Tolerância e paciência
É muito fácil falar de
tolerância quando
estamos em paz com a
nossa consciência nas
relações com o nosso
semelhante. Delicado se
torna exercitar a
tolerância e a paciência
quando as questões que
nos cercam desafiam a
nossa boa vontade e
principalmente quando
não estamos em harmonia
com nós mesmos.
Neste mundo tão cheio de
desigualdades sociais,
às vezes, é difícil ser
altruísta e conseguir
realizar a caridade para
com pessoas que esperam
a solução de um
problema, sem terem um
movimento sequer de se
auto ajudarem.
Muitos estão mais
interessados em um
assistencialismo
disfarçado de caridade e
não na verdadeira ajuda
moral e material que
tantos precisam.
Principalmente nas
vésperas de grandes
acontecimentos, onde
prometem soluções
rápidas para antigos
problemas estruturais da
nossa sociedade.
Questões que não serão
resolvidas de uma hora
para outra!
Falar de certos
problemas é como voltar
no tempo, pois existem
situações que desafiam a
nossa História.
Independente de existir
uma questão espiritual
que venha a explicar a
permanência ou
arrastamento de um
problema. Difícil é
existir perseverança
para dar soluções para
certas questões.
Segundo Emmanuel o
caminho de se conquistar
valores da alma é um
processo longo e lento.
Principalmente quando
nos diz:
“Vive a tolerância na
base de todo o progresso
efetivo.
As peças de qualquer
máquina se suportam umas
às outras para que surja
essa ou aquela produção
de benefícios
determinados.
Todas as bênçãos da
Natureza constituem
larga sequência de
manifestações da
abençoada virtude que
inspira a verdadeira
fraternidade.
Tolerância, porém, não é
conceito de Superfície.
É reflexo vivo da
compreensão que nasce,
límpida, na fonte da
alma, plasmando a
esperança, a paciência e
o perdão com
esquecimento de todo o mal”. 1
A construção do
conhecimento, assim como
nosso processo de
Reforma Íntima é um
movimento lento e
progressivo do espírito.
Cada indivíduo evoluiu
em um ritmo diferente,
já que a mudança vai
implicar em reeducação
nossa enquanto espíritos
imortais.
Sabendo da diversidade
humana e suas questões
de superação, Emmanuel
por intermédio da
mediunidade de Chico
Xavier em diferentes
obras, nos ofertou
reflexões para
favorecerem nossa
capacitação individual,
como na obra O
Consolador, quando
escreveu:
Que é paciência e como
adquiri-la?
“É com a iluminação
espiritual do nosso
íntimo que adquirimos
esses valores sagrados
da tolerância
esclarecida. E, para que
nos edifiquemos nessa
claridade divina, faz-se
mister educar a vontade,
curando enfermidades
psíquicas seculares que
nos acompanham através
das vidas sucessivas...”2
Para ajudarmos o
semelhante, é necessário
antes nos ajudarmos,
conquistando valores
espirituais que nos
auxiliem a superarmos
nossas questões
pessoais. Isso é um
processo que pode
ocorrer antecipadamente
ou paralelo ao nosso
movimento de ajuda ao
semelhante.
“A verdadeira paciência
é sempre uma
exteriorização da alma
que realizou muito amor
em si mesma, para dá-lo
a outrem, na
exemplificação”.2
O processo de
burilamento e
autoconhecimento é
imprescindível para
nossa educação enquanto
espíritos imortais. Não
basta saber a verdade,
se faz necessário
colocá-la em prática no
nosso dia-a-dia.
A parceria entre o
exercício da tolerância
e a prática da paciência
é fundamental para
conseguirmos ajudar
pessoas necessitadas que
cruzam nosso caminho.
Emmanuel sempre procurou
enfatizar isso em suas
reflexões, até quando
utilizou exemplos
figurados para nos
ajudar a compreender
nossa realidade.
“O trânsito é uma escola
em que sobram aulas de
vigilância e
compreensão, justiça e
disciplina. Anotemos as
lições da estrada e
procuremos transferi-las
ao trânsito da vida em
que todos somos
chamados, nas trilhas do
tempo, ao relacionamento
comum”.3
A construção do
conhecimento para um
movimento de libertação
é um processo que vai
implicar renúncia e
renovação de
sentimentos. Para alguns
talvez seja mais rápido
do que para outros,
porém esse processo é
fundamental para nossa
evolução. Sem sombra de
dúvida vai implicar em
novas reencarnações,
onde o espírito em
questão terá de dar um
testemunho do seu desejo
sincero de
transformação.
Esse processo nos
permitirá entender na
essência o verdadeiro
sentido de caridade,
apresentada por Allan
Kardec, quando
conseguimos realizar
nossa Reforma Íntima ao
mesmo tempo que uma
renovação de atitudes e
emoções:
“Qual o verdadeiro
sentido da palavra
caridade, como entendia
Jesus”?
R: “Benevolência para
com todos, indulgência
para com as imperfeições
alheias, perdão das
ofensas. A caridade,
segundo Jesus, não está
restrita à esmola. Ela
abrange todas as
relações que temos com
os nossos semelhantes,
quer sejam nossos
inferiores, nossos
iguais ou superiores.
Ela nos ordena a
indulgência porque nós
mesmos temos necessidade
dela”.4
Referências:
1) Xavier,
Francisco Cândido; Pensamento
e Vida (1958); Cap.
25 – Tolerância; FEB.
2) Xavier,
Francisco Cândido; O
Consolador (1940); 2a Parte:
It. V - Evolução:
Virtude - p. 254; FEB.
3) Xavier,
Francisco Cândido; Amanhece (1976):
Segurança e Paz -
Paciência a Caminho;
GEEM.
4) Kardec,
Allan; O Livro dos
Espíritos; Cap. XI -
Da lei de justiça, de
amor e de caridade;
Caridade e amor do
próximo – p. 886; FEB.
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