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por Paulo Hayashi Jr.

 

Os donos do poder


Há dois grandes grupos que pedem a atenção e a ação dos seres humanos na Terra. O primeiro deles é o grupo de Jesus Cristo e de seus mensageiros. A mensagem do amor e do perdão, do crescimento edificante e da reconciliação com o Pai torna o compromisso do ser humano na Terra como legítima incursão nas potencialidades do espírito. Por outro lado, há os irmãos da ignorância e das trevas que buscam atrasar a edificação do ser humano através de falsas promessas para a entrega de intrigas, guerras e disputas de poder, fama e dinheiro. Se para os emissários de Cristo os mandamentos são bem conhecidos, reconhecer e amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mateus 22:36-41), para os inimigos do cordeiro, a questão é diametralmente oposta: negar e guerrear a Deus e ao próximo como a si mesmo.

Para os amigos da divina luz, Jesus é o caminho para a verdade e para a vida que enobrece (João 14:6). Já para os inimigos da luz, o caminho é a mentira e a ilusão para que não venha a edificação, mas o enterramento na carne, nos prazeres passageiros, no chafurdar do medo, das culpas e das paixões.

A verdade liberta (João 8:32) e desperta do sono o espírito encarnado na matéria, enquanto que as ilusões e as paixões adormecem a consciência. Não seria o despertar da consciência passo fundamental para levar adiante o propósito maior da reencarnação?

Quem desperta do sono profundo sabe que é essencial o alinhamento com o Deus único e verdadeiro. O Pai bondoso e misericordioso ensinado por Cristo. Ou nas palavras do Espírito da Verdade[1]: “o Deus bom, o Deus grande que faz germinar a planta e eleva as ondas”. Já aqueles que ainda dormem, confundem-se com Mamon (Mateus 6:24) ou outros falsos deuses babilônicos do mundo antigo. Para quem vive pelo materialismo e ateísmo, corrente pregada por muitas vertentes que buscam o controle da sociedade, há ainda a confusão daquilo que é de César ou de Deus (Marcos 12:13-17). Entretanto, é essencial frisar que o dinheiro em si é neutro, mas que está no caráter individual, nos valores e crenças, a capacidade de realizar o bem ou não com ele. Outro ponto, é a capacidade de se desapegar das riquezas materiais em prol de voos superiores do espírito (Mateus 19:16-30). O dinheiro também é prova moral, pois há grandes tentações e possibilidades de desequilíbrio de virtudes fundamentais para a elevação, tais como a modéstia, a simplicidade e a humildade.

Quem tem a noção da transitoriedade da existência carnal, bem como da missão em Cristo, sabe que é essencial o amor em todas as circunstâncias. Seja quando alguém te trata bem, seja quando alguém ainda não te trata tão bem, mas que um dia haverá de tratar. Por isso, a superação da Lei de Talião, “do olho por olho, dente por dente”. Não se paga na mesma moeda, mas se perdoa e engrandece com isso, tal como devedor que se torna aliviado pela dívida paga. Não devemos ser um devedor incompassivo (Mateus 18:23-35). Por outro lado, os inimigos de Cristo justamente buscam o caminho das guerras para ludibriar e atrasar a humanidade. De pagar na mesma moeda a guerra para que venham as divisões da sociedade, a desunião e o entravamento do desenvolvimento individual e coletivo. Pagar o mal com o mal é vingança e isso é extremamente prejudicial ao avanço de todos. Para Milton Erickson, psiquiatra americano, “viver bem é a melhor vingança”.

Ou seja, é essencial que estejamos bem para conseguir superar as dificuldades que aparecem em nosso cotidiano e também, para que tenhamos força para não sucumbir as tentações e provações. Se os inimigos da luz buscam os atritos e conflitos, que os mensageiros do cordeiro sejam os pacificadores do mundo. Àqueles que procuram viver sob o lema: “Faz bem estar bem para fazer o bem”.

Portanto, o mundo não precisa de revolucionários externos, mas de pessoas que sabem se conhecer e se manter em alto nível e vibração. De saber seus propósitos de vida, seus pontos fortes, fracos e suas limitações. Quem se autocontrola não cai nas tentações e consegue se fortalecer onde é preciso. O mundo precisa SIM de revolucionários internos. Que sabem de suas más tendências e que buscam a valiosa reforma íntima, bem como o serviço na caridade. Quem se conhece sabe que precisa mitigar seu egoísmo, sua vaidade e orgulho para cultivar o altruísmo, a simplicidade e a humildade. Quem se conhece vive para o espírito, bem como das suas experiências na carne e, por isso, o modo como se vive é fundamental. Nem tudo é válido, mas é essencial o desenvolvimento moral para que se mantenha fiel nas fileiras de Cristo, sem consciência pesada, fragmentada ou suja. Ou nas inesquecíveis palavras do mestre Nazareno: “De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma” (Marcos 8:36). Portanto, sejamos aprendizes de Cristo que buscam passar pelo mundo com o espírito útil e a consciência ampliada.

 


[1] Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap.6, O Cristo consolador. Catanduva: Boa Nova, 2004, p. 95.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita