Espiritismo
para crianças

por Marcela Prada

 

Tema: Egoísmo


O peixe egoísta


— Papai, aconteceu de novo! — disse Téo, com olhar preocupado. — O Guloso comeu quase tudo!

Téo tinha ganhado um aquário com vários filhotes de peixe e estava cuidando deles com bastante
dedicação.  

Olhava todos os dias se a bombinha que oxigenava a água estava funcionando bem, fazia a limpeza periodicamente, organizava a decoração e, principalmente, observava seus peixinhos.

Ele já conhecia o comportamento e as preferências de cada um e começou a notar que um deles sempre comia mais do que os outros. Por isso, Téo passou a chamá-lo de Guloso.

Quando Téo colocava a comida no aquário, Guloso corria para comer o máximo que conseguia e só depois deixava os outros comerem. Dava empurrões e golpes duros nos outros peixes quando eles se aproximavam da comida.

Téo já estava ficando preocupado com os outros peixes que não conseguiam comer direito.

Com o passar dos dias, Guloso se desenvolveu bastante e já estava bem maior do que os outros. Com isso, além de conseguir nadar mais rápido, seus golpes machucavam mais ainda seus companheiros.

Os outros peixes já tinham até medo de Guloso. Procuravam, quanto possível, ficar longe dele. Alguns até se escondiam atrás da vegetação.

Guloso percebia que era o maior e mais forte do aquário e isso o fazia ficar cada vez mais orgulhoso e mandão. Olhava seu reflexo no vidro e se achava lindo, forte e brilhante. Nem percebia que estava com boa aparência, mas não tinha nenhum amigo. Nenhum dos outros peixes o admirava nem gostava dele.

Téo estava ficando muito triste. Percebia que seus peixes não estavam bem. Alguns estavam pequenos, passando fome. Também não brincavam, nem se divertiam com nada. Viviam amedrontados, fugindo dos esbarrões arrogantes do Guloso.

A situação não podia ficar assim. Por isso, o pai de Téo comprou um outro aquário, bem menor, e Guloso foi transferido para ele.

Guloso não gostou da ideia de se mudar. Quando percebeu que estava sendo capturado com uma redinha, lutou e se debateu quanto pôde, mas não adiantou. Teve que se mudar e ir morar sozinho no aquário vizinho.

Foi então que tudo mudou. Os peixinhos do aquário ficaram tão felizes que passaram a se divertir o dia todo. Brincavam de esconde-esconde, de pega-pega, e conversavam bastante, nadando juntos. Quando Téo chegava com a comida, eles subiam juntos até a superfície da água e dividiam a comida, ficando todos satisfeitos. Estavam todos felizes.

Todos, menos Guloso. Ele agora não comia mais tanto quanto antes. Téo colocava bem menos comida no seu aquário do que no aquário maior.

Além disso, Guloso ficava sozinho, sem ter o que fazer a não ser assistir aos seus antigos companheiros vivendo felizes no aquário vizinho. Foi um período triste, que Guloso nunca imaginou que pudesse vir a passar.

Ele viveu ao lado dos outros, porém separados, por vários meses. Guloso não só emagreceu como mudou bastante seu temperamento. Ele sentia muita falta de companhia. Como ele gostaria de poder nadar com outros peixes da sua espécie novamente. Mas ele havia tido bastante tempo para pensar e acabou percebendo que tudo isso tinha acontecido devido ao seu próprio comportamento.

Guloso já estava conformado com seu destino, achando que viveria daquela forma para sempre. Porém, um dia, o pai de Téo trouxe um peixe de outra espécie, que não poderia ser colocado no mesmo aquário que os outros.

Guloso então foi levado de volta para o aquário grande para dar lugar ao novo morador.

Téo e seu pai resolveram dar mais uma oportunidade para Guloso, para não precisarem de três aquários.

— Vamos lá de volta, Guloso! Mas quero ver você se comportar! Vou estar de olho em você! — disse Téo, antes de colocá-lo na água.

Guloso ouviu as palavras de Téo, mas nem precisava. Ele estava muito diferente agora. Deixava os outros peixes comerem primeiro e era educado. Pedia “por favor” quando queria alguma coisa e “obrigado” quando alguém o ajudava...

Com o passar dos dias, os outros peixes viram que Guloso estava mesmo mudado. Passaram a chamá-lo para as brincadeiras e rodas de conversa.

Guloso não era mais guloso. Nem mandão, nem agressivo, nem o maior e mais bonito do aquário. Mas passou a ter muitos amigos, a viver em paz e a ser um dos peixes mais felizes também!      


 


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O Consolador
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