Somos
filhos de Deus?
Não é incomum que
pessoas expostas às
duras expiações e provas
existenciais
eventualmente até
questionem a sua
filiação divina. Sob o
látego da dor, das
privações e das agruras,
a fé, não raro, titubeia
nesses indivíduos. Com
efeito, imaginem, por
exemplo, a situação ora
vivida por nossos irmãos
ucranianos sob intenso
ataque das forças
militares russas, sem
falar na chuva diuturna
de bombas despejadas no
país pelo invasor
impiedoso. Ou ainda as
mulheres defensoras dos
direitos humanos,
praticamente enterradas
em masmorras em Teerã,
no Irã, impedidas de ver
a luz do Sol por meses a
fio. Infelizmente, na
Terra continua-se sendo
“muito criativo” o
emprego de nefastos
meios e instrumentos
para tolher a liberdade
dos nossos irmãos,
especialmente quando
estes “ameaçam” sórdidos
interesses dos poderosos
de plantão. Sejam,
enfim, por meio de
tragédias, flagelos,
pura supressão da
liberdade, doenças ou
reveses da vida, o fato
é que muitas pessoas sob
estas condições tendem a
esmorecer no que
concerne a sua fé no
Criador.
Posto isto, o presente
texto busca resgatar
algumas sábias
ponderações e
esclarecimentos ditados
pelo Espírito Joanna de
Ângelis, no opúsculo Filho
de Deus (psicografia
de Divaldo Pereira
Franco). Creio que tal
empreendimento é válido,
já que estamos todos nós
hoje diante de enormes
desafios, típicos de um
mundo em fase pungente
de transição no qual os
testemunhos atingem a
todos – em maior ou
menor grau. Sendo essa a
paisagem reinante,
começo por destacar que,
independentemente do
sofrimento que possa
estar envolvendo nossas
vidas, somos, sim,
filhos de Deus, cujo
excelso amor abarca todo
o universo, inclusive as
fibras mais íntimas do
nosso ser, conforme
pontua a sábia mentora.
Por essa razão, segundo
ela:
“...nada te deve
atemorizar ou afligir
demasiadamente.
Tens uma fatalidade que
te aguarda: a plenitude
da vida!
Lográ-la de imediato ou
mais tarde, dependerá do
teu livre-arbítrio.
Empenha-te no sentido de
conseguir êxitos nos
teus empreendimentos
íntimos, mesmo que a
peso de sacrifícios,
recordando que, em
qualquer situação, Deus
está contigo.”
Aliás, ainda no terreno
dos “sacrifícios” que,
não raro, muitos
assusta, outra entidade
espiritual igualmente
extraordinária, o
Espírito Emmanuel, no
livro que lhe leva o
nome (psicografia de
Francisco Cândido
Xavier), observa que “Venturosos
são os raros Espíritos
que sentem a excelsitude
dessas verdades na vida
corporal. Sacrificando-se
em benefício dos
semelhantes,
experimentam, mesmo sob
a cruz das dores, a sua
emoção das venturas
celestes que os aguardam
nos planos aperfeiçoados
do Infinito”.
Portanto, na visão
divina nada há que não
seja devidamente
observado e registrado,
inclusive as nossas
intenções. E aos que se
sacrificam em prol dos
outros, certamente a
messe divina os
recompensará. Sacrifício
e renúncia são
qualidades também
observadas nas almas de
escol, e em Jesus temos
– convém lembrar -
sempre o maior exemplo a
refletir e mirar.
Ainda consoante Joanna
de Ângelis, Deus reside
em nosso íntimo. Desse
modo, compete a nós
desenvolver os meios de
alcançá-lo
conscientemente,
alterando
significativamente para
melhor o nosso
comportamento
intelecto-moral, pois,
assim, poderemos haurir
os benefícios dessa
comunhão de natureza
essencialmente superior.
Dele, a propósito,
recebemos “a inspiração
para o crescimento
libertador, para ação
feliz e para uma
existência harmoniosa”.
Joanna de Ângelis lembra
que nossos “pensamentos,
palavras e atos” devem
refletir-lhe, de algum
modo, pois estamos
mergulhados em sua
consciência.
