Mansidão
precisa-se
Nos tempos
conturbados da
atualidade
terrena, a
máxima de Jesus “Bem-aventurados
os mansos,
porque herdarão
a Terra (Mateus
5:4)”,
deveria, mais do
que nunca, estar
presente nos
nossos
pensamentos,
atitudes e
comportamentos.
Quem são estes
“mansos” de que
Jesus nos falou?
Será fácil fazer
parte deste
grupo de mansos?
Somos invadidos,
a todo o
instante,
através dos
meios de
comunicação e
redes sociais,
por notícias de
acontecimentos,
de impacto
mundial ou,
simplesmente, de
cariz
individual,
familiar ou
afetando
pequenas
comunidades, mas
de igual
gravidade, que
atestam o grau
de agitação,
stress,
ansiedade
doentia e
descontrole
emocional a que
a humanidade
terrena se
entrega. Estes
sentimentos
descontrolados,
restos da
animalidade que
nos caraterizou
(ou continua a
caraterizar) ao
longo dos
milénios, estão
a gerar uma
violência
exacerbada, para
além de todos os
limites que
poderiam se
aceites e
compreendidos
numa época em
que atingimos um
nível de
civilização e
intelectualidade,
que em nada
deveria
compactuar com
tal atraso
moral.
Podemos, até,
considerar que a
agressividade e
a violência se
alastram mais
rapidamente do
que uma
pandemia. E isso
não deixa de ser
verdade, se não
aprendermos, de
uma vez por
todas, a
controlar os
nossos
instintos,
reações e
emoções. Não
pensemos que
estamos imunes a
este “vírus”
destruidor da
nossa
humanidade; não
pensemos que é
algo que só
afeta os outros.
Estamos, todos
nós, uns mais
dos que outros,
evidentemente,
mas todos nós,
em maior ou
menor grau,
muito longe da
perfeição, da
angelitude de
Jesus, o manso e
meigo Jesus, que
tanto queremos
seguir, mas que
nos custa ainda
tanto a imitar.
Não esqueçamos o
“orai e vigiai”
(Mateus 26: 41),
com que o Mestre
nos alertou. É
esse orai e
vigiai que nos
falta,
demasiadas
vezes.
Esquecemo-nos de
olhar dentro de
nós mesmos e de
analisar os
instintos que
ainda nos
comandam as
atitudes e os
sentimentos que
ainda nutrimos,
tanto em relação
aos outros como,
até, em relação
a nós mesmos.
Basta ver, como
nos agitamos
perante as
notícias de
alguma violência
ou crime
cometido, quando
pensamos com
isso estar em
defesa da
vítima, mas, no
fundo, estamos
apenas a desejar
a aniquilação do
carrasco ou
criminoso. Se
usarmos o Mestre
como modelo,
verificamos que
Ele nunca se
indignou contra
o pecador,
apenas contra o
pecado
praticado. Amou
incondicionalmente
bons e maus, sem
nunca deixar de
recriminar o
erro, mas
ajudando aquele
que errou,
perdoando,
compreendendo,
aconselhando à
mudança de
atitude.
Como estamos
longe desse
desejo sincero
de tentar
eliminar o crime
sem desejar a
aniquilação do
criminoso!
Porque não nos
lembramos da
dura realidade
de que, muitas
vezes, o erro
perante o qual
hoje tanto nos
indignamos é,
precisamente,
aquele que já
praticámos, e
que, mesmo hoje,
ainda nos
atormenta
intimamente?
Como diz Jonana
de Ângelis, pela
mediunidade de
Divaldo Franco
no livro … Até
ao fim dos
tempos, “Os
homens não
abdicam
facilmente dos
seus hábitos
doentios e
perversos (…)”.
Violência gera
violência.
Quando
alimentamos
sentimentos de
violência e
vingança, nem
que seja apenas
em pensamento,
estamos a
sintonizar com
forças
espirituais que
se alimentam
desses mesmos
sentimentos e
que têm, por não
estarem presos a
um corpo de
carne, mais
oportunidade de
pôr em prática
aquilo que nós
mesmos não
fazemos. Por
tudo isso, o
nosso mundo
terreno ainda se
encontra envolto
numa atmosférica
espiritual
deletéria, que
respiramos e nos
impulsiona à
prática de todo
o género de
males. Então,
como limpamos a
atmosfera
espiritual da
Terra? “Orai e
vigiai”,
repetimos.
