Para onde
estamos
caminhando?
“Concerta-te sem
demora com o teu
adversário,
enquanto estás a
caminho com ele,
para que não
suceda que ele
te entregue ao
juiz, e que o
juiz te entregue
ao seu ministro,
e sejas mandado
para a cadeia.
Em verdade te
digo que não
sairás de lá,
enquanto não
pagares até ao
último ceitil.
(Mateus,
5:25-26.)
Ao deparar-me
com este aviso
de Jesus, no
Evangelho
segundo Mateus,
de imediato a
minha mente foi
transposta para
a situação atual
vivenciada na
Terra, que a
todos nos
aflige, devido
às situações de
conflito grave
de que temos
conhecimento em
algumas regiões
do planeta.
Podemos apontar
as mais
mediáticas, como
a guerra entre a
Rússia e a
Ucrânia e os
conflitos no
Médio Oriente,
entre Israel e
as forças do
Hamas e do
Hezbollah, com a
invasão da
Palestina e do
Líbano. Mas não
são os únicos
pontos de
sensíveis,
infelizmente.
Parece que os
conflitos que se
têm arrastado ao
longo de
décadas, de
repente estão a
explodir com
mais vigor, de
uma forma
verdadeiramente
alarmante, pondo
em perigo não só
as zonas
afetadas mais
diretamente, mas
também, todo o
planeta, que
corre o risco de
ver eclodir uma
3ª guerra
Mundial, já que
por trás dos
conflitos estão,
é sabido, as
grandes
potências
políticas e com
maior poder
económico e,
consequentemente,
maior poder
bélico.
E porque
relaciono estes
factos dolorosos
com as palavras
do Mestre
mencionadas
acima?
É urgente que a
Humanidade faça
uma reflexão,
que ainda não se
dispôs a fazer,
até aos dias de
hoje. Para onde
estamos
caminhando? Para
onde queremos
levar este mundo
que habitamos
(temporariamente,
é certo, mas,
que, enquanto
isso, é a nossa
morada)? Por
quanto mais
tempo as
situações
conflituosas
terão de se
arrastar, quão
gravosas terão
ainda de se
tornar, até que
a Humanidade
terrena acorde,
reflita e encete
um novo rumo?
Estaremos
convencidos que
tudo se vai
resolver por
esta via de
guerra, ódio,
terror?
Exterminam-se os
grupos
terroristas (no
caso do Médio
Oriente) e com
eles, por
arrasto, uma
grande faixa de
população,
incluindo
crianças de
todas as idades.
Matam-se os
líderes e
ficamos
satisfeitos,
achando que é um
passo para a
desistência dos
revoltados. Em
revide,
atacam-se as
fações
contrárias e
espalha-se uma
nova onda de
terror. Luta-se
e revida-se, sem
tréguas,
esperando a
desistência,
pelo desalento e
esgotamento dos
meios dos
adversários, na
esperança de
conquistar mais
um pedaço de
território,
julgando-nos
proprietários da
Terra, que Deus
nos emprestou
para cuidarmos e
fazermos crescer
e evoluir e
crescer e
evoluir com ela.
Vãs ilusões! Vãs
ilusões em todos
os aspetos e sob
qualquer ângulo
pelo qual
analisemos a
questão.
Indubitavelmente,
são somos donos
de nada. Hoje
estamos aqui,
amanhã
regressaremos à
pátria
espiritual e,
num momento
seguinte,
poderemos
reencarnar no
mesmo país ou em
qualquer ponto
distante do
lugar que amamos
e pelo qual
lutámos. Por
outro lado, o
que tem sido
resolvido com o
recurso ao poder
bélico, às
guerras, à
destruição em
massa? Apenas o
agravamento da
dor, do
sofrimento
humano, ao
extremo dos
limites
possíveis, mais
destruição, mais
ódio, mais sede
de vingança,
mais fome, mais
doença, mais
empobrecimento
material e
moral.
Infelizmente,
até nas
situações mais
comuns do nosso
dia-a-dia,
continuamos a
pensar que
“morto o cão,
caba a raiva”.
Morto o líder, o
criminoso, o
assassino, o
aparente
causador do
conflito,
pensamos nós,
ingenuamente,
ficaremos
libertos do
problema. Por
isso, povos
tentam
exterminar-se
mutuamente; por
isso há
civilizações que
ainda recorrem à
pena de morte;
por isso se
cometem crimes
em revide de
crimes, pensando
que “matando” o
criminoso, o
conflituoso,
ficamos livres.
Como seria bom
se, mais
disseminado o
pensamento
espírita, ou
mais bem
compreendido o
verdadeiro
sentido moral do
cristianismo (e,
certamente de
outras religiões
também), a
Humanidade
entendesse que
aquilo a que
chama “morte”,
na realidade não
existe. Aqueles
a quem pensamos
infligir um fim,
em boa verdade,
são imortais.