Para a mentora, Deus é o
nosso “amigo perfeito”,
já que é acessível,
sempre disposto a ouvir
nossas queixas nos
submetendo soluções
benfazejas pela via da
inspiração. O Senhor
jamais se cansa, pois é
absolutamente paciente
com nossas fraquezas,
mesmo quando rejeitado
ou censurado por nós.
Joanna de Ângelis
incisivamente propõe que
nada devemos fazer sem
nos apoiarmos nesse
amigo de todas as horas,
“seguro e paternal”.
Para ela, o nosso dever
fundamental é nos
tornarmos receptivos “ao
pensamento divino em
tudo e em todos
presente, de modo a
captá-lo e pô-lo em
ação...”. E ainda nos
adverte:
“Se permaneces na
infância espiritual não
podes usufruir, por não
saberes utilizar, de
todos os bens. Todavia,
se adquires a
maioridade, irás
utilizando-te e
felicitando-te com todos
os tesouros da Criação,
como filho de Deus,
portanto, Seu herdeiro
ditoso”.
Vejam, portanto, que a
questão da percepção
torna-se saliente,
dependendo única e
exclusivamente de cada
um ampliar a sua
capacidade de sintonia
com essa força superior.
Ao estabelecermos esse
conexão sublimada
encontraremos, então, a
luz que nos permitirá
discernir com acerto,
pensar corretamente,
falar com sabedoria e
agir com precisão,
conforme a mentora
esclarece.
Ela também ressalta as
situações nas quais, não
obstante o nosso máximo
empenho, não tenhamos
auferido os resultados
desejados, o que não é
absolutamente passível
de ocorrer. Sua
recomendação é para que
não nos deixemos
exasperar e aguardemos.
Possivelmente esse
momento não era o mais
propício para a
realização de tais
intentos – quiçá até
mesmo essa vida. Aliás,
certas realizações
precipitadas podem
trazer-nos enormes
desgostos futuros. Por
essa razão, para tudo há
um momento certo e
apropriado, só conhecido
por Deus que vislumbra
quadros e desdobramentos
desconhecidos por nós.
Pois, aceitemos, então,
a vontade divina “e não
desanimemos jamais”.
Quando a aflição, o medo
a perturbação nos
envolver, recomenda-nos
Joanna de Ângelis para
que recordemos da
presença do Senhor ao
nosso lado. Para ela,
“As qualidades internas
da sabedoria e do amor,
da confiança e da paz,
embora invisíveis, são
mais poderosas do que as
circunstâncias
afligentes e os estados
inquietantes da alma”.
Neste precioso livrinho
repleto de ensinamentos
e orientações altamente
benéficas, ela também
dedica um capítulo
especial ao sagrado
recurso da oração. Ali
pondera, entre outras
coisas, que com a oração
conseguimos redescobrir
a finalidade de nossas
existências superando
todos os percalços que
aparentemente impedem o
nosso avanço. Em
síntese, quer sejam nos
momentos gloriosos, quer
sejam nas ocasiões mais
perturbadoras, a força
da prece nos dá impulso
e coragem para não
estacionarmos.
A mentora esclarece que
o Pai celestial tem
conhecimento de tudo o
que nos diz respeito. O
seu conselho, nesse
sentido, é o de nos
deixarmos conduzir por
Ele sintonizando-nos com
a sua infinita
sabedoria, bem como
buscando realizar o
melhor de nossa parte.
Dessa maneira, estaremos
marcando o nosso caminho
“com as pegadas da luz”.
Por fim, respondendo –
novamente - à indagação
que dá o título ao
presente texto, os
resumidos aspectos
coletados na referida e
marcante obra comprovam
que somos,
indubitavelmente, filhos
de Deus. Admitamos ou
não, usufruiremos sempre
dessa paternidade
amorosa e prestativa a
nos guiar e inspirar os
passos na senda do bem,
cabendo-nos, porém, o
dever de melhorar os
nossos canais de
recepção e elevarmos os
nossos ideais de vida.
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