Orando, para nos
ligarmos às
forças do Bem,
que hão de
amparar os
nossos
propósitos de
mansidão, e
vigiando aquilo
que subjaz no
nosso íntimo e
limpando os
nossos
pensamentos.
Voltando à
questão colocada
acima: quem são
os mansos de que
falava Jesus?
Quem são esses
que herdarão a
Terra? Mansos
são os que
tentam alimentar
apenas bons
sentimentos, os
que já se
esforçam por
controlar as
suas emoções, os
que tentam agir
com justiça, mas
não se
cristalizam em
sentimentos de
vingança e
retribuição do
mal, os que não
cultivam rancor
e mágoa, mas
permanecem de
mente aberta ao
perdão. Richard
Simonetti
sintetiza bem
esta ideia de
“ser manso”, no
seu livro Para
Viver a Grande
Mensagem,
reflexões acerca
do Espiritismo
no dia a dia:
“O indivíduo
manso é tão
somente alguém
que conseguiu
superar os
impulsos
agressivos que
caraterizam o
estágio
evolutivo em que
nos encontramos,
tornando-se
senhor de si
mesmo”.
É por isso que
Jesus oferece a
herança terrena
aos mansos. O
momento
espiritual que a
Terra atravessa,
de ascensão de
Mundo de
Expiação e
Provas a Mundo
de Regeneração,
é um momento de
separação do
trigo e do joio
de que Jesus
falava (Mateus
13:30). Na
Terra, após esta
fase de
transição,
ficarão apenas
os que forem
compatíveis com
esse Mundo de
Regeneração: são
os herdeiros que
continuarão a
reencarnar por
aqui, por
sintonizar com
um mundo em que
o crime e a
violência serão
apenas memórias
antigas de um
tempo sem
retorno.
Todos estamos
cansados de
milénios de
agitação,
guerra,
criminalidade e
animosidades
pessoais e entre
povos, que dores
tão profundas
têm causado.
Todos ansiamos
pela Paz. O
Mundo de
Regeneração será
pautado pela
Paz, o
Equilíbrio e a
Harmonia, em que
poderemos
restabelecer
forças para
novas conquistas
na senda da
evolução.
Entretanto, para
que nos
aproximemos cada
vez mais dessa
era de
Regeneração,
precisamos de
pessoas que
cultivem a
mansidão no
coração e nas
atitudes.
Precisamos de
cultivar a
paciência, que
Joanna de
Ângelis, no
livro Jesus e
o Evangelho à
Luz da
Psicologia
Profunda,
define como a
ciência da paz.
Paciência com as
nossas próprias
imperfeições,
sem esquecer de
tentar limá-las;
paciência com as
imperfeições dos
outros, de modo
a que não nos
invada o
instinto de
revidação, tão
contrário à
mansidão
preconizada pelo
Mestre.
Usemos Jesus
como modelo
pois,
“Imperturbável,
Ele é o modelo
sem igual para a
autoiluminação
da criatura,
para o encontro
consigo mesmo,
para a luta
contra o mal que
existe no imo do
ser humano, sem
cujo concurso
ninguém chegará
ao Pai” (Joanna
de Ângelis, …
Até ao fim dos
tempos).
Bibliografia:
Evangelho
segundo Mateus
Richard
Simonetti; Para
Viver a Grande
Mensagem,
reflexões acerca
do Espiritismo
no dia a dia
Joanna de
Ângelis;
mediunidade de
Divaldo Franco; …Até
ao fim dos
tempos
Joanna de
Ângelis;
mediunidade de
Divaldo Franco; Jesus
e o Evangelho à
Luz da
Psicologia
Profunda
Maria de Lurdes
Duarte reside em
Arouca,
Portugal, e é
gestora do blog "Caminhos
da
imortalidade",
que o leitor
pode acessar
clicando neste
link:
Caminhos da
imortalidade