Apenas passam de
um estado mais
materializado a
um outro mais
fluido, mantendo
a sua
personalidade,
carregando as
suas crenças
políticas,
religiosas,
interesses
territoriais,
conflitos,
agravados pela
sede de vingança
contra quem lhes
impôs uma
retirada em
momento tão
inoportuno
(segundo a sua
visão),
impedindo a
suprema
concretização
dos seus
objetivos.
É bom que
tenhamos a
profunda certeza
de que, ao
desencarnar, se
não levamos
connosco as
conquistas
materiais,
carregamos nos
ombros a mesma
sede de
conquista que
tínhamos na
Terra.
Carregamos os
mesmos ideais, o
mesmo caráter
conflituoso, a
mesma vontade de
lutar e impor as
nossas ideias,
se foi esse modo
de ser e estar
que cultivamos
na vida terrena.
Por outro lado,
após o
desencarne,
libertos da
condição
material que nos
acorrentava a um
corpo grosseiro,
adquirimos ainda
mais poder de
atingir
determinados
fins. É desse
modo que ocorrem
as obsessões e
as induções à
vingança e ao
crime, com que
tantos
desencarnados
continuam a
conduzir a vida
dos encarnados
mais desavisados
e invigilantes
que com eles
sintonizarem. Se
pudéssemos
presenciar o
lado espiritual
das zonas de
conflito e
guerra,
veríamos, para
além dos “vivos”
imersos no
conflito e na
dor, uma
imensidão de
vida espiritual
em ação
contínua: os
socorristas dos
planos
superiores e
benfeitores
espirituais, mas
também, em
grande número os
que, do plano
invisível
continuam a
“dirigir” as
operações, como
se ainda
fizessem parte
do mundo dos
“vivos” (muitos
deles achando
mesmo que ainda
fazem).
Podemos, em
suma, concluir
que, ao
pensarmos em
exterminar um
criminoso,
muitas vezes
estamos,
simplesmente, a
dar-lhe mais
força.
Analisemos,
ainda, um outro
aspeto: mais
cedo ou mais
tarde esses
espíritos irão
reencarnar. Em
que condições?
Se uns
reencarnam
arrependidos,
mais conscientes
e firmemente
resolvidos a
mudar de rumo e
contribuir para
o melhoramento
do estado de
coisas, muitos
retornarão
imbuídos do
desejo de
continuar a
lutar pelos seus
ideais e atingir
os objetivos que
não alcançaram
nas existências,
anteriores. E a
situação
conflituosa
continua,
quantas vezes
com os mesmos
intervenientes,
geração após
geração, até que
a Humanidade
acorde e tente
formas de
resolução
pacíficas, até
que o amor se
torne maior do
que o ódio, e
sejamos capazes
de ver para além
dos interesses
materiais que
nos acorrentam a
este mundo de
dor e
sofrimento.
Vivemos uma
época crucial da
evolução
terrena,
dizem-nos os
Benfeitores
espirituais;
vivemos o
momento da
colheita e da
escolha entre o
trigo e o joio.
Seria bom que,
como avisou o
Cristo,
tentássemos a
reconciliação
com o adversário
enquanto estamos
com ele a
caminho. Este
aviso serve para
os grandes
conflitos
mundiais, mas
serve, da mesma
forma, para os
nossos
“pequenos”
conflitos dentro
da família ou da
comunidade em
que nos
inserimos. E
serve ainda para
os nossos
conflitos
interiores.
Podemos, por
exemplo,
considerar o
adversário como
os hábitos e
defeitos que
ainda não
depuramos e que
temos de
combater
enquanto estamos
a caminho. Mas,
mesmo se
pensarmos a
nível dos
conflitos
mundiais, não
pensemos que
estamos
completamente
isentos de
responsabilidade.
Quando tomamos
partido, nos
revoltamos com o
que vemos nos
meios de
comunicação e
redes sociais,
criticamos,
maldizemos,
desejamos o mal
àqueles que, do
nosso ponto de
vista, são os
culpados,
estamos a viver
e reviver esses
mesmos
conflitos, quase
como se
estivéssemos
presentes.
Estamos a
sintonizar com
as forças
espirituais de
um ou outro lado
e a fortalecer
os seus recursos
maléficos. Pelo
contrário,
quando mantemos
a serenidade e
oramos, por
ambos os lados,
deixando ao Pai
e ao Plano
Espiritual
Superior os
julgamentos,
estamos a emanar
forças positivas
que muito
auxiliarão as
Forças do Bem
que trabalham
nesses lugares
do dor e
sofrimento, em
socorro dos
necessitados.
“Orai e vigiai”, disse
Jesus (Mateus,
26:41)
Maria de Lurdes
Duarte reside em
Arouca,
Portugal.