Uma fraternidade universal
Em tempos de pandemias e severas alterações no regime
climático do nosso planeta, é natural questionarmos
nossas ações em relação aos animais e ecossistemas, e
refletirmos sobre o papel dos espíritas na reconstrução
de costumes que prejudicam o ambiente e as vidas que nos
cercam.
Na edição de setembro de 1861 da Revista Espírita,
Kardec escreve que “As instituições que eram
magníficas há 5000 anos, são velhas hoje; o objetivo que
elas estavam destinadas a atingir está ultrapassado; não
podem mais bastar à sociedade atual … Um novo progresso
se prepara, sem o qual todas as outras melhorias sociais
estão sem bases sólidas; esse progresso é a
fraternidade universal da qual o Cristo lançou as
sementes e que germinam no Espiritismo.” É possível
alcançar a esperada fraternidade universal quando
desconsideramos a moralidade para além dos limites da
espécie humana? Estaríamos cumprindo o mandamento maior
ao explorar, desrespeitar e aniquilar a criação?
O Espiritismo é abundante manancial de luz, que indica a
responsabilidade humana de preservar o equilíbrio e a
harmonia no planeta. Ao sensibilizar-nos e ampliarmos o
nosso olhar para urgência dessas questões, é possível
encontrar na literatura espírita recomendações,
reflexões e apontamentos que nos incitam à renovação de
hábitos que prejudicam o ambiente, os demais seres da
criação e, consequentemente, a nós mesmos.
Nesse sentido, o Catálogo de Referências Bibliográficas
da Ética Animal Espírita [1], organizado e mantido pelo
MOVE – Movimento pela Ética Animal Espírita, é
importante ferramenta de pesquisa para os espíritas que
desejam ampliar sua compreensão sobre a relação entre os
ensinos espirituais e os animais. O catálogo está em
constante atualização e atualmente reúne mais de 200
trechos, referentes a mais de 100 obras espíritas
consagradas.
Nas citações organizadas por autor, é possível acessar
trechos de Joanna de Ângelis, que deu especial destaque
à relação humana com o mundo natural. Por exemplo, que
“os devastadores da flora e destruidores da fauna
perderam a direção da vida e emaranharam-se no aranzel
da desmedida ambição, autodestruindo-se, sempre que
investem contra as manifestações sencientes que existem”
[2].
Emmanuel nos informa que “Nos irracionais desenvolvem-se
igualmente as faculdades intelectuais. O sentimento de
curiosidade é, na maioria deles, altamente avançado, e
muitas espécies nos demonstram as suas elevadas
qualidades, exemplificando o amor conjugal, o sentimento
da paternidade, o amparo ao próximo, as faculdades de
imitação, o gosto da beleza. Para verificar a existência
desses fenômenos, basta que se possua um sentimento
acurado de observação e de análise. Os animais têm a sua
linguagem, os seus afetos, a sua inteligência
rudimentar, com atributos inumeráveis. São eles os
irmãos mais próximos do homem, merecendo, por isso, a
sua proteção e amparo” [3]
O espírito Humberto de Campos, por exemplo, é explícito
em suas recomendações dizendo “comece a renovação de
seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua
gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O
cemitério na barriga é um tormento, depois da grande
transição” [4].
Quer saber o que mais dizem as obras espíritas sobre
esses temas? Fica o convite estudarmos os ensinos que
podem contribuir para a construção de uma convivência
mais harmoniosa e compassiva com todos os seres da
Criação.
Bibliografia:
[1] Clique aqui: Etica
animal
[2] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS
(Espírito). Garimpo de amor. 6 ed. Salvador:
LEAL, 2015. 200 p. Capítulo 18 “Amor e conflitos”, pp.
119.
[3] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito).
Emmanuel. 28 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2016. 208 p.
Capítulo 17 “Sobre os animais”, pp. 109-113.
[4] XAVIER, F. C.; IRMÃO X (Espírito). Cartas
e Crônicas. 14 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 167
p. Capítulo 4 “Treino para a morte”, pp. 18.
Carolina
Abreu, de Brasília-DF, é palestrante espírita e
integrante do MOVE – Movimento pela Ética Animal
Espírita.
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