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por Roni Ricardo Osorio Maia

 

A necessidade do perdão


Apresentamos, neste artigo, nossas considerações sobre o perdão com base em nosso livro Perdonare.[1]
 
Nas vidas terrenas acontece de muitos espíritos retornarem para se abrigar novamente na convivência com antigos desafetos passados, a fim de se redimirem perante os descalabros faltosos com a justiça divina. Não diríamos que tudo será resolvido de pronto para todos os agravos cometidos, contudo, o início do reajuste será semeado entre seres comprometidos entre si. Aos poucos, lentamente, no granjear de experiências pelas vidas sucessivas, com amadurecimento ético-moral, o ser pensante e imortal perdoará as agressões e ultrajes recebidos, enxergará como o seu semelhante foi equivocado, em atos impensados, nesta ou noutra(s) vida(s).

Somente uma doutrina de luz – como o Espiritismo – poderia nos clarear tão bem essas premissas anunciadas ao longo dos séculos por homens sábios, filósofos e mensageiros do bem. Jesus, ao esclarecer tão bem àqueles que o ouviam, com essa vertente de amor a si e ao próximo, não se esquivou de revelar a prática do perdão, que é assaz inconfundível e inolvidável nas relações humanas.

Perdão é assunto premente neste mundo de expiações e de provas, a ingressar futuramente na categoria de regeneração. Por conseguinte, tal prática ainda será constante em face de nossas imperfeições. Certamente conhecemos inúmeros casos e fatos inamistosos que carecerão desses alentos para se abrigar fraternalmente.

Dessa forma, quando Simão Pedro indagou do Mestre dos Mestres quantas vezes deveria perdoar o irmão que pecou contra si, ele quantificou sete vezes ao relembrar a tradição das antigas escrituras, bem como a crença do povo onde se situavam, porque eles adotavam o número sete como totalidade. O Iluminado Amigo lhe respondeu que não deveria ser em torno de sete vezes, mas setenta vezes sete [2], ou seja, uma grande conta a se fazer para criar o hábito do perdão.

Há que se considerar muitas atitudes imperfeitas de todos nós. Há caminhos similares, a todos os povos, mas ainda são percorridos por pessoas desconhecedoras de que no Universo foi estabelecida uma lei espiritual similar à lei da física - Lei de Ação e Reação, sem castigo, no entanto, com consequências, necessária para se aparar arestas quando se prejudica o próximo. São burilamentos pertinentes aos espíritos imantados no desconhecimento de tudo que vá causar prejuízo alheio – ao autor que realizou algo em detração ao seu semelhante, haverá um retorno como corrigenda.

Nos nichos domésticos aportam costumeiramente muitos devedores entre si, em situações às vezes surpreendentes, para possíveis reajustamentos, planejados pelos benfeitores espirituais, os quais programam esses resgates para uma só finalidade: a reparação de falhas mal resolvidas, em termos espirituais. Portanto, os retornos dos espíritos comprometidos entre si, ou com aqueles a quem tanto prejudicaram, quando estavam no desconhecimento da justiça divina.

Irmãos jornadeiros sediados em atitudes torpes, uma vez redirecionados a outras posturas educativas, reverão quanto se atrasaram e se posicionarão junto ao progresso destinado a todos os filhos de Deus. O perdão amplamente divulgado na literatura voltada ao bem comum, e com destaque no ensinamento cristão-espírita, torna-se requisito elementar à elevação do ser imortal. A expertise de quem pratica a virtude de perdoar se baseia na consciência nutrida por bons pensamentos, daquele compreendedor de que só alcançará melhores degraus, rumo à plenitude, quando se esforçar em ser alguém melhor, com conhecimento daquilo que lhe prejudicará a evoluir.

Diversos lares pelo mundo se ajustam conforme essa ótica espírita difundida no capítulo XIV de O Evangelho segundo o EspiritismoHonra teu pai e tua mãe [3], quando espíritos reencarnados se coadunam em princípios morais, se reconciliam, ao exercitar virtudes essenciais à prática da fraternidade. Por isso, caros leitores, enfatizaremos novamente o apóstolo Pedro que nos escreveu: “Sobretudo, conservem entre vocês um grande amor, porque o amor cobre uma multidão de pecados”[4].

Muita paz!


 

[1] Versão e-book, distribuído pela Editora Lluminar, renda integral para o Lar Espírita Irmã Zilá, instituição filantrópica (creche) em Volta Redonda (RJ.

[2]  Evangelho de Mateus, capítulo 18, versículos 21 e 22.

[3] Ed. EME – 32 reimp.

[4] I Pedro, capítulo 4, versículo 8.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita