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por João Marcio F. Cruz

Nenhum espírita foi uma bruxa


Queimadas por heresia na Idade Média, centenas de pessoas, vítimas da intolerância católica e calvinista (vede as As Bruxas de Salém), foram lançadas na fogueira em nome de uma fé belicosa e criminosa.

Quem eram as bruxas?

Algumas eram psicopatas (existem registros de mulheres que preparavam unguentos e venenos poderosos capazes de matar); a maioria, porém, eram fitoterápicas, homeopatas ou médiuns. Todas as faculdades tornavam-nas “empoderadas” para a época. Alguém já disse que as bruxas seriam as mulheres que não se curvaram ao patriarcado. Romantização de lado, podemos constatar, através de fatos históricos, o assassinato religioso de tais personagens e os crimes praticados em nome da fé.

Fosse por expiação ou provação, ser queimada viva na fogueira quitou seus débitos ou lhes trouxe créditos perante a lei divina o que as torna espíritos benevolentes no século XXI, onde quer que estejam reencarnadas.

Ser uma bruxa queimada na fogueira tornou-se o sonho de muitos espíritas.

Nossos confrades, prenhes de egoísmo e soberba, imaginam pra si mesmos um passado glorioso. Seriam os mártires da inquisição. LEDO ENGANO!

As bruxas, se hoje na matéria, teriam uma evolução bem maior. Diferente dos espíritas que, pelas informações do além-túmulo, seriam os próprios inquisidores, assassinos de hereges e pagãos. Virou moda “sentir-se” bruxa e criticar a religião.

É uma maneira defensiva egoica de expulsar da memória nossos crimes de outrora. Espírita nunca foi bruxa. Aqueles que foram perseguidos pela Inquisição e o Santo Oficio nascem como missionários. Kardec por exemplo, que foi queimado como Jan Hus. Em sua quase totalidade, espíritas são os ex-padres, bispos, papas, freiras, cardeais oprimidos, opressores, cheios de conflitos sexuais, profundamente neuróticos e sociopatas, que hoje recebem da providência divina a oportunidade de evoluir.

A grande missionária das materializações no Brasil, Ana Prado, já tinha sido alertada pelos seus guias espirituais que desencarnaria pelas mãos do fogo. Assim foi. Num acidente doméstico, seu corpo inteiro foi queimado, causando-lhe o óbito. Isso ocorreu porque ela tinha sido uma inquisidora convicta da fé cristã e cruel em existências do passado.

Deixem as bruxas em paz!

No passado, lançamos seus corpos na fogueira, suas almas em agonia, e agora desejamos ser elas?

As bruxas são evoluídas. Nós, espíritas, somos apenas ex-torturadores sexófobos arrependidos tentando mudar.

Muitas delas se tornaram guias espirituais dos espiritualistas modernos e continuam sua evolução em outros mundos, longe do fanatismo ígneo de mentes insanas que usaram Jesus e a Bíblia para semear ódio, sangue, morte e perversão.

O amor cobre a multidão de pecados, e é para isso que os espíritas reencarnaram.

O fogo ainda arde em nossos corações, línguas e cérebros e nossos pecados, como cicatrizes do tempo, estigmatizam nosso corpo, nosso perispírito, mas o amor de Deus, a compaixão de Cristo por seguidores tão infiéis nos guia por veredas insalubres, mas transformadoras.

Que as bruxas nos perdoem!

Que as bruxas nos protejam!                       


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita