Diz-me com quem
andas e eu te
direi quem és
Podemos
afirmar qual é o
caráter e a
natureza de uma
pessoa só
observando com
quem ela
convive?
Ou será que
somos tão fracos
intelectual e
moralmente, a
ponto de
podermos ser arrastados
para o mal pela
simples
aproximação,
como um ímã
atrai a certos
metais, como nos
diz o ditado: “passarinho
que dorme com
morcego amanhece
de cabeça para
baixo”?
Apesar de
observamos
pessoas em
situação de
fragilidade,
estando assim
mais expostas à
influência de
gente
mal-intencionada
pelos mais
diversos
motivos, pensar
que o mal sempre
prevalece nos
parece como uma
sentença fatal,
tanto para quem
se acha o
passarinho do
ditado, quanto
para aqueles
julgados por nós
como morcegos.
Esse receio de
sermos
influenciados
não é nada novo.
O Velho
Testamento tem
várias outras
citações nessa
linha, como por
exemplo em
Provérbios
22:24-25, onde
somos
aconselhados a
não nos
associarmos a
pessoas de mau
humor, ou
coléricas, para
não nos
acostumarmos com
tais atitudes e
cairmos numa
cilada para
nossa vida.
Já as cartas de
Paulo nos trazem
mensagens de
certa forma
conflitantes: as
más companhias
corrompem os
bons costumes,
reza a primeira
carta aos
Coríntios. Já em
Efésios, somos
chamados a
imitar o Divino
Mestre, que se
sentava à mesa
com os
cobradores de
impostos e
pecadores, e
respondendo às
críticas dos
fariseus, no
Evangelho
segundo Mateus,
afirmou ter
vindo para
chamar os
pecadores e não
os justos.
Jesus também
ressaltou seu
desejo por
misericórdia, se
comparando a um
médico em busca
de doentes e não
de pessoas com
saúde. Se não
bastasse, em
Mateus, 21:31,
explicou uma das
consequências de
nossos
preconceitos,
afirmando aos
sacerdotes: “os
cobradores de
impostos e as
prostitutas
entrarão antes
de vocês no
Reino de Deus”.
Nesse sentido, a
Doutrina
Espírita nos
traz
ensinamentos
interessantes
para refletirmos
um pouco melhor
sobre o tema.
O Livro dos
Espíritos nos
ensina que os
homens atraem os
Espíritos em
função de suas
tendências, e os
Espíritos, por
sua vez, vão
aonde estão seus
semelhantes.
Assim, os
Espíritos não
somente nos
influenciam, mas
podem até
dirigir nossas
ações. Por outro
lado, a evolução
moral, coletiva
ou individual,
tende a afastar
os Espíritos que
estejam
trilhando maus
caminhos e
atrair os bons.
No entanto, de
forma geral
somos Espíritos
imperfeitos,
ainda no começo
de nossa
caminhada
evolutiva, e
assim lutamos
contra o apego à
matéria, o
orgulho e o
egoísmo que nos
tornam expostos
à influência do
mal.
Dessa forma,
como nos ensina
André Luiz no
livro Conduta
Espírita,
cabe afastar-nos
de ambientes
viciosos, de
forma discreta e
evitando
críticas. O
cristão, porém,
sabe se
relacionar
nesses lugares
para prestar
colaboração
fraterna em
favor dos
necessitados.
Ora, entendemos
que André Luiz
deixou
implícitas
algumas
qualidades do
cristão, tais
como a
preparação moral
e intelectual
para o trabalho,
pois, em Missionários
da Luz, do
mesmo autor
espiritual,
aprendemos a
respeito da
importância da
disciplina e da
educação, entre
outras condições
necessárias para
exercício do
trabalho no bem.
Retornando à
questão da
influência
negativa de
terceiros em
nossa
caminhada, O
Livro dos
Espíritos nos
explica que
somente somos
levados a fazer
o mal quando
assim o
desejamos. Só
poderia ser
assim, pois
temos liberdade
de escolha.
Ninguém
reencarna para
fazer o mal.
Importante
assumirmos a
responsabilidade
de nossos atos,
resultante de
nosso
livre-arbítrio.
