Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Deixe seu filho experimentar frustrações


As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos. Rubem Alves


Frustrar-se faz parte da vida. E isso precisa ocorrer desde o começo da vida…

Na verdade, apesar de parecer um sentimento decorrente de situações de fracasso, a frustração tem grande relevância para a constituição psicológica dos indivíduos. Aliás, é sabido que a frustração é cenário importante para desenvolvimento infantil.

Dentro de limites suportáveis, a falta (ou a desilusão) está associada ao desenvolvimento da capacidade de adiar gratificações, que é fundamental para o conviver ou a vida em sociedade.

Pais que tentam de todos os modos evitar a experiência da frustração para seus filhos acabam estimulando uma formação adaptativa deficiente. Ou seja, uma criança muito protegida ou cujos desejos sempre foram imediatamente satisfeitos pode ter dificuldades em lidar com a realidade da existência adulta e seus dilemas e desafios. Tornar-se-á muito frágil do ponto de vista emocional e pouco resiliente ante as exigências do cotidiano da vida.

Pais precisam entender que uma criança impedida de suportar frustrações, de conviver com desejos não atendidos, pode transformar-se em um adulto que desenvolve crises emocionais por razões triviais ou que se sente constantemente insatisfeito.

Alegria e satisfação de desejos são coisas distintas. Ao negar, por exemplo, o brinquedo durante o passeio, compreendendo que a criança tem direito a ficar chateada, os pais lhe dão a oportunidade de se tornar mais preparada para a vida, à medida que frustração significa falta, desprazer, espera. Além do mais, uma criança que foi inteligentemente frustrada não vai achar ruim ir para a cama no horário certo, cumprimentar as pessoas, comer novos alimentos, brincar com outras crianças etc. Adulta, será mais tolerante, mais satisfeita, mais agradecida e, por isso, mais capaz de apreciar as pequenas coisas…


Notinha

Pais precisam exercer sua autoridade, esclarecendo regras e limites. E exercer autoridade também tem a ver com o fato de o filho estar sujeito a pequenas frustrações cotidianas: de manhã, ele leva o prato para a pia, amarra os sapatos sozinho… Podemos pedir isso a uma criança sem precisar basear-se em explicação constante. A criança ainda não tem maturidade para dizer: “Eu sei quando tenho que ir para a cama, fazer o dever de casa, etc.”. Isso ela fará mais tarde, quando tiver autonomia…


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita