Filho favorito?
A mais fiel
companheira da alma é a esperança. Pe.
Antônio Vieira
Na casa da dona
Lina, o filho mais velho era o favorito. Os irmãos
comentavam entre si, de modo claro e sem pudor. O filho
adulto se tornou, como a mãe, um dedicado apicultor.
De
fato, os pais se comportam de maneira diferente com os
filhos e, é óbvio, os filhos têm limites distintos para
notar essas diferenças.
Na
casa do meu pai, por exemplo, meu irmão mais velho, e
não o caçula, era o preferido. Essa diferença de
tratamento não teve consequência na minha história.
Mas,
de outro lado, muitos filhos sofrem na vida adulta
problemas de atenção e comportamento pelo fato de terem
lidado em casa, e desde a infância, com o favoritismo
cristalino dos pais.
Embora a maioria dos pais ame e cuide dos filhos
igualmente, descobrirão eles de modo inevitável que têm
mais sintonia com um filho do que com outro. Um filho,
por exemplo, é mais sociável, outro aprende mais rápido,
um terceiro poderá, por sua vez, ter a tendência de se
enfurecer mais rapidamente, dificultando o equilíbrio
das coisas…
Quando temos mais de um filho e reconhecendo que são
naturalmente distintos, para promover um convívio
familiar saudável o ideal é: evitar comparações (tente
concentrar-se no que cada criança faz bem, sem
colocá-las uma contra a outra); dar explicações (às
vezes quando um filho está doente, ele precisa receber
cuidados e atenção. Para evitar mal-entendidos, quando
isso acontecer, explique ao outro a razão desses
cuidados especiais); esteja consciente dos seus atos
(caso tenha um filho favorito, procure entender por que
faz isso e busque ajuda do parceiro, amigos ou
profissionais de saúde para compreender as razões desse
favoritismo); e, sempre que possível, procure
estabelecer um tempo individual com cada filho (assim
terão sua atenção exclusiva).
Viver numa família pressupõe experimentar afinidades,
diferenças, desafios. Educar não é tarefa fácil, mas com
cuidado, consciência e atenção, os pais poderāo evitar
que um dos filhos cresça se sentindo capturado “em
definitivo” pelo reino dos desfavorecidos…