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por Carolina Abreu

 

Uma fraternidade universal


Em tempos de pandemias e severas alterações no regime climático do nosso planeta, é natural questionarmos nossas ações em relação aos animais e ecossistemas, e refletirmos sobre o papel dos espíritas na reconstrução de costumes que prejudicam o ambiente e as vidas que nos cercam.

Na edição de setembro de 1861 da Revista Espírita, Kardec escreve que “As instituições que eram magníficas há 5000 anos, são velhas hoje; o objetivo que elas estavam destinadas a atingir está ultrapassado; não podem mais bastar à sociedade atual … Um novo progresso se prepara, sem o qual todas as outras melhorias sociais estão sem bases sólidas; esse progresso é a fraternidade universal da qual o Cristo lançou as sementes e que germinam no Espiritismo.” É possível alcançar a esperada fraternidade universal quando desconsideramos a moralidade para além dos limites da espécie humana? Estaríamos cumprindo o mandamento maior ao explorar, desrespeitar e aniquilar a criação? 

O Espiritismo é abundante manancial de luz, que indica a responsabilidade humana de preservar o equilíbrio e a harmonia no planeta. Ao sensibilizar-nos e ampliarmos o nosso olhar para urgência dessas questões, é possível encontrar na literatura espírita recomendações, reflexões e apontamentos que nos incitam à renovação de hábitos que prejudicam o ambiente, os demais seres da criação e, consequentemente, a nós mesmos.

Nesse sentido, o Catálogo de Referências Bibliográficas da Ética Animal Espírita [1], organizado e mantido pelo MOVE – Movimento pela Ética Animal Espírita, é importante ferramenta de pesquisa para os espíritas que desejam ampliar sua compreensão sobre a relação entre os ensinos espirituais e os animais. O catálogo está em constante atualização e atualmente reúne mais de 200 trechos, referentes a mais de 100 obras espíritas consagradas.

Nas citações organizadas por autor, é possível acessar trechos de Joanna de Ângelis, que deu especial destaque à relação humana com o mundo natural. Por exemplo, que “os devastadores da flora e destruidores da fauna perderam a direção da vida e emaranharam-se no aranzel da desmedida ambição, autodestruindo-se, sempre que investem contra as manifestações sencientes que existem” [2].

Emmanuel nos informa que “Nos irracionais desenvolvem-se igualmente as faculdades intelectuais. O sentimento de curiosidade é, na maioria deles, altamente avançado, e muitas espécies nos demonstram as suas elevadas qualidades, exemplificando o amor conjugal, o sentimento da paternidade, o amparo ao próximo, as faculdades de imitação, o gosto da beleza. Para verificar a existência desses fenômenos, basta que se possua um sentimento acurado de observação e de análise. Os animais têm a sua linguagem, os seus afetos, a sua inteligência rudimentar, com atributos inumeráveis. São eles os irmãos mais próximos do homem, merecendo, por isso, a sua proteção e amparo” [3]

O espírito Humberto de Campos, por exemplo, é explícito em suas recomendações dizendo “comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição” [4].

Quer saber o que mais dizem as obras espíritas sobre esses temas? Fica o convite estudarmos os ensinos que podem contribuir para a construção de uma convivência mais harmoniosa e compassiva com todos os seres da Criação.

 

Bibliografia:

[1] Clique aqui: Etica animal

[2] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Garimpo de amor. 6 ed. Salvador: LEAL, 2015. 200 p. Capítulo 18 “Amor e conflitos”, pp. 119.

[3] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). Emmanuel. 28 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2016. 208 p. Capítulo 17 “Sobre os animais”, pp. 109-113.

[4] XAVIER, F. C.; IRMÃO X (Espírito). Cartas e Crônicas. 14 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 167 p. Capítulo 4 “Treino para a morte”, pp. 18.

 

Carolina Abreu, de Brasília-DF, é palestrante espírita e integrante do MOVE – Movimento pela Ética Animal Espírita.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita