A necessidade do perdão
Apresentamos, neste artigo, nossas considerações
sobre o perdão com base em nosso livro Perdonare.
Nas vidas terrenas acontece de muitos espíritos
retornarem para se abrigar novamente na
convivência com antigos desafetos passados, a
fim de se redimirem perante os descalabros
faltosos com a justiça divina. Não diríamos que
tudo será resolvido de pronto para todos os
agravos cometidos, contudo, o início do reajuste
será semeado entre seres comprometidos entre si.
Aos poucos, lentamente, no granjear de
experiências pelas vidas sucessivas, com
amadurecimento ético-moral, o ser pensante e
imortal perdoará as agressões e ultrajes
recebidos, enxergará como o seu semelhante foi
equivocado, em atos impensados, nesta ou
noutra(s) vida(s).
Somente uma doutrina de luz – como o Espiritismo
– poderia nos clarear tão bem essas premissas
anunciadas ao longo dos séculos por homens
sábios, filósofos e mensageiros do bem. Jesus,
ao esclarecer tão bem àqueles que o ouviam, com
essa vertente de amor a si e ao próximo, não se
esquivou de revelar a prática do perdão, que é
assaz inconfundível e inolvidável nas relações
humanas.
Perdão é assunto premente neste mundo de
expiações e de provas, a ingressar futuramente
na categoria de regeneração. Por conseguinte,
tal prática ainda será constante em face de
nossas imperfeições. Certamente conhecemos
inúmeros casos e fatos inamistosos que carecerão
desses alentos para se abrigar fraternalmente.
Dessa forma, quando Simão Pedro indagou do
Mestre dos Mestres quantas vezes deveria perdoar
o irmão que pecou contra si, ele quantificou
sete vezes ao relembrar a tradição das antigas
escrituras, bem como a crença do povo onde se
situavam, porque eles adotavam o número sete
como totalidade. O Iluminado Amigo lhe respondeu
que não deveria ser em torno de sete vezes, mas
setenta vezes sete,
ou seja, uma grande conta a se fazer para criar
o hábito do perdão.
Há que se considerar muitas atitudes imperfeitas
de todos nós. Há caminhos similares, a todos os
povos, mas ainda são percorridos por pessoas
desconhecedoras de que no Universo foi
estabelecida uma lei espiritual similar à lei da
física - Lei de Ação e Reação, sem castigo, no
entanto, com consequências, necessária para se
aparar arestas quando se prejudica o próximo.
São burilamentos pertinentes aos espíritos
imantados no desconhecimento de tudo que vá
causar prejuízo alheio – ao autor que realizou
algo em detração ao seu semelhante, haverá um
retorno como corrigenda.
Nos nichos domésticos aportam costumeiramente
muitos devedores entre si, em situações às vezes
surpreendentes, para possíveis reajustamentos,
planejados pelos benfeitores espirituais, os
quais programam esses resgates para uma só
finalidade: a reparação de falhas mal
resolvidas, em termos espirituais. Portanto, os
retornos dos espíritos comprometidos entre si,
ou com aqueles a quem tanto prejudicaram, quando
estavam no desconhecimento da justiça divina.
Irmãos jornadeiros sediados em atitudes torpes,
uma vez redirecionados a outras posturas
educativas, reverão quanto se atrasaram e se
posicionarão junto ao progresso destinado a
todos os filhos de Deus. O perdão amplamente
divulgado na literatura voltada ao bem comum, e
com destaque no ensinamento cristão-espírita,
torna-se requisito elementar à elevação do ser
imortal. A expertise de quem pratica a
virtude de perdoar se baseia na consciência
nutrida por bons pensamentos, daquele
compreendedor de que só alcançará melhores
degraus, rumo à plenitude, quando se esforçar em
ser alguém melhor, com conhecimento daquilo que
lhe prejudicará a evoluir.
Diversos lares pelo mundo se ajustam conforme
essa ótica espírita difundida no capítulo XIV de
O Evangelho segundo o Espiritismo, Honra
teu pai e tua mãe,
quando espíritos reencarnados se coadunam em
princípios morais, se reconciliam, ao exercitar
virtudes essenciais à prática da fraternidade.
Por isso, caros leitores, enfatizaremos
novamente o apóstolo Pedro que nos escreveu:
“Sobretudo, conservem entre vocês um grande
amor, porque o amor cobre uma multidão de
pecados”.
Muita paz!