Natural de São Carlos (SP), onde reside, Amanda
Murgo do Prado Mattos (foto) é bacharela
em Filosofia e Educadora Social e Assistente de
Produção do programa Esferas da Vida, da TV
Cultura Paulista. Tornou-se espírita em 2003
após a desencarnação do avô, quando, devido ao
ocorrido, buscava respostas. Vincula-se à
instituição Sementinhas de Jesus, atuando com
colaboradora.
Esta entrevista surgiu após conhecermos seu
trabalho de divulgação do livro Boa Nova,
de Humberto de Campos/Chico Xavier, ao qual se
dedica com afinco, procurando despertar
interesse do público para esse conhecimento que
a tocou profundamente. Conheça essa bela
história nas respostas da entrevistada:
Como surgiu seu interesse pelo livro Boa Nova,
de Humberto de Campos, psicografia de Chico
Xavier?
Quando meu avô faleceu, no ano de 2003, comecei
a participar da mocidade espírita e também dos
estudos e palestras oferecidos pelo centro. Aos
poucos, em meio a todo conflito já próprio da
idade adolescente, fui compreendendo e sendo
esclarecida de que eu era médium ostensiva, com
uma grande necessidade de dar início à educação
mediúnica. O COEM durava 3 anos de formação e é
a sigla para Curso de Orientação e Educação
Mediúnica. Conheci o livro Boa Nova no
ano de 2008 a partir de uma fala minha,
desabafando uma dificuldade. Eu era uma
jovenzinha de 18 para 19 anos, que havia
recentemente concluído o COEM e integrado o
Grupo Mediúnico Amor Fraterno, que já tinha, à
época, mais de duas décadas e diversas mulheres
muito amorosas e experientes, que me acolheram
com todo amor. São Carlos (SP) é uma cidade
universitária muito intelectualizada e isso se
reflete no movimento espírita, o que resulta em
uma abordagem bastante enfática ao lado
científico da doutrina, muitas vezes abordando
pouco os aspectos evangélicos. Era também o meu
primeiro ano de universidade, estava imersa em
um ambiente muito racionalista e de pouco espaço
para o sentir. Numa das nossas reuniões do Amor
Fraterno, então, eu, no meu ímpeto bem comum de
juventude muito pouco esclarecida, soltei às
minhas amigas presentes que tinha muita
dificuldade de compreender quem era Jesus e qual
a razão de ele ser tão importante no mundo todo,
que eu realmente desconhecia quem ele era. Foi
então que a minha grande amiga, Adelina
Inocêncio Costa, me disse que na semana seguinte
me traria um livro que me ajudaria muito, como
um dia ajudou a ela, a resolver essa dúvida, e
compreender muito claramente quem afinal era
Jesus. Ela cumpriu sua promessa, me trouxe o
livro Boa Nova com uma dedicatória linda
e encorajadora, e, a partir daquele dia e da
leitura deste presente, posso dizer que conheci
a Jesus quase que face a face, tamanha a
capacidade desse livro de nos levar, a cada
página, à presença amorosa do nosso Mestre.
O que mais lhe chama atenção no estilo do autor?
O autor, Humberto de Campos, também conhecido em
algumas das obras ditadas ao Chico como Irmão X,
já havia sido, encarnado no Brasil, um grandioso
literato, com uma capacidade ímpar de escrever
envolvendo o leitor em sua narrativa, desde
contos, crônicas a textos jornalísticos. Como
sabemos que a morte do corpo jamais anula nossas
habilidades e potenciais desenvolvidos e
adquiridos pelo espírito, Humberto de Campos
passou a integrar, no mundo espiritual, segundo
o que nos conta no Prefácio do livro Boa Nova,
as chamadas Escolas do Evangelho. Escolhido pela
equipe espiritual que dirigia a obra mediúnica
de Chico Xavier, o autor concentrava todos os
requisitos necessários para trazer à Terra um
pouco do que era aprendido nesses lugares do
plano espiritual onde as escolas do evangelho
retratavam, em riqueza de detalhes e
compreensão, os ensinamentos e contextos de onde
surgiram os registros evangélicos imortalizados
por Mateus, Marcos, João e Lucas. O que mais me
chama atenção, portanto, em Humberto de Campos e
em seu estilo é a capacidade abençoada que ele
possui de, através de suas palavras na
narrativa, nos transportar como que ao cenário
onde as histórias estão sendo retratadas, nos
fazendo sentir a vibração e a presença de Jesus
e de todos que ali estavam ao seu redor enquanto
o Mestre ensinava.
E quanto ao livro em si, em seus capítulos?