Nesse sentido, à
medida que vamos
reparando nossos
erros, cumprindo
provas e
missões, vamos
progredindo
espiritualmente
e, ao longo de
nossa caminhada
rumo à perfeição
relativa, não
retroagimos
moral ou
intelectualmente.
Ora, como todos
chegaremos a
Espíritos puros,
sabemos que o
mal é
passageiro, e
que a influência
positiva é mais
forte. Assim, à
medida que um
Espírito evolui
moralmente, este
pode se expor ao
convívio com
outros irmãos em
grau menor de
evolução, sem
estar sujeito a
voltar à
situação
anterior. Ou
seja,
certamente, com
o tempo, os
passarinhos
ajudarão os
morcegos a
aprender como
dormir de cabeça
para cima!
Enquanto estamos
aqui na Terra,
ao recusarmos a
caminhar com
quem seja
diferente de
nós, estamos de
certa forma
manifestando
nosso orgulho,
nos colocando
num patamar
acima dos
outros.
Mostramos assim
também nosso
egoísmo ao não
nos importamos
com quem
julgamos ser
inferior a nós.
É comum nos
afastarmos de
pessoas que se
aproximam de
outro alguém com
quem não temos
afinidade ou de
quem evitamos
por
desentendimentos
passados. Muita
vez, pessoas que
pensam diferente
de nós são
canceladas de
nossas vidas,
como se
tivéssemos o
monopólio da
razão, ou a
autoridade moral
de poder rotular
o próximo como
errado e,
portanto, mau.
Ouvimos
comumente
pessoas
afirmarem ter
desistido de
certos
confrades, cuja
diferença
preferem deixar
para acertar
numa próxima
encarnação. Tais
pessoas, com
certeza, se
acham
passarinhos
bonzinhos, se
afastando de
morcegos
malvados, quando
estão de fato
perdendo
oportunidade
incrível de
fazer as pazes
com desafetos
enquanto se
encontram no
caminho com
eles, como nos
aconselhou
também Jesus.
Nesses processos
de afastamentos
e cancelamentos,
dando asas ao
nosso orgulho e
egoísmo,
deixamos de
tentar atender
outro chamado
desafiador feito
pelo Cristo, o
de amar nossos
inimigos.
Interessante
observar que, no
capítulo 6 do
Evangelho
segundo Lucas,
em seguida de
seu convite,
Jesus nos pede
para não
julgarmos para
não sermos
julgados.
Ora, a atitude
de não julgar
nos abre a
possibilidade de
entender que
estamos todos em
níveis
espirituais
muito parecidos
e, portanto,
temos muito a
ganhar nos
preparando e nos
esforçando para
fazermos a
diferença
positivamente na
vida de pessoas
menos
privilegiadas
moral ou
intelectualmente,
em lugar de nos
afastar delas.
Entender e
reconhecer tais
atitudes em nós
pode gerar a
decisão de
mudarmos para
melhor.
De fato, como
espíritas, temos
obrigação não só
de não fazer o
mal, mas de
fazer o bem no
limite de nossas
forças e somos
responsáveis
também pelo mal
que ocorre por
deixarmos de
fazer o bem.
Não aprendemos
que o espírita
não faz
proselitismo,
mas arrasta pelo
exemplo?
Como vamos dar
exemplo se não
saímos de nossa
zona de
conforto?
Pensamos que o
convívio com a
diferença nos
permite aprender
com o próximo,
nos conhecermos
melhor, podermos
evoluir e
gradualmente
adquirir as
virtudes
ensinadas por
Jesus, como a
caridade, a
mansidão, a
humildade, o
amor ao próximo,
e a nós mesmos.
Quando chegarmos
lá, não
precisaremos
amar nossos
inimigos pois
não mais teremos
desafetos!
Trabalhemos
então para nos
fortalecermos e
fazermos a nossa
parte, estudando
a Doutrina
Espírita,
praticando a
caridade de
forma ativa,
vigiando e
orando como
devemos. Assim
poderemos pouco
a pouco nos
transformar
moralmente e sem
medo de más
influências,
ajudar outros
irmãos a fazer o
mesmo.