Os
caça-fantasmas
Programa
televisivo de
sucesso no ano
de 2024, “Que
história é essa,
Porchat?” recebe
convidados da
população em
geral e
personalidades
do
entretenimento,
para ali narrar
histórias que
marcaram as suas
vidas, tudo com
muito humor
cotidiano,
enlaçado pela
hábil condução
do apresentador
Fábio Porchat.
No episódio que
foi ao ar em
abril de 2024, o
ator Murilo
Benício narra
que comprou um
imóvel da atriz
Adriana Esteves,
e que ao habitar
o imóvel,
percebe uma
constante
presença
espiritual, que
se manifesta de
diversas formas
ostensivamente,
e que o ator
apelidou
carinhosamente
de Hugo,
estabelecendo
ali uma relação.
Visivelmente,
causa espanto ao
público essa
relação do ator
com a entidade,
tentando
estabelecer uma
convivência
harmoniosa, o
que termina por
não ocorrer ao
final, vindo a
se dar com o
morador seguinte
da casa, que
aluga esta de
Murilo Benício,
sem saber da
existência do
espírito.
A nós espíritas,
que sabemos
desde cedo que
as nossas casas
são repletas de
espíritos, que
vão de
habitantes
originais a
espíritos
familiares, não
causa espanto,
ou pelo menos
não deveria, o
relato trazido
no programa.
Como disse
Kardec
sabiamente, os
espíritos não
são outra coisa
que não a alma
dos homens que
desencarnaram,
apenas em outra
conjuntura.
Mas, por vezes,
mesmo nós
espíritas agimos
de forma
diversa. A
feição dos
caça-fantasmas
do filme
estadunidense de
1984, comparamos
espíritos a
pragas que devem
ser erradicadas
de nossas casas,
como sugere a
própria estética
dos uniformes e
publicidade dos
protagonistas no
referido filme.
Cremos ser
necessários
dedetizar nossas
casas dessas
entidades.
O próprio
Espiritismo nos
indica que isso
não é possível e
que esses
espíritos estão
lá, naquele
ambiente, por
sintonia com as
pessoas daquela
residência,
muitas vezes por
conta de
questões de
vidas passadas,
e que são tão
filhos de Deus
como nós,
necessitando de
nossa ajuda pela
prece.
Mas, insistimos
nessa visão de
casa mal
assombrada
impregnada em
nós pelos filmes
e desenhos
animados, ainda
que contrarie
tudo o que diz a
essência da
doutrina.
Destaca-se a
naturalidade com
que o ator
Murilo Benício,
na narrativa,
constrói a sua
relação com a
entidade, o que
causa no público
surpresa. Tratou
como um
semelhante,
apenas em outra
condição. Não
teve medo ou
buscou soluções
mágicas de
exorcismo ou de
expulsão com
canhões de
prótons, na
alegoria do
filme dos
caça-fantasmas.
Infelizmente,
esse paradigma
de “em caso de
perigo, chame os
caça-fantasmas”
se transporta
para as reuniões
mediúnicas, nas
quais conversas
assumem tons
inquisitórios e
o foco é
expulsar
espíritos
sofredores de
casas, no
superdimensionamento
de organizações
das trevas que
tramam contra o
Espiritismo, a
casa espírita e
a pessoa, em um
discurso
embebido de
medo, que
termina por
gerar cenários
muito
dissonantes a
lógica do
Espiritismo.
O Espiritismo é
uma grande
mudança de
paradigma, de
enxergar as
coisas e seus
pressupostos.
Nos demanda um
amadurecimento,
um entendimento
maior da vida de
cá e de lá.
Entre o ator
brasileiro que
trouxe o
espírito para
uma relação
franca a ser
construída e o
imaginário
hollywoodiano
que busca
demônios a serem
combatidos,
devemos pensar,
à luz do
Espiritismo, que
visão temos
dessas relações
residenciais.