Webb
A
instalação na órbita da Terra em 2021 do telescópio
James Webb Space Telescope revolucionou nosso
conhecimento do universo, ressignificando o impactante
lançamento do telescópio Hubble em 1990.
Mais do que fotos bonitas a embalar a nossa timeline,
as descobertas do James Webb Space Telescope mexeram com
a nossa ideia de tamanho e data de criação do universo,
bem como outras questões que abalam teorias e certezas,
o que é natural no mundo da ciência.
Ser
espírita é ser vinculado a uma doutrina que dialoga com
essas descobertas e entende que tudo fica fazendo
sentido, na grandeza de um universo no qual a doutrina
indica que não estamos sós e que estamos distantes de
sermos os mais importantes ou a obra final da criação.
Essa visão da doutrina espírita de pluralidade dos
mundos habitados e que dialoga com a grandeza do
universo é pouco explorada nas produções espíritas, e
sobre ela assentam verdades inconvenientes sobre a raça
humana e seus “profetas”, sobre resquícios
antropocêntricos ou de crenças ainda recentes da Terra
ser o centro do universo. Risível, mas anda por aí nas
bocas ideias similares ainda.
Os
cálculos recentes estimam que nas mais de 100 milhões de
galáxias já identificadas haveria mais de 100 milhões de
estrelas em cada uma delas, o que pode ser traduzido,
segundo alguns astrônomos, em uma ordem de grandeza de
cerca de dez vezes o número estimado de grãos de areia
na Terra.
Uma
realidade que assusta, por mostrar a nossa pequenez, mas
ao mesmo tempo nos reconforta por vivenciarmos uma
doutrina que passados mais de 150 anos, ainda dialoga
com essas realidades, como bem tratado em O livro dos
espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo e A
Gênese.
Mas, apesar dessa realidade nítida, e que não é de
agora, nos prendemos, e isso se aplica a muitos
espíritas, em visões limitadas, segregacionistas, presos
a ilusões que desprezam o nosso papel no universo.
Buscando deuses encarnados e uma supremacia humana
irreal, ainda nos vemos, por vezes, pouco distantes dos
religiosos que quiseram queimar Galileu Galilei pelas
suas descobertas científicas, temerosos de como isso
abalaria as nossas verdades, presas de forma
descontextualizada a histórias de um mundo na palestina
de mais de dois mil anos, temerosos de olharmos para o
futuro a ser construído.
A
doutrina espírita nos convida a olhar para as estrelas,
mas também para viver a realidade terrena, do próximo
mais próximo. Ela articula a magnitude do universo com a
importância de um abraço, do presente e do passageiro,
da importância da hora atual e a grandeza da eternidade.
Olhar para o alto, para as estrelas, é captar o nosso
pertencimento nesse universo vasto e grandioso. A
doutrina espírita, surgida nesse espírito de compreender
o mundo sem medo, é uma boa luneta para olharmos as
constelações, os corpos celestes, para entender o que
nos cabe neste singelo planetinha azul.
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