar a esperança, a paz, a harmonia, a
saúde, individual e coletivamente.
Opto por concluir com os últimos três parágrafos da
belíssima página Mais tempo (capítulo 32 o livro Inspiração,
de Emmanuel/Chico Xavier:
Tempo é empréstimo valioso, em que o Senhor dispensa
avais e juros, conquanto o benefício seja tributado por
critérios e correções, conforme o uso que fizermos dele.
Vê, assim, o que atiras no chão das horas, porque, como
ocorre na gleba comum, de tudo o que dermos ao tempo
receberemos colheita certa.
Em suma, recordemos que o dia renascente é uma dádiva
que Deus faz para nós. Justo observar o que estamos
fazendo de semelhante dádiva para Deus.