Natural do Rio de Janeiro (RJ) e atualmente
residente em Petrópolis (RJ), Andreia Bertholini
Rosadas (foto) é formada em Direito e
Geografia. Trabalha como servidora pública no
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro. Vinculada ao GECATI – Grupo Espírita
Casa de Tiago, na cidade onde reside e que
atualmente preside, nossa entrevista relata sua
experiência vivida anteriormente na Umbanda e
fornece-nos subsídios importantes para o devido
respeito que devemos ter uns para com os outros.
Como se tornou espírita e quando?
O "convite" foi feito pela mediunidade, que
aflorou aos 13 anos. Iniciei o desenvolvimento
mediúnico num Centro de Umbanda aos 18 anos,
onde durante muitos anos pude conviver com
Guias, Médiuns e todo o grande trabalho de
caridade que é desenvolvido nos Terreiros de
Umbanda. O contato com a Doutrina Espírita foi
quase concomitante, iniciando a leitura de
algumas obras espíritas e também o estudo da
Doutrina no Centro Espírita Maria Angélica, no
Rio de Janeiro.
O que mais lhe chamou atenção no conteúdo geral?
O consolo, a lógica e a Justiça Divina.
E como sentiu a percepção mediúnica em si mesma?
Absorvia os sentimentos de espíritos que estavam
próximos a pessoas conhecidas, amigos. Sensações
e sentimentos que não me pertenciam, com a
nítida impressão que vinham "de fora", pois não
estavam de acordo com os meus próprios
sentimentos e ideias.
Adentrando a Umbanda, como se sentiu na prática
propriamente dita?
A prática na Umbanda é muito séria e nos ensina
a ter um controle sobre a mediunidade, no
entanto também aprendemos a "trabalhar" com
nossa mediunidade. Há um grande respeito à
hierarquia e também aos Guias e isso é muito
importante para nosso aprendizado.
Quais as maiores lições colhidas na Umbanda?
Respeito, caridade, amor e devotamento.
E chegando à prática espírita, como administrou
a diferença?
Com muita tranquilidade, uma vez que estudei a
Doutrina Espírita antes de iniciar a prática
mediúnica num Centro Espírita e já contava com
um tempo bastante grande de experiência
mediúnica na Umbanda. E as "Entidades" ou
"Guias" não nos abandonam pelo fato de mudarmos
a "roupagem", nos acompanham e nos assistem e
amparam em nossas tarefas mediúnicas na Casa
Espírita. Como dizem os Amigos Espirituais: "tem
trabalho para todos em todos os lugares"
Quais as principais lições que pôde agregar com
o Espiritismo, depois da experiência umbandista?
Como na resposta anterior e com o ensino dos
nossos Amigos Espirituais, nós, encarnados, é
que criamos barreiras, sectarismo. Todo
trabalhador que se dispõe a servir em nome do
bem e do amor é bem-vindo. Portanto, na prática
mediúnica na Casa Espírita não temos preconceito
algum e unimos o estudo e a experiência
adquirida na Umbanda nos tornando mais
"próximos" dos Espíritos Amigos.
De que modo aquelas experiências anteriores lhe
foram úteis?
Nos trazendo a certeza de que a seara é muito
grande e todos os trabalhadores do Mundo Maior,
não importa o nome que trazem ou a falange a que
pertencem, são úteis. Aprendemos a respeitar
todas as manifestações. Aprendemos a ter carinho
e amizade por estes bondosos benfeitores.
Olhando a própria história, que lição maior
extrai das próprias vivências?
Que a mediunidade não é para pessoas
"especiais". Que é natural e assim deve ser
encarada por todos. Que devemos exercer a
atividade mediúnica com responsabilidade, mas
sem "ares" de excepcionalidade.
O que diria aos médiuns novatos ou inseguros e
mesmo aos mais maduros?
Trabalhem sem medo. Estudem a Doutrina Espírita.
Confiem nos Benfeitores e não esqueçam que cada
um de nós é um Espírito com uma vasta
experiência adquirida em muitas encarnações. Não
tenham medo de "errar". Confiem em Jesus e no
seu Mentor.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Devemos respeitar nossos irmãos da Umbanda e das
outras religiões de Matriz Africana, assim como
toda e qualquer religião e filosofia que se
dedique ao bem e ao amor. Antes de criticar,
buscar se esclarecer. Da mesma maneira que
desejamos ser respeitados, devemos também
respeitar e nos unir.
Suas palavras finais.
"Amor por Base, a Caridade por Princípio e a Fé
por Fim", esse é o lema da Umbanda. Que não
difere daquilo que o Espírito de Verdade nos
trouxe ao afirmar que "Fora da Caridade não há
salvação". E ainda o maior mandamento do nosso
Mestre Jesus: Amar a Deus sobre todas as coisas
e ao próximo como a si mesmo. Portanto vemos que
as diferenças e divergências são fruto ainda de
nosso orgulho. Trabalhemos para vencer esse
entrave na nossa evolução e busquemos viver a
Caridade na sua forma mais legítima e assim
seremos reconhecidos como verdadeiros Discípulos
de Jesus, por muito nos amarmos, independente de
crença ou qualquer outra diferença.
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