Recompensa real
O mundo virtual dos games funciona com base na
recompensa imediata do esforço e da habilidade do
jogador, oferecendo-lhe vantagens e estímulos para que
prossiga no objetivo de vencer as fases até o final.
O estado de alerta e concentração dá lugar à sensação de
bem-estar que o prazer de cada vitória proporciona, numa
gangorra biológica entre os hormônios cortisol e
serotonina, porque a mente não distingue entre o real e
o ilusório.
No mundo do faz de conta virtual o erro e a morte são
episódios contornados com o simples clicar do botão
reiniciar, sem maiores consequências para o jogador, a
não ser a frustração.
Esse prazer é tão viciante como qualquer outro produzido
por drogas e afeta a juventude atual, que se acostuma a
ter uma resposta rápida aos seus anseios de felicidade.
A sociedade capitalista e hedonista igualmente se
encarrega de iludir as pessoas com propostas fáceis de
uma felicidade para agora, na base no pouco esforço.
Para muitos, é uma maneira de fugir do mundo real ao
qual não se ajustam, vivendo ansiosos, atemorizados ou
revoltados quando compelidos ao enfrentamento de
situações ou de pessoas. Mas a mente e o corpo não
resistem por muito tempo a essa ilusão e a perturbação e
a doença se instalam.
A vida real, e não a matrix virtual, é a verdadeira
oportunidade que a pessoa tem para aprimorar a
inteligência e a virtude, conquistando a felicidade na
medida em que aprende a viver harmoniosamente com os
semelhantes.
Mas a recompensa prazerosa só chega depois de um tempo
mais ou menos longo e após intenso aprendizado e
trabalho direcionados a um objetivo nobre. É preciso,
ainda, contar com os fracassos e encontrar forças
interiores para se levantar e perseverar até o fim.
Preparar o terreno, lançar a semente, cuidar da
plantinha, protegê-la das pragas e recolher os frutos no
tempo justo é lei universal.
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