Sofia Brant Ramos Garcia (foto) é jovem
de apenas 15 anos de idade, nasceu em
Guaratinguetá (SP) e reside atualmente em Pouso
Alegre (MG), cursa o primeiro ano do Ensino
Médio e está integrada ao Grupo da Fraternidade
Espírita Irmão Alexandre, na cidade onde reside.
Sua maturidade com as questões espíritas merece
ser conhecida e partilhada com outros jovens,
mas igualmente ser conhecida dos dirigentes das
instituições, para percepção da necessária
interação jovem/madureza, na superação dos
conflitos de gerações.
Tendo vivido o movimento espírita desde criança,
o que mais lhe chama atenção na Doutrina
Espírita?
O que mais me chama a atenção na Doutrina
Espírita é a sua capacidade de unir uma tríade
fantástica: filosofia, ciência e religião. A
possibilidade de provar que a fé pode ser, sim,
raciocinada, é acalentadora, mostrando-nos que
não precisamos nos limitar ao que todos dizem,
mas pensar por nós mesmos e com a segurança de
“fazer sentido”, sempre com questionamentos
válidos e evolução nos pensamentos, sem a
necessidade de nos prendermos a ideias
antiquadas somente por serem aprovadas
genericamente.
E seu interesse pelos estudos como surgiu?
Creio que esse interesse foi despertado em mim a
partir da música. Quando me mudei de cidade e,
por conseguinte, de centro espírita, pude ter a
honra de iniciar uma atividade de ambientação
musical com as crianças e jovens momentos antes
de começarem as reuniões de Evangelização. Essa
possibilidade aguçou meu interesse pelo
ambiente, fazendo com que me interessasse,
também, pelo estudo da Doutrina.
O que mais gosta de pesquisar? Por quê?
Diversas áreas do Espiritismo muito me
interessam. No entanto, não posso negar que uma
de minhas áreas favoritas é em relação à conexão
entre a Doutrina e as ciências, coisas que muito
me inspiram. Explicações acerca da inexistência
do acaso nesse quesito, possibilidades de
mudanças futuras na Terra com base no avanço da
compreensão humana sobre razões metafísicas,
enfim, tudo o que envolva essa integração.
E como você enquadra sua faixa etária com o
movimento espírita da atualidade?
Neste momento conturbado em que a sociedade se
encontra, é difícil de falar sobre o
posicionamento jovial nesse viés. Por um lado,
muitos têm despertado para o trabalho no bem,
talvez por inspirações promovidas pelas
religiões, como é o caso do movimento espírita;
por outro, diversos têm se entregado aos
prazeres materiais, muito possivelmente devido à
união entre as tentações e as influências que
recebem neste plano. Por isso mesmo, nosso dever
é promover essa inspiração sempre que possível,
motivando-os.
O que percebe do movimento de mocidades
espíritas?
Percebo fortes estímulos atrelados à mocidade,
pelo menos na cidade em que resido. Nesse
contexto, creio que é imprescindível a união
entre as Casas Espíritas de maneira harmônica, a
fim de promover a identificação entre jovens e
mais propostas de ideias em relação ao movimento
podem surgir. É como se diz: várias cabeças
pensam melhor que uma única!
Como vencer o conflito de gerações nas
instituições espíritas?
Que esse conflito existe, não há como negar. A
grande questão é termos que compreender que, de
um modo ou de outro, com mais ou menos idade,
somos todos Espíritos que compartilhamos um
determinado espaço neste globo. A
conscientização acerca disso é fundamental,
visto que estamos numa sociedade extremamente
diversa e que, enquanto os de mais idade
“física” possuem mais experiências vividas nesta
existência, os mais “novos” podem contribuir
muito com seus conhecimentos de atualidades e
criatividade.
Qual instrumento didático, em sua visão, é mais
eficiente para despertar o jovem no interesse do
conhecimento doutrinário espírita?
Em minha opinião, a presença de dinâmicas e
debates no ambiente da mocidade promove o
aumento no interesse do adolescente, por se
sentir incluso naquele contexto. Além disso,
temas socialmente destacados – suicídio,
relacionamentos, desigualdades, aborto etc. –
auxiliam nessa sensação de pertencimento.
Que tipo de abertura as instituições devem
oferecer aos jovens?
Oferecer oportunidades de ações voluntárias,
disponibilidade de atendimento fraterno e dar
voz às ideias, pensamentos e inspirações desses
jovens. Nós temos muito a oferecer, assim como
muito a reparar, sendo essencial sermos ouvidos
e amparados pela Casa.
De suas lembranças na atividade espírita, o que
mais lhe marcou?
A oportunidade de falar em público. Há pouco
tempo, percebi que a oratória é uma de minhas
paixões. Sendo assim, a possibilidade da
utilização dessa arte com cunho espírita é
deslumbrante e inspiradora, de modo que minhas
melhores lembranças participativas nesse meio
têm total relação com essas experiências que
tanto nos ensinam, seja pela pesquisa, seja pelo
momento propício e amor por esta ação.
Algo mais a acrescentar?
O meio espírita necessita dessa abertura aos
jovens, fazendo com que essa energia se espalhe
cada vez mais. Vale ressaltar que a intenção do
Espiritismo é trazer a luz e a razão unidas em
prol do alívio e da compreensão social,
promovendo harmonia e paz entre almas. É
extremamente consolador compreendermos o motivo
por estarmos aqui, o que temos de apaziguar e os
desafios que percorreremos nesse caminho. A
função do jovem é, a partir de suas energias
mais recentes, espalhar toda essa intenção
revigorante.
Suas palavras finais.
Que saibamos aproveitar nossos talentos em
causas nobres, utilizar nossas energias a favor
do bem e canalizar nossos pensamentos em ondas
superiores, trabalhando e orando intensamente,
dando o melhor de nós pelo próximo e por nosso
burilamento interno. Tudo aquilo que está em
nosso círculo de controle deve ser desfrutado e
tido como responsabilidade sempre. Muita luz,
muita luz...
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