Cada capítulo do livro Boa Nova nos
esclarece falando diretamente ao coração,
sobretudo porque apresenta com riqueza de
detalhes a humanidade, fragilidade e
falibilidade de todos que circundavam Jesus e a
História nos legou conhecê-los como se tivessem
desde sempre sido santos, espíritos da maior
elevação. Os capítulos desse livro nos mostram
discípulos e apóstolos, seguidores e seguidoras
do Mestre que apresentavam imensos problemas
morais, materiais, espirituais, bem ao modo
“gente como a gente”. Gosto muito de refletir
que, a cada capítulo, cada um dos personagens me
representa em minhas dificuldades, e me inspira
no movimento sincero que fizeram ao decidirem
seguir Jesus, movimento que, é bom que se diga,
não foi fácil e nem tinham eles todas as
virtudes desde sempre, mas sua disposição
sincera os levou a serem os exemplos que nos
servem para persistimos no caminhar com o
Cristo, apesar de nossas tão grandes mazelas
ainda.
Por que você o indicaria aos leitores?
Justamente pelo que falei antes, o imenso
consolo que ele nos traz mostrando que os que
seguiam a Jesus eram muito limitados, como nós
ainda o somos, porém, também inspiradores, nos
encorajando que é possível sim, apesar de nossas
fragilidades, ascender com o Mestre, passo a
passo, amorosamente e pacienciosamente. Mas o
principal motivo pelo qual eu recomendo a
leitura é que esse livro nos coloca, a cada
página, na presença amorosa de Jesus, como se
estivéssemos ali, com ele, ouvindo, sentindo,
aprendendo junto aos discípulos o que ele estava
ensinando.
Dos capítulos, qual ou quais gostaria de
destacar?
Recomendo a todos o livro inteirinho, do início
ao fim (sou completamente apaixonada por todos),
mas, partindo de uma identificação imensa com a
sede de amor que eu sempre senti em minha vida,
gostaria de destacar o capítulo 20, Maria de
Magdala. A cada vez que o leio, estudo, sinto
mais e mais o que significa ser amada
incondicionalmente pelo Mestre!
Dos personagens trazidos pelos capítulos, existe
algum em especial ao seu sentimento?
Há dois que são muito especiais ao meu
sentimento, certamente pela identificação que
tenho com cada um deles: Simão Pedro, cabeça
dura, impetuosíssimo, mas com um coração aberto
a aprender e renovar seus caminhos e ajudar os
que chegarem até ele (com imensas dificuldades e
conflitos, mas sempre disposto a tentar) e Maria
de Magdala, para a qual Jesus ensinou que, mesmo
aparentemente sozinha nos caminhos da vida, e
abandonada, excluída, era necessário manter-se
fiel a Deus e plenamente confiante em si mesma.
Além de ensinar que a sede de amor que ela
sentia era muito real, e, para aplacá-la, era
necessário amar a cada um que lhe chegasse, com
o carinho da condição maternal. Todos os
personagens me representam, mas esses, parecem
muito, muito, muito com minhas maiores
dificuldades.
Como é estudar e falar sobre o livro?
É uma bênção, a cada convite que recebo, poder
oferecer aos presentes um pouco do bem que a
Adelina me fez naquele ato tão generoso de me
dar esse livro quando eu ainda não entendia, não
conhecia Jesus. Eu sinto que estou apresentando
Jesus a um montão de gente que, assim como eu,
vai amar e compreender quem ele é, e não querer
jamais sair de pertinho dele!
Como sente a reação do público diante das
abordagens?
Ah, a reação é a mesma daquela Amandinha de 18
para 19 anos quando teve seu primeiro contato
com o livro: uma emoção muito grande, afinal,
ter a oportunidade ímpar que Humberto de Campos
e Chico Xavier nos deram de estar ali, na
presença do Mestre Jesus, é de uma emoção
indescritível, que marca a vida da gente em
antes e depois d’Ele.
Qual a maior lição do livro?
Sem sombra de dúvidas, a maior lição é que não
nos resumimos aos nossos equívocos,
dificuldades, limitações, mas somos capazes,
muito capazes, apesar de todas essas
características, de seguirmos confiantes rumo a
uma transformação grandiosa, com amorosidade,
paciência e com todas as condições do mundo que
o Amor de Deus e Jesus têm infinitamente para
nos oferecer, a cada experiência vivida.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
A obra do Chico é imensa, cheia de grandes
títulos que ficaram consagrados no correr do
tempo, e, certamente, continuarão a ser. Mas, se
eu puder dar uma sugestão amorosa, não deixem de
ter em seus lares um exemplar do Boa Nova.
Eu garanto que ele é uma porta que leva ao
Mestre, pela qual, depois que entramos, não
iremos querer sair mais, jamais!
Suas palavras finais.
Não posso deixar de finalizar sem um
agradecimento eterno à minha doce e querida
amiga Adelina, pois foi através das suas mãos
amorosas que eu pude, enfim, conhecer Jesus.
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