Tema: Desobediência
O burrinho desobediente
Dona Catarina
era uma simpática senhora que vivia numa fazenda, com
vários animais. Ela cuidava com carinho de todos eles,
mas havia um que era especial para ela. Era o seu
burrinho Dito.
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Desde pequeno, Dito havia sido tratado com muitos mimos
e cuidados. Mas, conforme foi crescendo, ao invés de
desenvolver
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gratidão e respeito, passou a se considerar mais
importante e melhor que os outros. |
Dona Catarina, que o amava muito, fazia tudo que podia
para educar seu burrinho, mas ele só se metia em
confusões.
Às vezes ele fugia para comer plantas dos canteiros da
fazenda vizinha. Dona Catarina, constrangida, tinha que
ir lá buscá-lo e pedir desculpas para os vizinhos.
Certo dia, depois de mais um passeio não autorizado,
quando Dona Catarina foi ao seu encontro, para trazê-lo
de volta, o burrinho se revoltou, considerando-se muito
controlado. Ele, então, saiu correndo, desaparecendo na
paisagem e deixando Dona Catarina gritando por ele.
- Daqui para frente quero ser livre e fazer o que eu
quiser! – pensava ele.
Quando a noite chegou, o burrinho ainda não havia
voltado. Dona Catarina chorava, sentindo a falta de seu
amado animal.
Dito tinha ido bem longe e agora, sozinho e no escuro,
estava com vontade de estar em casa. O vento era frio.
Ele havia comido os matos do caminho, mas ainda estava
com fome. Lembrando-se de sua ração e do seu feno
gostoso, sentiu vontade de voltar, mas estava cansado,
pois havia corrido bastante.
Na manhã seguinte, Dito pensou em voltar para casa, mas,
orgulhoso como era, decidiu não ir. Preferiu procurar
outro lugar para morar, onde pudesse sempre fazer o que
quisesse, sem ninguém para incomodá-lo.
Mas Dito não ficou sozinho por muito tempo. Logo ele foi
encontrado por um homem, que passou uma corda em seu
pescoço e levou-o para o seu sítio. O burrinho
acompanhou o homem achando que tinha tido sorte e que
viveria feliz num novo lar. Mas não foi isso o que
aconteceu.
O homem era rude. Não só não tinha carinho com seus
animais, como castigava-os se não fizessem o que ele
queria.
Dito começou a ter que trabalhar pesadamente, comer mal,
dormir ao relento e a obedecer rigorosamente a tudo que
o homem falava.
Um dia, Dito tentou fugir, mas não conseguiu e ainda
apanhou do sitiante malvado.
Todas as noites o burrinho chorava arrependido.
Lembrava-se de Dona Catarina com imensa saudade. Somente
agora, sofrido e sozinho, é que ele conseguia reconhecer
como era feliz na fazenda.
Um bom tempo se passou. Dona Catarina também sentia
saudades de Dito. Ela havia espalhado cartazes pela
redondeza, conversado com vizinhos, feito tudo o que
podia para encontrá-lo.
Um dia, então, alguém foi até a fazenda e contou que
havia visto um burrinho num sítio distante dali. Era um
animal mais magro que Dito, também não tinha o pelo
brilhante nem sedoso, tinha o olhar triste e os cascos
lascados e feridos. Mas era do mesmo tamanho e da mesma
cor de Dito.
A descrição deixou dúvidas, mas mesmo assim Dona
Catarina se encheu de esperança. O mais rápido que pôde
ela foi até o sítio indicado e, chegando lá, que
surpresa!
Ela mal reconheceu Dito pela aparência judiada que ele
apresentava. Mas não teve dúvidas de que era ele, quando
Dito a reconheceu e veio correndo ao seu encontro,
relinchando e saltitando de alegria,
A velhinha abraçou seu querido burrinho com muita
alegria e, chorando, agradeceu a Deus por ter ouvido
suas preces e ter permitido que eles se reencontrassem.
Dona Catarina só conseguiu levar Dito para casa depois
de pagar o alto preço que o homem cobrou por ele. Mas
valeu à pena. Ter seu burrinho novamente em casa era
tudo que ela queria.
Dito e dona Catarina passaram a viver, finalmente, muito
felizes. Algumas coisas ficaram iguais ao que era antes,
como o carinho e os bons tratos de dona Catarina para
com seu querido animal.
Outras, no entanto, ficaram bem diferentes. A porteira
da fazenda, por exemplo, podia ficar até aberta, que
Dito não fugia mais.
(Adaptação da história “A Velha e o Burro
Desobediente”.)