Princípios do colaborador espírita
A obra Os
Mensageiros, ditada pelo Espírito André Luiz através
do médium Chico Xavier, traz em seu capítulo dois
importantes ensinos do instrutor espiritual Aniceto
sobre o que se espera de um colaborador na Instituição
Homem Novo, nas dependências da colônia Nosso Lar, e que
vamos adaptar para os colaboradores voluntários do
Centro Espírita, ou seja, vamos conhecer os seis
princípios que o colaborador espírita deve colocar em
ação no atendimento ao próximo, divulgação do
Espiritismo e transformação moral de si mesmo.
Estudemos esses seis princípios, tendo sempre em mente
que não basta conhecer pela teoria o Espiritismo, é
preciso vivenciá-lo no relacionamento com os outros:
1. O colaborador deve estar interessado somente na
descoberta da felicidade de servir.
2. O colaborador compromete-se a calar toda espécie de
reclamação.
3. O colaborador não deve exigir expressão nominal nas
obras úteis realizadas, e todos os colaboradores
respondem por qualquer erro cometido.
4. O colaborador deve extinguir as velhas vontades
pessoais.
5. O colaborador deve interessar-se tão somente pelo
bem.
6. O colaborador deve esquecer as exigências descabidas
da personalidade.
Esses princípios exaltam a humildade e a caridade, assim
como o espírito de equipe, sendo lembrado que no serviço
voluntário no Centro Espírita não cabe nenhum
personalismo, nenhuma exigência para si, devendo o
colaborador, antes de reclamar de qualquer coisa,
aprender a servir ao próximo, seja este quem for. Fazer
o bem, porque o bem faz bem a quem o faz e a quem o
recebe, deve ser a motivação e o ideal do colaborador
espírita, assim olhando antes para todos, para o
coletivo, e não para si mesmo. Não é o querer pessoal
que deve prevalecer no desenvolvimento das tarefas, pois
isso significa predominância do egoísmo e do orgulho,
que são incompatíveis com a caridade e a humildade.
Esses seis princípios podem parecer demasiados rígidos
para muitas pessoas, que poderão pensar que eles sejam
aplicáveis somente no mundo espiritual, mas não é bem
assim. Ao abraçar o Espiritismo, o espírita logo se
conscientiza da necessidade de realizar sua
transformação moral, e que “fora da caridade não há
salvação”, não podendo ser apenas discurso, apenas
teoria, pois o que se estuda deve ser colocado em
prática, mesmo porque o espírita deve fazer todos os
esforços para vivenciar o mais plenamente possível o
“amai-vos uns aos outros”.
Se o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a hipocrisia
predominam, mais esforço deve o colaborador fazer para
se melhorar, para se moralizar, combatendo essas más
tendências, para que melhor possa representar o
Espiritismo, e, naturalmente, esse esforço deve estar
presente sempre que o colaborador estiver no Centro
Espírita, até que consiga ser humilde e bondoso em todas
as circunstâncias sociais, com qualquer pessoa. É um
processo de autoconhecimento acompanhado da
autoeducação, a tão conhecida reforma íntima, e esse
processo se potencializa quando aprendemos que
compreensão, tolerância, paciência geram paz nas
relações, que por sua vez, com o tempo, gerarão a
felicidade.
Fazer parte de uma equipe de trabalho e ganhar
experiência no atendimento às necessidades alheias,
colaborando ativamente para o bem coletivo, ao mesmo
tempo em que se dedica ao estudo da Doutrina Espírita,
leva o colaborador espírita ao seu engrandecimento moral
e espiritual, assim sufocando personalismos,
reclamações, exigências, muitas vezes descabidas, sem
razão de ser, e que tanto perturbam o bom andamento dos
serviços prestados pelo Centro Espírita a todos os que o
procuram.
O colaborador não precisa de destaque, pois não está
fazendo obra pessoal, mas servindo à causa maior do bem,
como representante do Evangelho, pois o espírita deve
seguir em sua vida os ensinos morais de Jesus, e se não
consegue colocá-los em ação no Centro Espírita, como
haverá de conseguir vivenciá-los na família e na
sociedade?
Essas considerações nos fazem lembrar de um amigo
espírita que vivia se queixando dos colaboradores e
diretores do Centro Espírita que frequentava, mas que,
ao mesmo tempo, não queria assumir nenhum cargo, nenhuma
responsabilidade diretiva. Fizemos com que ele
entendesse que, nesse caso, somente lhe restavam duas
opções. A primeira opção era calar e trabalhar, pensando
no bem coletivo, pois o verdadeiro espírita não fica nos
bastidores minando o trabalho que é realizado por
corações abnegados que, bem ou mal, estão trabalhando
visando o melhor. Agora, se isso não fosse possível,
pela divergência de pensamentos, que ele colocasse em
ação a segunda e última opção: saísse desse Centro
Espírita, colocando-se em serviço em outra instituição
espírita, e com humildade, aprendendo e servindo sempre.
Quantos males evitaríamos seguindo os seis princípios do
colaborador espírita!
É de grande utilidade a leitura completa das explicações
de Aniceto a André Luiz, e não podemos finalizar sem
antes registrar sua fala com referência a quando aceitou
a função de instrutor, de líder de aprendizes, que
podemos assim resumir: o líder não deve perder tempo na
melhoria e educação de si mesmo. E podemos entender que
isso também deve ser feito pelo colaborador, mesmo que
ainda um aprendiz da doutrina.
O Centro Espírita deve ser compreendido como escola de
almas, verdadeira instituição do homem novo, renovado
nas luzes da imortalidade e da reencarnação, núcleo de
atividades evangélicas em que temos de ser, acima de
tudo, servidores da causa maior do amor ao próximo.
Marcus De Mario é escritor, educador,
palestrante; coordena o Seara de Luz, grupo on-line de
estudo espírita; edita o canal Orientação Espírita no
YouTube; é editor-chefe da Revista Educação Espírita;
produz e apresenta programas espíritas na internet;
possui mais de 35 livros publicados.
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