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por Jane Martins Vilela

Saudosos queridos


A lembrança dos seres amados é uma constante. O amor nos alimenta e a bondade divina favorece aqueles que vão envelhecendo, com as lembranças mais intensas da infância na memória.

É comum vermos pessoas comentando sobre a memória do idoso, que lembra tudo de sua infância. Essa é uma característica da velhice. A memória acentuada do passado e a má memória para fatos presentes. Claro que há exceções. Pessoas muito idosas que lembram o presente e o passado e jovens ainda que pouco se lembram, mesmo do presente.

Estamos iniciando agosto. Memorável mês, pois oficialmente se comemora o dia dos pais, que na verdade vivem todos os dias no coração daqueles que os amaram e não os esquecem.

As lembranças de nossos pais nos comovem e a certeza da imortalidade e do reencontro nos enche o coração da esperança de um dia revê-los.

Sua presença fluídica nos envolve e emociona, quando resolvem nos visitar.

Ah, a imortalidade propagada pelas religiões espiritualistas e provada pelo Espiritismo, que nos põe em comunicação com o mundo espiritual através dos médiuns, é de doce alegria e emoção!

Como é bom receber a visita de um ser querido, seja por comunicação mediúnica, seja através do encontro espiritual nos sonhos, como é edificante!

Jesus nos demonstrou a imortalidade, abrindo-nos a portas para esse conhecimento e para que a boa nova do seu evangelho fosse divulgada no mundo inteiro!

Na lembrança dos nossos pais amados, desejamos representá-los pela ilustre figura de Hugo Gonçalves, o amado paizinho de Cambé, o pai das crianças do Lar Infantil Marília Barbosa, que recebeu em seus braços, juntamente com sua amada esposa, Dulce, mais de 400 crianças que foram amadas e educadas por eles.

Seu exemplo de amor ainda nos toca, embora tenha desencarnado há 11 anos, poucos dias após completar 100 anos, que era algo que muito desejava. Um espírito que viveu lúcido. Alguns laivos de memória, o que era natural nessa idade.

A sabedoria o caracterizava, assim como o amor pelas crianças, o amor por Jesus, o amor pelo Espiritismo e - por que não? - a “menina dos olhos dele”, o jornal O IMORTAL, que ele e Luiz Picinin fundaram em 25 de dezembro de 1953, há mais de 70 anos.

Hugo Gonçalves era rigoroso naquilo que deveria ser correto e honrado. Um coração amoroso. Cercado de amigos e exemplificando sempre a todos a paciência, a lucidez, a coragem de ser fiel aos princípios de Kardec e aos ensinamentos de Jesus.

Sua palavra vibrante quando fazia palestras era encantadora. Todos os solicitavam. Pudemos acompanhá-lo em várias ocasiões, na região de São Paulo e do Paraná.

Dulce sempre com ele. Era belo ver aquele casal junto.

Uma vez perguntamos a ele como conseguiram chegar aos mais de 50 anos de casamento e ele, brincando, respondeu: Foi fácil! Quando eu queria ir embora ela não deixava e quando ela me mandava embora eu não ia!

Era sério e ao mesmo tempo alegre, gostava de brincar. Em seu escritório, no Centro Espírita Allan Kardec, de Cambé, sempre tinha umas maneiras de brincar com os amigos. Como exemplo, caixinhas. Falava todo sério, pegue aí para mim por favor, abre e pega algo de que preciso aí dentro. A pessoa amiga abria e invariavelmente “pulava” algo de dentro da caixinha, uma cobrinha, um palhacinho, o que for. Ele ria demais, uma criança, um velho sábio, um amigo.

Como eram boas as reuniões em sua cozinha depois das palestras no centro, conversas que se estendiam até a madrugada, com cafezinho e comestíveis!

Qualquer que fosse a hora em que você chegasse em Cambé para conversar, ali estava ele, Dona Dulce presente, até que ela desencarnou, anos antes dele.

Ele se manteve firme, orientador, saudoso dela, mas aquele exemplo de espírita, verdadeiro cristão, o homem de bem de que fala O Evangelho Segundo o Espiritismo, o Homem de Bem de um programa criado na televisão sobre a vida de pessoas maravilhosas para o público escolher. Ele foi então escolhido o Homem de Bem do Paraná.

Lembrando esse espírito, que no mundo espiritual continua trabalhando incessantemente pela causa do amor, nós enaltecemos os pais da Terra, nossos amados, queridos, que nos deram, junto com as nossas mães, a chance de uma nova encarnação terrena!

Agosto, mês dos pais oficialmente, dia dos pais todos os dias em nossa lembrança.

Embora já estejamos iniciando setembro, nunca é tarde para enviar aos nossos queridos e amados as nossas saudades, o nosso abraço, o nosso até breve.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita